Categoria: John Caputo

  • Princípio da Razão Suficiente [MEHT:47-49]

    O ponto de partida para nosso estudo do elemento místico no pensamento de Heidegger é o curso de palestras que Heidegger deu em Freiburg em 1955-56 e que ele publicou sob o título Der Satz vom Grund (GA10). O texto consiste em uma série de treze palestras do curso e um discurso de conclusão sobre…

  • esse-ens e ser-ente [HAOM]

    Do ponto de vista de São Tomás, o trabalho de Gilson é especialmente pertinente, pois ele defende a tese tomista sobre o ser historicamente. Com uma rara combinação de erudição histórica e insight filosófico (FS2 194), Gilson interpreta a história da metafísica como uma série de concepções mais ou menos distorcidas do que o ser…

  • Ser é Deus [MEHT:103-109]

    No “Prólogo” do Opus Tripartitum, Eckhart expõe a “primeira proposição” da qual, se formos cuidadosos, quase tudo o que se pode conhecer de Deus pode ser deduzido (LW, I, 168/85). A proposição é: ser é Deus (esse est deus). Ele não diz, como fez Tomás de Aquino, que Deus é ser (deus est suum esse),…

  • Do Desapego [MEHT:11-12]

    Do Desapego é uma tentativa de Eckhart de retratar o “desapego” (Abgeschiedenheit) como a mais elevada de todas as virtudes. O desapego é o ápice e a coroa das virtudes; se a alma possuir desapego, também possuirá todas as virtudes menores. O “desapego” não é uma das virtudes morais habituais de que os filósofos tradicionalmente…

  • Homem em Heidegger e Eckhart [MEHT:156-159]

    Nem Eckhart nem Heidegger falam de “homem”. Para ambos os pensadores, existe algo mais profundo dentro do homem, algo que não é meramente humano, que constitui a verdadeira dignidade e valor do homem. Para ambos, existe um terreno oculto onde reside o ser mais verdadeiro e a natureza essencial (Wesen) do homem. “Aqui está o…

  • Morada [MEHT:159]

    Com efeito, é porque Heidegger e Eckhart têm concepções tão semelhantes do verdadeiro ser do homem que cada um deles pode falar da necessidade de o homem “retornar” à sua essência mais íntima. Assim, para Heidegger, o Dasein é o próprio ser do homem pelo qual ele está sempre e desde o início relacionado ao…

  • Pai gera o Filho, imagem do Pai [MEHT:163-164]

    Vimos, além disso, que o processo pelo qual o Pai gera o Filho na alma é o processo de produção da sua própria “imagem”: “O Pai celeste traz em mim a sua própria imagem” (Q, 220,16-7/ Serm., 239). Recordamos que não bastava que o Filho fosse apenas como o Pai para ser Sua Imagem; também…

  • Deus:Criaturas :: Ser:Entes [MEHT:183-185]

    O último tema que destacamos para comparação é a relação entre o Ser e os entes em Heidegger e entre Deus e as criaturas em Meister Eckhart. Assim, ao lado da analogia central de proporcionalidade — Deus: alma :: Ser: Dasein — existe outra analogia que é quase tão importante — Deus: criaturas :: Ser:…

  • Ser como a rosa de Silesius [MEHT:189-191]

    O que não é dito no dito [de Angelus Silesius], e tudo depende disso, é antes que o homem, no fundo mais oculto da sua essência, é primeiro verdadeiramente, quando é à sua maneira como a rosa, sem porquê. (GA10, 72-3) A rosa sobre a qual Silesius escreve é ​​simultaneamente o modelo para Deus e…

  • “O olho que Deus me vê é o olho que O vejo” [MEHT:126-127]

    Quaisquer que tenham sido as intenções de Eckhart, suas expressões deram origem a uma longa tradição da “necessidade” divina do homem na tradição alemã. Entre os místicos, a necessidade que Deus tem do homem é encontrada em Jacob Boehme e em Angelus Silesius no The Cherubinic Wanderer, onde recebe sua expressão clássica: Deus não vive…

  • Cotidianidade [MEHT:160-161]

    Também é importante perceber, no entanto, que nem Eckhart nem Heidegger olham para a existência cotidiana com desprezo. Para ambos, o cotidiano não é desprezível, mas apenas “derivado”, repousando em bases mais profundas. Para Eckhart, a base da alma não é o oposto ou a contradição de suas faculdades, mas a raiz da qual elas…

  • Queda [MEHT:159-160]

    Heidegger também adverte sobre o perigo de ficar tão preocupado com [160] os negócios da existência cotidiana a ponto de esquecer a questão do Ser. De fato, na primeira vez em que Heidegger fez essa distinção em Ser e Tempo, usou uma expressão religiosa para descrevê-la: queda. O Dasein é “caído”, não de um estado…

  • Centelha da Alma [MEHT:158-159]

    Mesmo Meister Eckhart, na visão de Heidegger, não consegue entender que o homem é basicamente e fundamentalmente uma relação com o que é e que isso não é simplesmente algo “acrescentado” ao homem. Acredito que Heidegger esteja equivocado quanto a isso. Para Eckhart, a “pequena centelha” ou “base” da alma refere-se à “fonte” e à…

  • Objeto de Desapego é Nada [MEHT:15]

    Em outras palavras, na visão de Eckhart, está aberta ao homem interior a possibilidade de se elevar à contemplação da essência divina, seja por meio de uma forma ou ideia que lhe é diretamente implantada por Deus, seja por meio de uma forma completamente não-humana, cognição representacional (ohne Bilde). Por meio dos sentidos, o homem…

  • Desapego imóvel [MEHT:14]

    Através do desapego, a alma permite que Deus seja tudo, e deseja apenas deixar que a vontade de Deus seja cumprida por completo. Purifica-se para deixar que Deus habite diretamente nela. É por isso que Meister Eckhart cita São Paulo: “Eu vivo agora, não eu, mas Cristo vive em mim” (Gálatas 2:20). A doutrina de…

  • Desapego e humildade [MEHT:13-14]

    Deus vive num desapego imóvel de tudo o que foi criado, e a alma assimila-se a Deus, desligando as suas afeições – o seu “coração” – de todas as criaturas, incluindo até de si mesma. O mesmo tipo de argumento é apresentado contra a primazia da humildade. Pela humildade, o homem se abaixa diante das…

  • Desapego mais elevado que amor [MEHT:13]

    À maneira de um místico que é também um mestre escolástico – lembramos a observação de Heidegger no Habilitationsschrift sobre a unidade do misticismo e da escolástica na Idade Média – Eckhart nos fornece algumas provas da primazia do desapego. Assim, ele argumenta que o desapego é superior ao amor e à humildade. O amor…

  • Desapego: união mística [MEHT:13]

    O desapego é a chave para a união mística em Eckhart. É por isso que é superior a qualquer virtude moral. Pois as virtudes sempre têm a ver, de uma forma ou de outra, com as criaturas, ao passo que pelo desapego a alma se relaciona imediatamente com o próprio Deus. Existe uma regra de…

  • Aquele-que-aí-é imutavelmente [MEHT:12-13]

    Embora ocorram mudanças entre as criaturas, o próprio Deus permanece o mesmo, permanecendo em desapego imutável. Foi por esta razão que Deus disse a Moisés para dizer ao Faraó que “Ele que é” o havia enviado. “Isso é o mesmo que dizer”, comenta Eckhart, “que Ele que é aí imutavelmente [permanecendo] em Ele mesmo me…

  • Deus é “desapegado” [MEHT:12]

    Deus é “desapegado” para Eckhart porque Ele é a substância mais elevada e mais completamente “separada” possível – o ens separatissimum, se preferir. Ele é o mais completamente afastado da matéria e da particularidade. Deus não é “isto nem aquilo”, Meister Eckhart gosta de dizer. Ele não é um “ser” particular porque Ele é o…