Jacob Boehme – Reconhecer
Eu reconheço um Deus universal, sendo uma Unidade, e o poder primordial de Deus no universo; auto-existente, independente de formas, não necessitando nenhuma localidade para sua existência, incomensurável e não sujeito a compreensão intelectual de qualquer ente. Eu reconheço este poder de ser uma Trindade em Um, cada um dos três seres de igual poder, sendo chamados o Pai, o Filho e o Espírito Santo. Eu reconheço que o eterno poder deste princípio causou a existência do universo; que seu poder, em um modo comparável a um sopro ou dito (o Verbo, o Filho ou Cristo), irradiou de seu centro, e produziu os germes dos quais crescem as formas visíveis, e que neste Sopro ou Verbo (o Logos) está contido o céu interior e o mundo visível com todas as coisas existentes dentro deles.
“Todos aqueles que desejam falar ou ensinar os mistérios divinos devem possuir o Espírito de Deus. O homem deve reconhecer em si a luz divina da verdade, e nessa luz as coisas que ele deseja apresentar como sendo verdade. Ele nunca deve estar sem esse auto conhecimento divino, e nem fazer com que a força de seus argumentos dependa meramente do raciocínio externo ou de interpretações literais da Bíblia”. (Menschwerdung, I. I, 3).
“Parte da natureza da alma tem sua origem na natureza, parte em Deus. Na natureza há o bem e o mal; o homem, através de suas tendências pecadoras, tornou-se sujeito ao que é ígneo na natureza; sua alma tornou-se diária e a cada momento marcada pelo pecado. Portanto, o poder da alma de reconhecer a verdade eterna não é perfeita”. (Aurora, Prefácio, 100). 28
“Observe como toda vida, no mundo externo, atrai para si o seu alimento. Irás reconhecer como a vida origina-se da morte. Não pode haver vida sem que aquilo de onde a vida se expressa, surja em suas formas. Todas as coisas tem que entrar num estado de angústia para reter o raio de luz, e sem isso não haverá ignição”. (Menschwerdung, II. 5).
“Se você observar a terra e as pedras irá reconhecer que há uma vida ali; pois, se assim não fosse, não haveria nem ouro, nem prata, nem ervas, nem grama”. (Aurora, XIX 57).
“No que então a pobre humanidade deve acreditar? Não há como reconhecer o que é verdadeiro e o que é falso? Deve aceitar as doutrinas das Igrejas “Cristãs” ou do “Budismo esotérico”, ou de alguma teologia oriental, ou a dos “teosóficos”; deve a humanidade rejeitar todas elas, não ler mais nada e não cuidar senão de seu conforto temporal?
“O Homem-Cristo (aquele que se tornou um Cristo pelo Cristo que se faz homem) é Senhor de todas as coisas, e compreende em Si mesmo a totalidade da existência divina. Não há, portanto outro lugar onde reconhecer a Deus, exceto na substância de Cristo (em nós), porque Nele reside a substancialidade a plenitude da divindade”. (Questions, I 153).
“O nada, onde o demônio reside. A dúvida é a negação daquela fé que é Deus. É o resultado do egoísmo e da cegueira que não permite ao homem reconhecer a possessão do que ele já tem”. (Threefold Life, XIV 41).
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