Boehme: trevas

“Quando meu espírito, cheio de sofrimento, movimentando-se como que numa grande tormenta, sinceramente surgiu em Deus, carregando consigo todo o meu coração e minha mente, com todos os meus pensamentos e com toda a minha vontade; quando eu não podia mais parar de lutar contra o amor e a misericórdia de Deus, a menos que sua Benção descesse sobre mim — ou seja, a menos que Ele iluminasse minha mente com Seu Espírito Santo, para que eu pudesse compreender a Sua vontade e me livrar de minha dor, então a luz do Espírito rompeu das nuvens. Enquanto que em meu fervor, lutava poderosamente contra os portais do inferno, como se tivesse mais forças do que as que estavam em minha posse, desejando arriscar a própria vida (que teria sido insuportável, sem o auxílio de Deus); após duras lutas contra os poderes das TREVAS, meu espírito rompeu as portas do inferno, e penetrou a essência mais íntima da Divindade recém-nascida, onde foi recebida com grande amor, tal qual aquele oferecido por uma noiva ao receber seu amado noivo. As palavras não podem expressar a grande satisfação e triunfo que experimentei então; tampouco poderia comparar tal satisfação com qualquer outra coisa, senão com o estado no qual a vida nasce da morte, ou com a ressurreição do morto. Durante este estado, meu espírito imediatamente viu através de todas as coisas, e reconheceu à Deus em todas as coisas, até mesmo nas ervas e nas pragas, e soube o que era Deus e qual era a Sua vontade. Então, minha vontade cresceu rapidamente nessa luz, e recebi um forte impulso de descrever o estado divino.” (Aurora, XIX. 4).

“Se tenho que tornar compreensível a geração eterna, a revelação ou a evolução de Deus, fora de Seu próprio ser sou obrigado a usar uma maneira diabólica (sabidamente errônea), como se a Luz eterna tivesse se se inflama nas TREVAS, e como se a Divindafe tivesse um princípio. Não posso instrui-los de outra forma, se pretendo que vocês adquiram uma concepção aproximada da Divindade. Não há nada primeiro e nada depois na geração e evolução, mas ao descrevê-la tenho que colocar uma coisa depois da outra”. (Aurora, XXIII. 17-33).

“Aquilo que é tranquilo e sem ser, repousa em si mesmo, não contém as TREVAS, mas é uma felicidade lúcida, clara e calma. Isso é, pois a eternidade, sem nada mais, e significa acima de tudo Deus. Mas como Deus não pode existir sem um ser, Ele concebe em Si mesmo uma vontade, e essa vontade é amor”. (A Vida Tríplice…, II 75).

“A majestade de Deus não se revelaria com todo poder, alegria e magnificência, se não fosse pela atração causada pelo desejo. Do mesmo modo, não haveria luz, se o desejo não fosse penetrante e obscurecedor, criando um estrado de TREVAS, que cresce até que ocorra a ignição do fogo”. (Grace, II. 14)

“A Luz e as TREVAS são opostas, mas há entre elas um vínculo, de modo que nenhuma poderia existir sem a outra”. (A Vida Tríplice…, II. 86)

“Em Deus há dois estados, eternos e sem fim, a luz eterna e as TREVAS eternas. A luz é Deus, e nas TREVAS não haveria dor se não fosse pela presença da luz. A luz faz com que as TREVAS anseiem pela luz e com isso sofra a angústia”. (Três Princípios…, IX.30)

“A vida-luz tem seu impulso e movimento próprio, assim como o fogo-vida; mas esse gera a primeira, que é o senhor da segunda. Se não houvesse fogo, não haveria nem luz, nem espírito; e se não houvesse espírito para soprar sobre o fogo, esse seria extinto e as TREVAS governariam. Nenhum dos dois seria nada sem o outro; ambos são dependentes um do outro”. (Quarenta Questões…, I. 62).

“A fonte do amor é uma detentora e mantenedora da corrente colérica, um superar do poder áspero, pois a brandura afasta o comando do poder duro e pungente do fogo. A luz da paz mantém as TREVAS aprisionadas e reside nas TREVAS. O poder rigoroso deseja unicamente o colérico e o aprisionamento na morte; mas a brandura emerge como um doce crescimento, ela desabrocha e supera a morte, dando a vida eterna”. (A Vida Tríplice…, II 92).

“O desejo é uma qualidade (contrativa) atraente, adstringente e ácida. É um poder ativo, e sem ele nada haveria senão tranquilidade. Ele se contrai e se preenche de si mesmo; mas aquilo que é atraído constitui nada mais do que TREVAS, um estado que é mais compacto que a vontade original, sendo essa tênue como um nada, depois se torna plena e substancial”. (A Vida Tríplice…, II. 12).

“O Desejo, sendo uma forte atração, causa a liberdade etérea , que é comparável a um nada, para contrair e entrar num estado de TREVAS. A vontade primitiva deseja ser livre das TREVAS, pois deseja a luz. A vontade não pode reter essa luz, e quanto mais ela deseja a liberdade maior será a atração causada pelo desejo”. (Seis Pontos Teosóficos…, I 38).

“Deve haver uma oposição, pois a vontade não deseja ser TREVAS, e este mesmo desejo causa as TREVAS. A vontade ama o excitamento causado pelo desejo, mas não ama a contração e o obscurecimento. A vontade propriamente dita não se torna obscura, apenas o desejo que nela existe. O desejo está nas TREVAS, e, portanto uma grande angústia resulta dentro da vontade, na medida em que o desejo pela liberdade se fortalece, mas por esse desejo torna-se mais áspera e obscura”. (Quarenta Questões…).

“O fogo é originalmente, TREVAS, aspereza, frio eterno e secura, e não há nada nele, senão uma fome eterna. Como então se transforma em fogo? O Espírito de Deus, em seu aspecto de luz eterna, vem em auxílio da fome-ígnea. A fome origina-se da luz, porque quando o poder divino espelha-se nas TREVAS, essas se tornam cheias de desejo da luz, e esse desejo é a vontade (da natureza eterna). Mas a vontade ou o desejo na secura, não podem atingir a luz, consistindo então de angústia e súplica pela luz. Essa angústia e essa súplica persistem até que o Espírito de Deus entre como que um raio de luz”. (Três Princípios…, XI.45).

“A liberdade por meio da vontade eterna alcança as TREVAS, essa alcança a luz da liberdade, mas não pode retê-la. A vontade aprisiona-se pelo próprio desejo que há em si, tornando-se TREVAS. Dessas duas coisas, ou seja, da impressão de TREVAS e do desejo da luz ou liberdade, que é direcionado para as TREVAS, resulta o raio de luz nas TREVAS, a condição primitiva do fogo. Mas como a liberdade é um nada, e portanto inapreensível, não pode reter a impressão. Assim, a impressão entrega-se à liberdade; essa, por sua vez, devora a natureza obscura da impressão. Assim, a liberdade governa nas TREVAS, e não é compreendida por ela”. (Assinatura…, XIV. 22).

“Quando o fogo e a luz espirituais são acesos nas TREVAS (tendo, contudo, queimado desde a eternidade), o grande mistério do poder e do conhecimento divino revela-se eternamente ali, porque no fogo todas as qualidades da natureza aparecem exaltadas na espiritualidade. A natureza permanece o que é, mas a sua expressão, ou seja, aquilo que ela produz, torna-se espiritualizado. A vontade obscura é consumida no fogo, expressando com isso o puro espírito-fogo, penetrado pelo espírito-luz”. (Clavis, IX. 64).

“O mysterium magnum é o Caos de onde se origina o bem e a mal, luz e TREVAS, vida e morte. É o fundamento ou ventre de onde emanam almas, anjos e todos os tipos os outros tipos de seres, e onde estão contidos como numa causa comum, comparável à uma imagem que está contida num pedaço de madeira antes que o artista a corte”. (Clavis, VI 23).

“No céu, no mundo espiritual, existem as mesmas qualidades do mundo terrestre; mas elas não se encontram manifestadas de forma tão furiosa (grosseira), mas num estado superior, assim como as TREVAS estão absorvidas pela luz”. (Mysterium, X..7). 54

“No raio de luz, a quarta forma da natureza, está a origem da vida, ela contém a perfeição na constância do fogo. Aqui, no objeto da divisão, nasce o espírito, que pode voltar e penetrar com sua imaginação em sua mãe, o mundo de TREVAS, ou ir em frente, e através da morte afundar-se na angústia do fogo, e explodir na vida. O espírito é livre, e, portanto cada um desses dois caminhos estão dentro de sua escolha”. (Pontos Teosóficos, VII. 2).

“A vida da criatura eterna era em seu princípio inteiramente livre, porque estava em temperatura harmoniosa e apropriada. Os anjos foram criados pelo céu, e mesmo se o mundo de TREVAS, com o reino da fantasia estivessem contidos ali, era numa condição latente, e não manifesta. Pela ação da vontade livre nos anjos caídos o mundo das TREVAS tornou-se objetivo neles; porque estavam inclinados para a fantasia (especulação), e consequentemente essa tomou posse deles, surgindo em essência”. (Graça, IV. 45).

“A qualidade adstringente foi a primeira assassina, ao perceber que o ser gerava uma bela luz, ela se contraiu de forma ainda mais dura do que quando Deus a criou. A segunda qualidade, a segunda assassina, partiu com grande força para a qualidade adstringente, como se quisesse transformar seu corpo em pedaços. O calor ou o terceiro espírito assassino matou sua mãe, a água doce. O som surgiu tão furioso que soou como um divindade; o fogo surgiu como um terrível raio de luz. Assim, o corpo todo se transformou num vale escuro; não houve conforto, nem ajuda. O amor transformou-se em inimigo, e o anjo da luz tornou-se um escuro demônio de TREVAS”. (Aurora, XIV. 19-25).

“O céu está no inferno, e o inferno está no céu, e, no entanto, nenhum deles está revelado ao outro. Mesmo se o demônio estivesse viajando por muitos milhares de quilômetros, a fim de chegar ao céu, ele permaneceria sempre no inferno. Assim, os anjos não enxergam as TREVAS; eles só enxergam a luz do poder divino; mas os demônios só enxergam as TREVAS da cólera de Deus”. (Mysterium, VIII. 28).

“Como os demônios, levados pela concepção e devassidão, incendiaram-se a si próprios, foram completamente expulsos da geração da luz, e não podem concebê-la ou compreendê-la em toda eternidade. No entanto, a habitação de Lúcifer ainda não está completada, porque em todas as coisas nesse mundo ainda há amor e cólera residindo juntas, batalhando uma contra a outra. Aquelas coisas ou seres ainda não perceberam a luta da luz, mas somente a luta das TREVAS”. (Aurora, XVIII.32).

“Quando o Verbo eterno se movimentou, por causa da malícia de Lúcifer, e a fim de expulsar esses parasitas demoníacos de sua residência, rumo as TREVAS eternas, a essência se compactou (coagulou). Deus não queria mais deixar os poderes manifestados sob o comando de Lúcifer, no lugar em que reinava como um príncipe, e fez com que penetrassem um estado de coagulação, guspindo-os em seguida para fora de ali”. (Mysterium, X.13).

“Assim, as TREVAS permaneceram na qualidade da cólera, na substância da terra e em toda profundidade desse mundo; e na substância da luz, a luz da natureza do céu, ou seja, da quinta essência, surgiu aquilo do que a constelação foi criada. Essa essência está em todo lugar, na terra e acima da terra” (Aurora, XII. 15).

“Até o terceiro dia depois da ignição da cólera de Deus no mundo, a natureza permaneceu na ansiedade, e era um vale de TREVAS na morte; mas no terceiro dia, quando a luz das estrelas começou a se acender na água da vida, a vida rompeu a morte, e uma nova geração teve início”.(Aurora, XXIV. 41).

“Depois que o céu foi feito, para a distinção entre a luz de Deus e o corpo corrupto deste mundo tudo mudou; o mundo corrupto era uma vale de TREVAS, sem luz, onde todos os poderes encontravam-se capturados, como que na morte; era uma situação muito difícil, até que se tornasse iluminado no meio de todo o corpo. Mas quando isso ocorreu o amor na luz de Deus rompeu aquele céu da divisão e acionou o calor”. (Aurora XXV 68).

Deus, a luz eterna e a vontade eterna, brilha nas TREVAS e as TREVAS capturaram a vontade (recebeu sua atividade). Nessa vontade surgiu a ansiedade, e nela está o fogo, e no fogo a luz. Assim, as estrelas foram produzidas do fogo; o sol, do poder dos céus”. (Três Princípios… VIII. 22).

“No tempo da criação de uma nova luz, o sol foi despertado nesse mundo tornado corrupto por Lúcifer, o que afastou o esplendor do demônio. Ele foi enclausurado nas TREVAS como um prisioneiro, entre o reino de Deus e o reino deste mundo; ele não tem mais o que governar nesse mundo, exceto na Turba, onde a cólera e a fúria de Deus estão despertadas”. (Encarnação de Cristo…, I. 2).

“As TREVAS no homem que deseja a luz, é o primeiro princípio; o poder da luz, o segundo; e o poder desejante que atrai e se torna pleno (substancial), e onde o corpo material cresce, é o terceiro princípio”. (Três Princípios… VII 26).

“A corporalidade santa interior do elemento puro penetrou os quatro elementos e manteve consigo o Limo da terra, ou seja, o corpo sulfúrico (terrestre) exterior, como num estado de absorção; este corpo estava realmente presente, mas do mesmo modo que as TREVAS habitam na luz, não podendo manifestar-se, por causa da luz”. (Mysterium, XVI. 6).

“A luz e o poder da luz é um desejo, e quer possuir a nobre imagem feita à semelhança de Deus, porque foi criada para o mundo da luz. O mundo das TREVAS ou a cólera aguda deseja o mesmo, pois o homem tem todos os mundos em si, e há uma grande batalha ocorrendo dentro dele. Aquele princípio com o qual ele se identifica em seu desejo e vontade, é o que o governará”. (Tilk I 38 I).

“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o mundo de TREVAS tinha um desejo diferente daquele do mundo de luz; da mesma forma, o mundo externo tinha um desejo diferente daquele do mundo de TREVAS e do mundo de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu desejo eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em Adão, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).

“A previsão divina reconheceu que o demônio estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no desejo demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a árvore da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do mundo de TREVAS”58 (Mysterium, XVII 38).

“O santo Verbo de Deus, após a Trindade da Divindade insondável, concedeu à inteligência ígnea da alma o mandamento: ‘Não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal; se assim o fizerem irão morrer na imagem de Deus, no mesmo dia’. Quer dizer, ‘a alma ígnea irá perder sua luz; a mortalidade, qualidade do mundo de TREVAS, do centro dos três primeiros princípios, irá se aproximar e se manifestar na árvore, engolindo o Reino de Deus’” (Grace, VI 17).

“O terceiro princípio, ou o mundo elemental visível é uma espécie de produto do primeiro e segundo princípios, produzidos pelo movimento e respiração do poder divino e da vontade divina. Nisso está figurado o mundo espiritual segundo a luz e as TREVAS, e trazido a uma condição criada (objetiva)”. (Tabulae Principice, 5).

“O mundo externo foi soprado do mundo santo e do mundo de TREVAS. Ele é, portanto, bom e mal, amor e cólera; mas, comparado com o mundo espiritual, não passa de uma fumaça ou neblina”. (Mysterium III 10).

“A palavra movimentou o Fiat em todas as formas da natureza eterna, na harmonia com o mundo de luz e o mundo das TREVAS; assim, o desejo da qualidade dos dois mundos passaram a existir. Isso fez com que o bem e o mal tivessem sua origem na essencialidade, e através disso foi criado o mundo visível externo, com as estrelas e elementos como uma vida particular”. (Cons. Stiefel…, I 31).

“Esse mundo terrestre está baseado no mundo das TREVAS, e se o bem não estivesse também corporificado ali, não haveria outro feito senão o do mundo das TREVAS; mas isso é evitado pelo poder divino e pela luz do sol”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 17).

“Tudo o que é poderoso na essência do mundo santo está oculto na cólera e na maldição de Deus na qualidade do mundo de TREVAS; mas floresce através do poder do sol e da luz da natureza externa através da maldição e da cólera”. (Mysterium, XXI 8).

“Há animais peçonhentos e vermes crescendo da qualidade colérica, formados depois do centro do mundo de TREVAS. Eles amam habitar unicamente nas TREVAS, e se escondem da luz. Além do mais, há muitas criaturas formadas pelo spiritus mundi a partir do reino da fantasia, tais como macacos, certos animais e pássaros, que adoram pregar peças, atormentar e perturbar outras criaturas, de modo que um é inimigo do outro, e estão sempre brigando. Por outro lado, há também criaturas boas e delicadas, feitas segundo modelos do mundo angélico, tais como os animais mansos e os pássaros: entre eles, contudo, encontra-se também os de má qualidade”. (Grace, V 20)97.

“Aquilo que as pessoas maliciosas deste mundo fazem, dentro de sua malignidade e falsidade, também é feito pelo demônio no mundo das TREVAS”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 18).

“Se a matéria deste mundo (o imaginário da natureza externa) fosse rompida, como será um dia, no futuro, a alma permaneceria na morte eterna, nas TREVAS. A bela criatura (a imagem viva) seria capturada pelo reino do inferno, e o demônio triunfaria sobre ela”. (A Vida Tríplice…, VIII 38).

“Para o espírito humano (como tal) seria impossível sair da tormenta de angústia e penetrar a região do céu; Deus teve que surgir novamente, no seio da humanidade e ajudar o espírito humano a romper as portas das TREVAS, a fim de poder penetrá-lo (revestido) de poder divino”. (A Vida Tríplice…, XXI 21).

“A alma de Adão havia se afastado de Deus e morrido com relação a essencialidade da luz. O segundo Adão trouxe novamente a alma para o fogo, ou seja, na fonte da cólera, e acendeu novamente a luz na morte. A luz foi portanto novamente manifestada nas TREVAS, e a morte morreu, e para a cólera ou inferno foi criada uma praga”. (Tilk I. 513).

“Como nos afastamos da liberdade do mundo angélico e adentramos a tortura escura, o poder e o verbo da luz tornou-se homem, e nos conduziu para fora das TREVAS, através da morte no fogo para a liberdade da vida divina, na essencialidade divina. O Cristo tinha que morrer e penetrar a essencialidade divina através do inferno e através da cólera da natureza eterna, para abrir um caminho para a nossa alma através da morte e através da cólera, onde devemos entrar com Ele pela morte, na vida divina”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 7).

“O Verbo tomou nossa própria carne e sangue na essencialidade divina, e quebrou o poder que nos mantinha aprisionado na cólera da morte e fúria. Ele quebrou aquele poder na Cruz, ou seja, no centro da natureza (a quarta forma natural, cujo símbolo é a Cruz), e inflamou novamente em nossa alma (que havia se tornado TREVAS) um fogo-luz branco e ardente”. (Encarnação de Cristo…, II 6 9 ).

“Tudo o que seduziu e tornou Adão prisioneiro, na morte das TREVAS, foi oferecido ao Salvador na ocasião da tentação”. (Assinatura…, VII 46).

“A morte estava lutando com o homem externo (com a vida do), pensando que agora, a alma deveria permanecer na Turba; mas havia um forte poder na alma, ou seja, o Verbo de Deus. Esse verbo capturou a morte e a destruiu, extinguindo a cólera. Trava-se de um grande veneno para o inferno quando a luz o penetrou, e o Espírito de Cristo aprisionou o demônio, conduzindo-o da alma-fogo para as TREVAS, trancando-o ali, na dureza colérica e no amargor”. (Quarenta Questões…, XXXVII 13 — 15).

“Como as prisões do mundo de TREVAS deveriam ser destruídas na morte de Cristo, a terra tremeu e o sol se tornou negro, simbolizando que, como a luz eterna havia renascido, a luz temporal havia que deixar de existir”. (Grace, VII 8).

“’Cristo significa um penetrador; o ato de afastar o poder da cólera; a iluminação das TREVAS pela luz; a transmutação (na alma do homem), pela qual a satisfação do amor rege sobre o brilho do fogo em seu aspecto colérico; a superioridade da luz sobre as TREVAS”. (Assinatura…, VII 32).

“Observamos o mundo eterno com suas estrelas e os quatro elementos onde vivem os homens e todas as criaturas. Isso não é Deus, e não é chamado de ‘Deus’. Deus habita ali, mas a essência do mundo externo não O compreende. Da mesma forma, a luz brilha nas TREVAS, e as TREVAS não a compreende”.

Deus habita no mundo e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas TREVAS, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o mundo externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, mundo e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas TREVAS de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas TREVAS, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas TREVAS, então as TREVAS deixam de ser TREVAS; e se as TREVAS surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As TREVAS eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o mundo das TREVAS eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro mundo, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste mundo de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro mundo onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o mundo visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“A pobre alma aprisionada, encerrada nas TREVAS da morte, é um fogo mágico faminto, que atrai da encarnação de Cristo, a substancialidade reaberta de Deus, e deste engolir ou nutrição, produz um corpo similar ao da Divindade. Assim, a pobre alma será revestida com um corpo de luz, comparável ao fogo de um pavio”. (Cartas, XI 21).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as TREVAS do mundo, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“Há dois tipos de vontade a serem distinguidas na constituição do homem. Uma surge com o lírio e cresce no reino de Deus; a outra afunda nas TREVAS da morte e desejos pela terra, sendo ela sua mãe. Essa irá lutar contra o lírio, constantemente, e o lírio voa para longe de sua aspereza. Um broto cresce da terra, e assim a substância da qual é formada voa da terra e é atraída para a luz do sol até se tornar uma planta ou uma árvore. Então o Sol divino atrai o lírio humano, ou seja, o novo homem em seu poder, fora da substância do demônio, até que ele finalmente se torne uma árvore no reino de Deus. Ele deixa a árvore má ou a casca cair na terra, sua mãe que tanto busca, para deixar crescer a nova árvore”. (Encarnação de Cristo…, XI 8).

“Para o piedoso, a luz surge das TREVAS e o dia da noite. Para eles a fortuna resulta do infortúnio, e da maldição e da malícia deste mundo cresce para eles o paraíso. São Paulo diz: ‘Para aqueles que amam à Deus, tudo acontece para o melhor’”. (Mysterium , LXVI).

“No fim, todas as coisas devem ser uma e a mesma coisa para o homem. Ele deve ser um com a fortuna e com o infortúnio, com a pobreza e com a riqueza, com a alegria e com o pesar, com a luz e com as TREVAS, com a vida e com a morte. O homem passa então a ser um nada para si mesmo, pois está morto com relação a tudo em sua vontade. Deus está em tudo e através de tudo, e, no entanto, Ele é um nada, e nada pode compreendê-Lo. Tudo se torna manifestado através Dele, e Ele próprio é tudo. No entanto ele nada tem (objetivamente), porque aquilo que está diante Dele, nada é em sua compreensão, pois não O compreende. Este será o estado de uma pessoa segundo sua vontade submetida, caso ela se renda totalmente à Deus. Então sua vontade irá recuar para a vontade insondável de Deus, de onde surgiu no princípio, adquirindo a forma da vontade insondável, onde Deus reside e realiza Sua vontade”. (Mysterium, LXVI).

“Cada um precisa simplesmente examinar sua própria qualidade e ver em que direção é carregado pela sua vontade. Então saberá a que reino pertence e se é realmente um homem (na imagem de Deus), como ele fantasia ou pretende ser, ou uma criatura do mundo de TREVAS, um cachorro raivoso, um pavão vaidoso, um macaco luxurioso ou uma cobra venenosa. Se, então, a essência dos quatro elementos o deixarem na morte, nada irá permanecer com ele senão a consciência interna, má e envenenada”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 37).

“O mesmo verbo eternamente gerado e pronunciado manifesta-se no céu — ou seja, no poder da luz — como uma sabedoria santa (deleite), como no inferno, nas TREVAS, onde se manifesta como chamas de tormento”. (Mysterium, LXI 31).

“A oração dos vivos para os mortos são úteis na medida em que os que oram sejam verdadeiros Cristãos (em seus corações), num estado de regeneração. Se a pobre alma não se tornou inteiramente brutalizada num verme ou animal, mas se ela ainda penetra em Deus com seu desejo, estando, portanto conectada à Ele pelo fio da regeneração, e se a alma-espírito daqueles que oram, juntamente com a pobre alma volta-se para Deus em fervoroso amor, então a primeira irá auxiliar a segunda no combate contra os elementos das TREVAS e romper as correntes do demônio. Isso é especialmente possível na hora”da separação do espírito do corpo, e eminentemente no caso de pais, filhos ou parentes de sangue; pois entre aqueles que estão ligados entre si pelo sangue as tinturas entram mais facilmente na harmonia necessária (co-vibração), e então o espírito fica mais propenso a entrar na batalha, havendo mais facilidade de conquistar do que se apenas estranhos estiverem presentes. Tudo isso é porém inútil, a menos que estas pessoas estejam, elas próprias num estado de regeneração, pois um demônio não pode destruir a outro. Se a alma do moribundo está inteiramente separada daquilo que a liga a Cristo, e se ela não alcança por seus esforços próprios está ligação. as orações dos outros não valem de nada”. (Três Princípios…, XIX 55).

“Se as três primeiras qualidades possuem sua superioridade no princípio das TREVAS, então as outras qualidades estão adormecidas em seus centros; e todas as sete são más”

“Se as três primeiras qualidades possuem sua superioridade no princípio da luz e nascem do centro de TREVAS, então possuirão em si a natureza da luz. Todas as sete serão boas”:

“Isso compreende as quatro qualidades, de onde surge a vida; mas, não tem seu princípio no centro, como o Phur, mas de acordo como a carne-ígnea, no terror da qualidade das TREVAS”. (A Vida Tríplice…, II 42).

“Naquela qualidade em que cada palavra na voz humana no ato do pronunciamento se forma e se manifesta, até no amor de Deus, assim como nos santos Ens, ou na cólera de Deus; na mesma qualidade ele irá ser tomado novamente, após ter sido pronunciado. A palavra falsa torna-se infectada pelo demônio, e selada pelo (futuro) detrimento, e é recebida no Mysterium da cólera, como na qualidade do mundo de TREVAS. Cada coisa retorna com seu Ens para aquele lugar de onde teve sua origem”. (Mysterium Magnum, XXII 6).