Boehme: mundo

“Quando a razão externa comanda as coisas deste MUNDO; como o infortúnio recai sobre o piedoso e o descrente, e como todas as coisas estão condenadas à morte e à destruição — se a razão acreditar que nada salvará o virtuoso do pesar e da dor, mas que tanto ele, como o fraco entra, dolorosamente, no vale da morte, então a razão do homem pensa que todas as coisas se devem ao puro acaso, e que não há Deus para cuidar daqueles que sofrem”. (Contemplation, I,1).

“Ó, quão perto está Deus de todas as coisas. No entanto, nada pode compreendê-lo, a menos que esteja tranquilo e entregue sua vontade própria à Ele. Se isso for realizado, então a vontade de Deus estará agindo através da instrumentalidade de todas as coisas, como o sol que age por todo o MUNDO”. (Mysterium Magnum…, 45).

“Por que não podemos ver a Deus? Este MUNDO e o demônio (bem pervertido) na cólera de Deus nos impedem de ver com os olhos de Deus. Não há outro impedimento. Se alguém diz: ‘Não posso ver nada divino’, precisa compreender que a carne e o sangue e as artimanhas do demônio (desejos pervertidos) consistem um obstáculo e impedimento para ele. Se ele pretende penetrar a nova vida, caminhar sob a cruz de Cristo, é preciso ter certeza de ver o Pai, seu redentor, o Cristo e também o Espírito Santo”. (Encarnação de Cristo…, II,7).

“O único e verdadeiro caminho através do qual Deus pode ser percebido em Sua Palavra, Essência e Vontade, é quando o homem alcança um estado de unidade consigo mesmo, e quando — não só em sua imaginação, mas em sua vontade, possa deixar tudo o que é eu pessoal, ou o que pertence ao eu: dinheiro e bens, pai e mãe, irmão e irmã, esposa e filhos, corpo e vida, quando o seu próprio eu se transforma num nada. Ele deve entregar tudo e se tornar mais pobre que um pássaro no ar, que possui um ninho. O homem não deve ter um ninho para o seu coração neste MUNDO. Não que se deva fugir de casa, abandonar esposa, filhos ou parentes, cometer suicídio, ou jogar fora suas propriedades, a fim de não estar corporalmente presente; deve-se matar e anular a vontade própria, aquela que clama por todas essas coisas como sua possessão. O homem deve entregar tudo isso ao seu Criador, e dizer com todo consentimento de seu coração: ‘Senhor, tudo é seu’! Sou indigno de governar tudo isso, mas como Tu me colocastes ali, devo cumprir meu dever entregando minha vontade a Ti, de forma total e completa. Aja através de mim da forma que quiseres, a fim de que a Sua vontade seja feita em todas as coisas e em tudo que eu seja chamado a fazer para o benefício de meus irmãos, a quem sirvo segundo o teu mandamento. Aquele que penetra neste estado de resignação suprema entra em união divina com Cristo, a fim de ver ao Próprio Deus. Ele fala com Deus e Deus fala com ele, ele sabe qual é a Palavra”, a. “Essência, e a Vontade de Deus”. (Mysterium, XLI. 54-63).

“O Cristo diz: O Filho do Homem não faz nada além do que vê o Pai fazendo. Se o Filho do Homem tornou-se o nosso corpo e Seu espírito o nosso próprio espírito, seria possível não conhecermos à Deus? Se vivemos no Cristo, o Espírito de Cristo verá através de nós e em nós aquilo que deseja, e aquilo que o Cristo deseja veremos e conheceremos Nele. O MUNDO dos anjos é mais simples e mais claramente compreensível para o homem regenerado do que o MUNDO terrestre. Ele também vê no céu, e observa a Deus e a eternidade”. (Encarnação de Cristo…, II. 7,3).

“A nossa visão e o nosso conhecimento estão em Deus. Ele revela a todos neste MUNDO, segundo a Sua vontade, e na medida em que sabe ser útil para ele. Não estamos em possessão de nosso próprio ser. Nada sabemos sobre Deus. O Deus Propriamente dito é o nosso conhecimento e visão. Não somos nada, a fim de que Ele possa ser Tudo em nós. Devemos ser cegos, surdos e mudos, e não saber nada, não tomar conhecimento de vida que seja propriedade nossa, a fim de que Ele possa ser a nossa vida e a nossa alma, e a fim de que nossa obra possa ser a Sua”. (Encarnação de Cristo…, II. 7,9).

“Não sou um mestre da literatura ou das ciências deste MUNDO, mas um homem de mente simples. Nunca desejei aprender ciência alguma, mas desde tenra idade busquei a salvação de minha alma, e descobrir como poderia herdar ou possuir o reino do céu. Encontrei em meu interior um poderoso contrarium, ou seja, os desejos pertencentes ao corpo e ao sangue; Ingressei numa árdua batalha contra a minha natureza corrupta, e com o auxílio de Deus, decidi superar a vontade demoníaca que havia herdado, vencê-la e penetrar totalmente no amor de Deus no Cristo. Daquele momento em diante, resolvi considerar-me como um morto quanto a minha forma herdada, até que o Espírito de Deus tomasse forma em mim, para que Nele e através Dele, pudesse conduzir a minha vida. Isso era praticamente impossível, mas permaneci firme em minha sincera resolução, travando uma dura batalha contra mim mesmo. Enquanto buscava e lutava, com o auxílio de Deus, uma luz maravilhosa surgiu em minha alma. Era uma luz completamente estranha à minha natureza descontrolada; nela reconheci a verdadeira natureza de Deus e do homem, a relação existente entre eles, algo que nunca havia compreendido, e que nunca teria buscado”. (Tilken… 20-26).

“Agrada ao Supremo revelar seus segredos através do tolo, olhado pelo MUNDO como sendo um nada; percebe-se que seu conhecimento não procede destes tolos, mas Dele. Portanto, peço que considerem meus escritos como sendo os de uma criança a quem o Supremo manifestou Seu poder. Há tanto dentro deles, que nenhum tipo ou quantidade de argumentação ou raciocínio pode compreender ou alcançar; mas para os iluminados pelo Espírito, sua compreensão é fácil, e não passa de uma brincadeira de criança”. (Cartas, XV 10).

“O entendimento nasce de Deus. Não é produto de escolas onde a ciência humana é ensinada. Não condeno o aprendizado intelectual, e se eu tivesse obtido uma educação mais elaborada, com certeza isso seria uma vantagem para mim, quando minha mente recebia o dom divino; mas agrada à Deus, transformar a sabedoria deste MUNDO em tonteira, e dar Sua força ao fraco, a fim de que todas as coisas se curvem diante Dele”. (Quarenta Questões…, XXXVII 20).

“Digo isso diante de deus, e testemunho diante de Seu julgamento, onde todas as coisas devem aparecer, que no meu eu humano, nada sei do que devo escrever; mas quando escrevo o Espírito dita aquilo que devo escrever, e me mostra tudo com tão maravilhosa clareza, que nunca sei se tenho minha consciência neste MUNDO ou não. Quanto mais eu busco, mais eu encontro, estou continuamente penetrando mais profundamente; sempre penso que minha pessoa pecadora era muito inferior e indigna para receber o conhecimento de mistérios tão exaltados e elevados; mas em tais momentos, o Espírito levanta o seu estandarte, dizendo: “Olhe! Aqui deves viver eternamente e ser coroado. Por que estais aterrorizado?” (Cartas, II. 10).

“Acima de tudo, examine consigo mesmo, o propósito de conhecer os mistérios de Deus, e se estais preparado a empregar aquilo que receber para a glorificação de Deus e para o benefício do próximo. Você está pronto para morrer inteiramente para sua vontade terrestre e egoísta, e desejas, sinceramente ser um com o Espírito? Aquele que não tiver tais propósitos elevados, e busca apenas um conhecimento que satisfaça o seu eu, ou para ser admirado pelo MUNDO, não está apto a receber tal conhecimento”. (Clavis, II. 3).

“Não podemos falar a língua dos anjos, mesmo se pudéssemos tudo pareceria como se estivéssemos falando sobre seres criados, para os habitantes deste MUNDO, e diante da mente terrestre se apresentaria como algo terrestre. Somos apenas parte do todo; só podemos conceber e falar de partes, mas não do todo”. (A Vida Tríplice…, II 66).

“Observe como toda vida, no MUNDO externo, atrai para si o seu alimento. Irás reconhecer como a vida origina-se da morte. Não pode haver vida sem que aquilo de onde a vida se expressa, surja em suas formas. Todas as coisas tem que entrar num estado de angústia para reter o raio de luz, e sem isso não haverá ignição”. (Encarnação de Cristo…, II. 5).

“Na luz de Deus, no reino dos céus (a consciência do espírito), o som é muito sutil, doce e amoroso, de forma que se comparado com o barulho terrestre, é como uma perfeita quietude. No entanto, no reino da glória é, de fato, um som compreensível, e há uma linguagem ouvida pelos anjos — uma linguagem que só faz parte da natureza do MUNDO angélico”. (Mysterium, V. 19).

“Assim como a terra continua a produzir plantas, flores, árvores, metais e seres de várias espécies, um mais glorioso, forte e belo que o outro; e como no nosso plano terrestre uma forma aparece enquanto outras perecem, havendo um contínuo trabalho e envolvimento das formas, do mesmo modo a geração eterna com o santo mistério, continua ocorrendo com grande poder; em consequência dessa contorção de poderes espirituais, os frutos divinos aparecem um ao lado do outro, todos e cada um deles, numa radiação de belas cores. Tudo aquilo pelo qual estamos rodeados no MUNDO terrestre, não passa de um símbolo terrestre, que existe no reino celestial numa bela perfeição, num estado espiritual. Não existem ali meramente como um espírito, uma vontade ou um pensamento, mas numa substancialidade corporal, em essência e poder, e aparece inconcebível se comparado com o MUNDO material externo” (Assinatura…, XVI. 18).

“A luz e o poder do sol revelam os mistérios do MUNDO externo através da produção e crescimento de vários seres. Da mesma forma Deus, representando o Sol eterno ou o único e eterno Bem, não se revelaria sem a presença de sua natureza espiritual eterna, único lugar em que pode manifestar seu poder. Somente quando o poder de Deus se torna diferenciado e relativamente consciente, de modo que haja poderes individuais combatendo entre si durante seu jogo de amor, se abrirá Nele o grande, imensurável fogo de amor, através da aproximação da Santíssima Trindade”. (Grace, II.28).

“É dito que Deus é tudo, que Ele está no céu e na terra, e também no MUNDO externo; tal afirmação é verdadeira, de certa forma; porque tudo se origina em Deus e de Deus. Mas de que serve essa doutrina, que não é uma religião? Tal doutrina foi aceita pelo demônio, que queria se manifestar e ser poderoso em todas as coisas”. (Tilken… I.140).

“O MUNDO externo não é Deus, e não será Deus em toda eternidade. O MUNDO é meramente um estado de existência onde Deus está manifestando a Si próprio. (Stief, II. 316)”. 46

“Não podemos dizer, verdadeiramente, que este MUNDO foi feito a partir de algo”. (Assinatura…, XIV. 7).

“A semelhança de Deus, tendo sido vista na sabedoria de Deus desde toda eternidade, e na qual Deus criou o Homem, era sem vida e sem substancialidade antes do princípio dos tempos deste MUNDO. Era um mero reflexo da imagem onde Deus viu como Ele seria numa imagem”. (Stief, II. 123).

“Nenhum espírito criado pode existir sem o mundo-ígneo. Até mesmo o amor de Deus não existiria, se a cólera de Deus, ou o MUNDO do fogo, não existisse Nele; pois a cólera ou o fogo de Deus é a causa da luz, força, poder e onipotência. (Stief. II. 4)”.

“Tudo existe desde toda eternidade, mas apenas como ideias, não como coisas existentes corporalmente. Somente espíritos incorpóreos existiam (como ideias) na eternidade, como num MUNDO de magia, onde uma coisa contém a outra na potencialidade”. (Quarenta Questões… XIX.7).

“O MUNDO criado existia antes do mysterium magnum, pois todas as coisas encontravam-se numa condição espiritual na sabedoria, como numa contínua atividade ou luta de amor. A Vontade única concebeu essa forma espiritual no Verbo, e permitiu a inteligência (a consciência separada, ou seja, a qualidade azeda e adstringente), agir sem restrição, a fim de que cada poder pudesse entrar ou se construir numa forma de acordo a essa própria qualidade específica”. (Grace, IV. 12).

“Quando a Divindade movimentou-se, com o propósito de criar um MUNDO, movimentou suavemente a qualidade adstringente, contraindo-a no divino sal-nitre”. (Aurora, XIII. 94).

“Há uma vida superior à vida neste MUNDO, na eternidade. O espírito deste MUNDO (a mente terrestre) não pode conceber a sua natureza. Ela contém em si todas as qualidades desta vida terrestre, mas não em essências inflamadas como no último. Verdadeiramente, ela também contém um fogo, e muito poderoso, mas que queima de forma diferente; ele é doce, humilde e sem dor; ele não consome, mas causa majestade e esplendor vivo, seu espírito é puro amor e alegria”. (A Vida Tríplice…, VIII. I).

“No céu, no MUNDO espiritual, existem as mesmas qualidades do MUNDO terrestre; mas elas não se encontram manifestadas de forma tão furiosa (grosseira), mas num estado superior, assim como as trevas estão absorvidas pela luz”. (Mysterium, X..7). 54

“Toda a localidade do MUNDO, as profundezas da terra e acima da terra, até o céu e o próprio céu criado, que vemos com os nossos olhos, mas que, no entanto, não podemos compreender com nossos sentidos, todo esse espaço é um reino, onde Lúcifer era o governador antes de sua queda; mas os outros dois reinos, o de Miguel e Uriel, existem além do céu criado (espaço) e são iguais ao primeiro reino”. (Aurora, VII.7).

“No raio de luz, a quarta forma da natureza, está a origem da vida, ela contém a perfeição na constância do fogo. Aqui, no objeto da divisão, nasce o espírito, que pode voltar e penetrar com sua imaginação em sua mãe, o MUNDO de trevas, ou ir em frente, e através da morte afundar-se na angústia do fogo, e explodir na vida. O espírito é livre, e, portanto cada um desses dois caminhos estão dentro de sua escolha”. (Pontos Teosóficos, VII. 2).

“A vida da criatura eterna era em seu princípio inteiramente livre, porque estava em temperatura harmoniosa e apropriada. Os anjos foram criados pelo céu, e mesmo se o MUNDO de trevas, com o reino da fantasia estivessem contidos ali, era numa condição latente, e não manifesta. Pela ação da vontade livre nos anjos caídos o MUNDO das trevas tornou-se objetivo neles; porque estavam inclinados para a fantasia (especulação), e consequentemente essa tomou posse deles, surgindo em essência”. (Graça, IV. 45).

“Como os demônios, levados pela concepção e devassidão, incendiaram-se a si próprios, foram completamente expulsos da geração da luz, e não podem concebê-la ou compreendê-la em toda eternidade. No entanto, a habitação de Lúcifer ainda não está completada, porque em todas as coisas nesse MUNDO ainda há amor e cólera residindo juntas, batalhando uma contra a outra. Aquelas coisas ou seres ainda não perceberam a luta da luz, mas somente a luta das trevas”. (Aurora, XVIII.32).

“Se nos lançarmos no desejo terrestre, seremos por ele capturado, e a angústia do abismo será o nosso senhor. Mas se pelo poder de nossa vontade nos elevarmos acima deste MUNDO, então o MUNDO da vida irá capturar nossa vontade, e Deus será nosso Senhor”. (Pontos Teosóficos, VI.5)

“Na eterna sabedoria, ou melhor, dizendo, na natureza eterna, a queda do demônio (e também do homem) fora prevista antes da criação do MUNDO”. (Três Princípios…, IX.22).

“Antes dos tempos da cólera, havia no lugar desse MUNDO as seis fontes espirituais, gerando a sétima de forma suave e doce, como ainda acontece no céu, e não crescia ali nem sequer uma gota de cólera. Tudo o que existia era luz e transparência, sem a necessidade de outra luz, pois a fonte do amor com o coração de Deus estava iluminando tudo. A natureza era então muito etérea, e tudo permanecia num grande poder. Mas tão logo se deu o início da guerra dos demônios orgulhosos, tudo tomou uma outra forma e modo de ação. A luz se extinguiu na geração externa; consequentemente, o calor tornou-se aprisionado na corporalidade, não podendo mais gerar sua própria vida. Por causa disso, a morte penetrou a natureza e a natureza se degenerou. Uma nova criação da luz se fez necessária, sem o que a terra teria permanecido na morte eterna”. (Aurora, XVII. 2 IV.15).

“Os espíritos expulsos ainda se encontravam na qualidade do pai, e, portanto acenderam a qualidade da natureza através da imaginação, de modo que a substância transformou-se em terra e pedras, e o doce espírito da água num céu incandescente. Depois disso ocorreu a criação deste MUNDO”. (Encarnação de Cristo…, I. 2-8).

“Nisso consiste a queda de Lúcifer; ele despertou a mãe do fogo e quis governar sobre a benevolência, no coração de Deus. Esse fogo é agora seu inferno; mas esse inferno foi capturado por Deus através do céu, ou seja, a mãe da água. Pois enquanto a localidade desse MUNDO dera para queimar por conta própria, Deus movimentou-se para criar, e criou a água. Disso resultou o oceano e a insondável profundeza aquosa. Foi o que ocorreu em Sodoma e Gomorra, pois quando o pecado era grande e o demônio habitava ali, desejando manifestar seus poderes, Deus permitiu que o príncipe desse MUNDO acendesse aqueles cinco reinos, para ali ser senhor e ter sua morada. Deus pensava em destruir seu orgulho; Ele fez com que a água chegasse até lá, e desta forma extinguiu sua glória”. (A Vida Tríplice… VIII. 24).

“Assim, as trevas permaneceram na qualidade da cólera, na substância da terra e em toda profundidade desse MUNDO; e na substância da luz, a luz da natureza do céu, ou seja, da quinta essência, surgiu aquilo do que a constelação foi criada. Essa essência está em todo lugar, na terra e acima da terra” (Aurora, XII. 15).

“Quando Deus se movimentou para criar esse MUNDO, não foi só uma parte que se movimentou, enquanto a outra repousava, mas tudo se movimentou ao mesmo tempo”. (Aurora, XXII. 122).

“A água da vida separou-se da água da morte, de tal forma que no tempo deste MUNDO elas encontram-se unidas como o corpo e a alma. Mas o céu, tendo sido feito da parte do meio da água, é como um abismo entre os dois, de modo que a água concebível é a morte, mas a inconcebível é a vida”. (Aurora, XXI. 7).

“Quando observo a água exterior, sou forçado a dizer: ‘Aqui, na água de baixo do firmamento, está contida a água de cima do firmamento’. Mas o firmamento é o meio, a ligação (linha divisória) entre tempo e eternidade, de modo que nenhuma das duas é a outra. Aos olhos externos, ou deste MUNDO, só vejo a água abaixo do firmamento, mas a água acima do firmamento é aquela que Deus instituiu para o batismo da regeneração em Cristo”. (Mysterium, XII. 26).

“Toda água deste MUNDO encontra-se degenerada, portanto, a água superior deve vir em auxílio da terra, extinguindo seu fogo e apaziguando-a, a fim de que a verdadeira água possa nascer”. (Aurora, XX. 33).

“Até o terceiro dia depois da ignição da cólera de Deus no MUNDO, a natureza permaneceu na ansiedade, e era um vale de trevas na morte; mas no terceiro dia, quando a luz das estrelas começou a se acender na água da vida, a vida rompeu a morte, e uma nova geração teve início”.(Aurora, XXIV. 41).

“Depois que o céu foi feito, para a distinção entre a luz de Deus e o corpo corrupto deste MUNDO tudo mudou; o MUNDO corrupto era uma vale de trevas, sem luz, onde todos os poderes encontravam-se capturados, como que na morte; era uma situação muito difícil, até que se tornasse iluminado no meio de todo o corpo. Mas quando isso ocorreu o amor na luz de Deus rompeu aquele céu da divisão e acionou o calor”. (Aurora XXV 68).

“No quarto dia, Deus criou de Sua sabedoria eterna, o senhor do terceiro princípio (o MUNDO visível), o sol e as estrelas. Vê-se aqui claramente a Divindade e a sabedoria eterna de Deus, como num espelho claro. Esse ser, visível diante de nossos olhos, não é Deus propriamente dito, mas um Deus no terceiro princípio, que irá finalmente retornar ao seu éter e ter um fim”. (Três Princípios… VIII.13).

“No tempo da criação de uma nova luz, o sol foi despertado nesse MUNDO tornado corrupto por Lúcifer, o que afastou o esplendor do demônio. Ele foi enclausurado nas trevas como um prisioneiro, entre o reino de Deus e o reino deste MUNDO; ele não tem mais o que governar nesse MUNDO, exceto na Turba, onde a cólera e a fúria de Deus estão despertadas”. (Encarnação de Cristo…, I. 2).

“No sol do MUNDO externo, e através dele, Deus despertou um rei, ou como chamaria simbolicamente, uma divindade natural, junto com seis conciliadores, para serem seus assistentes, ou seja, o sol e os seis outros planetas, pronunciados das sete qualidades do lócus (lugar ou centro) do sol. O sol recebe seu esplender da tintura do MUNDO ígneo e o MUNDO da luz, sendo manifestado como um ponto revelado com relação ao MUNDO de fogo”. (Mysterium, XIII. 16).

“O sol é o coração de todos os poderes nesse MUNDO, e está configurado segundo os poderes de todas as estrelas, enquanto que, por outro lado, ele ilumina e vivifica todas as estrelas e poderes neste MUNDO”. (Aurora, VII 42).

“Assim como o sol é o coração da vida e origem de todos os espíritos no corpo deste MUNDO, Saturno é o princípio de toda corporalidade e tangibilidade. Desta forma, seu princípio e descendência não vêm do sol; sua origem é a intensa, azeda e severa ansiedade de todo corpo deste MUNDO”. (Aurora, XXVI I).

“Quando o sol se inflamou, o terrível raio de fogo saiu da localidade do sol para uma região superior como um furioso rompimento de relâmpago, que se torna Marte. Este é um tirante, um elemento de atrito, aquele que coloca em movimento todo o corpo do MUNDO, para que toda vida tire dele sua origem”. (Aurora, XXV 72).

“Na vida do homem há três estados que devem ser distinguidos um do outro — primeiro, o mais interno, ou seja, Deus eternamente oculto no fogo; segundo, a parte do meio, que desde a eternidade permanece como uma imagem ou semelhança nas maravilhas de Deus, comparável a uma pessoa que se vê no espelho; terceiro, essa imagem viva que recebe ainda um outro espelho na criação, onde se observou, ou seja, o espírito do MUNDO externo, ou o terceiro princípio, que também é uma forma (estado) do Eterno”. (A Vida Tríplice…, XVIII. 4)

“A alma, ou o primeiro princípio, é encontrada no fogo da natureza eterna; o espírito, ou o segundo princípio tem sua raiz na luz; e o corpo é o terceiro princípio, ou a substancialidade do MUNDO visível”31 (Tabulae Principice, 65).

“Se vocês observarem seu próprio ser e o MUNDO exterior, e o que está ocorrendo ali, descobrirão que vocês são esse MUNDO exterior, com relação ao ser externo. Vocês são um pequeno MUNDO formado a partir do grande MUNDO, e sua luz externa é um caos do sol e das constelações de estrelas. Se assim não fosse, vocês não seriam capazes de enxergar através da luz do sol”. (Mysterium, II. 5).

“O homem terrestre tinha em sua constituição o reino deste MUNDO, mas os quatro elementos (separados) não governavam sobre ele; eles encontravam-se em um, e a ordem terrestre das coisas encontrava-se oculta no homem. Ele deveria viver no estado celeste, e embora tudo estivesse em movimento (vivo) dentro dele, no entanto ele governava a angústia terrestre (consciência externa) através da qualidade celestial (consciência interna) do outro (segundo) princípio, para manter o domínio sobre o reino das estrelas e dos elementos através da qualidade paradisíaca”. (Menschwerung I 2).

“Como Deus reside em Si mesmo e penetra todas as Suas obras, incompreensíveis a si próprias, e sem Ser afetado por nada, do mesmo modo Sua imagem (homem) originou-se do puro elemento. Ele também foi criado neste MUNDO; mas o reino deste MUNDO não era para compreende-lo, mas ele governaria poderosamente neste MUNDO através das essências do elemento puro”. (Três Princípios…, XXII 15).

Deus criou Adão para (desfrutar) a vida eterna, no Paraíso, num estado de perfeição paradisíaca. O amor divino iluminava o seu interior, assim como o sol ilumina o MUNDO” (Cons. Stiefel…, I. 36).

“Adão, depois de ter sido criado por Deus, encontrava-se no Paraíso num estado de satisfação, glorificação e beleza, pleno de conhecimento. Deus então, trouxe diante dele, como senhor do MUNDO, todos os animais, a fim de que os observasse e desse um nome a cada um, segundo a essência e poder específico. Adão sabia que ele estava dentro de cada criatura, e deu a cada um seu nome apropriado. Deus pode ver nos corações de toda as coisas, e o mesmo podia ser feito por Adão.”38 (Três Princípios…, X 17).

“Sendo Deus um Senhor de todas as coisas, o homem no poder de Deus deveria ser o senhor deste MUNDO”. (Encarnação de Cristo…, I 4, 7).

“Adão encontrava-se no Paraíso, ou seja, na temperatura. Ele encontrava-se numa certa localidade, a saber, onde o MUNDO santo estava florescendo pela terra e gerando os frutos do Paraíso”. (Grace, V.34).

“No Paraíso, a substância do MUNDO divino penetrou a substância pertencente ao tempo, comparável ao poder do sol penetrando uma fruta que cresce na árvore, dotando-a de qualidades que a tornava linda à vista e boa ao paladar”. (Mysterium, XVII 5).

“Assim o santo MUNDO divino era predominante nos três princípios da qualidade humana, e havia um acordo igual, sendo que nenhum inimigo ou vontade oposta estava manifestado entre os princípios”43. (Mysterium, XVII 20).

“No Paraíso há plantações, assim como neste MUNDO, mas não com a mesma tangibilidade. Lá o Céu está no lugar da terra, a Luz de Deus, no lugar do sol e o Pai Eterno no lugar do poder das estrelas”. (Três Princípios…, IX 20).

“O MUNDO tangível ou natureza, antes da cólera de Deus, era tênue, etéreo, amoroso e claro, de modo que os espíritos originais pudessem olhar através de todas as coisas e nelas penetrar. Não havia ali nem terra, nem pedras, não havia a necessidade da luz criada, tal como é agora; mas a luz foi gerada em todas as coisas no meio de cada coisa, e tudo se encontrava na luz”. (Aurora, XVIII 29).

“Todo o MUNDO seria um só Paraíso se não tivesse sido corrompido por Lúcifer. Mas como Deus sabia que Adão iria cair, produziu em um só lugar, onde o homem pudesse encontrar uma morada apropriada e ali fosse fortificado”. (Mysterium, XVII 7).

Deus viu e sabia que o homem iria cair, por isso o Paraíso não floresceu e gerou frutos em todo o MUNDO por meio da terra, embora estivesse manifestado em todo lugar, mas apenas no Jardim do Éden, onde Adão foi tentado, é que ele se tornou revelado em sua total magnificência”. (Cartas, XXXIX 28).

“Adão foi concebido no amor de Deus e nasceu neste MUNDO. Tinha posse de uma substancialidade divina e sua alma era de vontade, o primeiro princípio, a qualidade do Pai. Essa vontade deveria ser dirigida, juntamente com sua imaginação, no coração do Pai, ou seja, no Verbo e no Espírito do amor e da pureza. A alma humana reteria então, a substância de Deus no Verbo da Vida”. (Encarnação de Cristo…, I 10 2).

“A luz e o poder da luz é um desejo, e quer possuir a nobre imagem feita à semelhança de Deus, porque foi criada para o MUNDO da luz. O MUNDO das trevas ou a cólera aguda deseja o mesmo, pois o homem tem todos os mundos em si, e há uma grande batalha ocorrendo dentro dele. Aquele princípio com o qual ele se identifica em seu desejo e vontade, é o que o governará”. (Tilk I 38 I).

“O Homem era uma individualidade mista, destinada a ser uma imagem de acordo com o MUNDO interior e também de acordo com o MUNDO exterior; mas como o símbolo de Deus, deveria governar com a consciência interior sobre a consciência exterior”. (Menchwerdung I 3 13).

“Não se pode permitir que a constelação (influências astrais) do macrocosmo governe o homem; ele possui em si sua constelação própria (o espírito, a ideia), capaz de sintonizar-se à harmonia do alto e à evolução do MUNDO divino”. (Cartas, I 8).

“O MUNDO externo também é de Deus e pertence à Deus; o homem foi criado ali, para que pudesse trazer novamente o externo para o interno; o fim para o princípio”. (Cartas, XI 18).

“O homem permanecia nos três princípios, que se encontravam em igual concordância dentro dele, mas não fora dele; pois o MUNDO de trevas tinha um desejo diferente daquele do MUNDO de luz; da mesma forma, o MUNDO externo tinha um desejo diferente daquele do MUNDO de trevas e do MUNDO de luz. Assim, a imagem de Deus estava entre os três princípios, onde todos em seu desejo eram condutores àquela imagem. Cada um deles queria se manifestar em Adão, para tê-lo em seu próprio regimento ou como governador, e para manifestar suas maravilhas através dele”. (Mysterium, XVII 34).

“A previsão divina reconheceu que o demônio estava preste a separar a humanidade, introduzindo-a no desejo demoníaco; portanto, Deus colocou diante dela a árvore da vida e a do conhecimento do bem e do mal; com isso deu-se início à ruptura (morte) do corpo externo. Ele assim o fez para que o homem buscasse o centro do MUNDO de trevas”58 (Mysterium, XVII 38).

“A imagem de Deus não dorme. Nela não há tempo. Com o sono, o tempo se manifesta no homem. Ele adormeceu no MUNDO angélico, e despertou relativamente para o MUNDO externo”. (Mysteerium, XIX 4).

“Depois que o brilho do espírito deste MUNDO conquistou Adão, ele caiu no sono. Então seu corpo celeste tornou-se carne e sangue, e seu forte poder tornou-se rígidos ossos. A Virgem Celeste partiu para o éter celeste, para o princípio do poder”. (Três Princípios…, XIII 2).

Adão e Eva ainda tinham uma consciência paradisíaca, mas ela encontrava-se misturada com o desejo terrestre. Eles estavam nus, e tinham órgãos animais para procriação; mas eles não sabiam disso, nem tampouco se envergonhavam, pois o espírito do grande MUNDO ainda não tinha obtido o governo sobre eles antes de terem provado do fruto terrestre”. (Encarnação de Cristo… I 6 15).

“O santo Verbo de Deus, após a Trindade da Divindade insondável, concedeu à inteligência ígnea da alma o mandamento: ‘Não comerás da árvore do conhecimento do bem e do mal; se assim o fizerem irão morrer na imagem de Deus, no mesmo dia’. Quer dizer, ‘a alma ígnea irá perder sua luz; a mortalidade, qualidade do MUNDO de trevas, do centro dos três primeiros princípios, irá se aproximar e se manifestar na árvore, engolindo o Reino de Deus’” (Grace, VI 17).

“O princípio externo é a causa de um combate contínuo. Causa combates contínuos entre animais, pois todos os animais são um fruto do terceiro princípio, e têm a vida daquele princípio; tanto seu espírito e corpo. Tudo que se move neste MUNDO, e também o homem, até onde concerne seu corpo visível e seu espírito (mundano) em carne e sangue, é também um fruto daquele princípio, e nada mais”. (Seis Pontos, III, 53).

“O terceiro princípio, espírito e tormento deste MUNDO, estava oculto desde a eternidade na natureza eterna; ele foi revelado pelo espírito de luz-flamejante na sabedoria de Deus e na tintura divina. Então a divindade movimentou-se de acordo com a natureza da mãe produtiva, surgiu então, o grande Mysterium, contendo tudo que está no poder da natureza eterna. Isso, contudo, era apenas um Mysterium e não tinha semelhança a nenhum ser criado. Ali tudo estava junto (misturado), como uma nuvem de poeira”. (Encarnação de Cristo… I I 10).

“Se considerarmos corretamente a criação deste MUNDO e o espírito do terceiro princípio, ou o espírito do grande MUNDO com suas estrelas e elementos, encontramos ali as qualidades do MUNDO eterno como que num estado de mistura; onde Deus quis manifestar as maravilhas eternas até então ocultas, trazendo-as para uma existência objetiva”. (Seis Pontos Teosóficos… II 6).

“Tendo nascido (vindo à objetividade), o MUNDO externo faz para si um novo principium ou começo. A geratriz temporal é uma reprodução da geratriz eterna; o tempo origina-se na eternidade e mesmo aqui a eternidade, com suas produções maravilhosas, aparece em seus poderes e capacidades, numa espécie de forma e molde temporal”. (Mysterium VI 10).

“O terceiro princípio, ou o MUNDO elemental visível é uma espécie de produto do primeiro e segundo princípios, produzidos pelo movimento e respiração do poder divino e da vontade divina. Nisso está figurado o MUNDO espiritual segundo a luz e as trevas, e trazido a uma condição criada (objetiva)”. (Tabulae Principice, 5).

“O MUNDO externo foi soprado do MUNDO santo e do MUNDO de trevas. Ele é, portanto, bom e mal, amor e cólera; mas, comparado com o MUNDO espiritual, não passa de uma fumaça ou neblina”. (Mysterium III 10).

“A palavra movimentou o Fiat em todas as formas da natureza eterna, na harmonia com o MUNDO de luz e o MUNDO das trevas; assim, o desejo da qualidade dos dois mundos passaram a existir. Isso fez com que o bem e o mal tivessem sua origem na essencialidade, e através disso foi criado o MUNDO visível externo, com as estrelas e elementos como uma vida particular”. (Cons. Stiefel…, I 31).

“Esse MUNDO terrestre está baseado no MUNDO das trevas, e se o bem não estivesse também corporificado ali, não haveria outro feito senão o do MUNDO das trevas; mas isso é evitado pelo poder divino e pela luz do sol”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 17).

“Dentro de toda natureza há uma contínua luta, batalha e consumação, de modo que este MUNDO pode ser verdadeiramente chamado de ‘vale de dor’, cheio de problemas, perseguições, sofrimentos e trabalho; pois, quando o espírito da criação foi para o meio, teve que formar o MUNDO do meio do reino do inferno” (Aurora, XVIII 112).

“O demônio reside neste MUNDO, infectando continuamente a natureza externa; mas ele tem seu poder somente na cólera, no desejo amargo”. (Encarnação de Cristo…, I 2, 4).

“O MUNDO interno, o MUNDO de luz, habita no MUNDO externo, o qual recebe poder do primeiro. A luz floresce no poder externo, mas esse poder nada sabe sobre ele”. (Seis Pontos Teosóficos… VI 2).

“O MUNDO espiritual está oculto no MUNDO elementar visível, e atua através dele; através do separador, ou da alma do MUNDO exterior, ele se amolda em todas as coisas, de acordo com o caráter e qualidade de cada coisa; mas o ser visível recebe o invisível não em seu próprio poder, nem o que é externo se transforma em algo interno; o poder interno simplesmente toma forma ali, como podemos observar no crescimento das plantas, árvores e nos metais”. (Contemplations III 19).

Deus deu ao MUNDO externo a luz, soprando Seu poder através dos raios de Sua luz, e com o sol e a lua governa com as coisas deste MUNDO. As estrelas tomam a luz do sol e da lua, da radiação se derrama de Sua luz, e por meio dessa mesma luz Deus ornamenta a terra com belas plantas e flores e torna belo tudo que vive e cresce”. (Oração…, XLVII).

“Este MUNDO possui um Deus natural que lhe é próprio, o sol; mas ele toma sua existência do fogo de Deus, e este da luz de Deus. Assim, o sol oferece seu poder aos elementos, e os elementos dão sua força as criaturas e eras da terra”. (Seis Pontos Teosóficos…, V. 13).

“O abismo do inferno está neste MUNDO, e o sol é a causa única da existência da água, e do fato da profundeza acima da terra ser amorosa, prazerosa, branda e deleitosa”. (A Vida Tríplice… VI 36).

“Tudo o que é poderoso na essência do MUNDO santo está oculto na cólera e na maldição de Deus na qualidade do MUNDO de trevas; mas floresce através do poder do sol e da luz da natureza externa através da maldição e da cólera”. (Mysterium, XXI 8).

“O sol não é tão diferente da água; a água possuía a qualidade e a essência do sol. Sem isso a água não receberia sua luz. Embora o sol seja um corpo que possui uma forma, sua essência também está na água, mas não manifestada. De fato, reconhecemos que o MUNDO como um todo é um sol, e que seu lugar seria em todos os lugares se Deus quisesse inflamá-lo e torná-lo manifesto, pois toda existência começa na luz do sol”84 (Seis Pontos Teosóficos, VI 10).

“Com a criação da constelação o bem e o mal se manifestaram, pois neles está manifestado o poder ígneo e colérico da natureza eterna, assim como o poder do santo MUNDO espiritual, como uma essência soprada. Assim, há muitas estrelas escuras que não podemos ver, e há muitas estrelas brilhantes que podemos ver”87 (Mysterium, X 36).

“A constelação é a causa das artes e da ciência, assim como de toda ordem e harmonia neste MUNDO, pois desperta as árvores e metais, permitindo que cresçam. Na terra estão todas as coisas contidas nas estrelas; a constelação inflama a terra, e tudo isso junto é senão um espírito”88 (A Vida Tríplice…, VII 48).

“A quinta-essência é uma substância paradisíaca no MUNDO celestial, mas encerrada no MUNDO externo; ou seja, não aprisionada ali, mas apenas invisível”. (Clavis Specialis).

“Pode parecer estranho para a mente racional, se observarmos a terra com suas pedras sólidas e sua aparência áspera e dura, que grandes pedras tenham sido criadas, sendo em parte inúteis e muitas vezes um obstáculo para as criaturas deste MUNDO”. (Mysterium X I).

“Há animais peçonhentos e vermes crescendo da qualidade colérica, formados depois do centro do MUNDO de trevas. Eles amam habitar unicamente nas trevas, e se escondem da luz. Além do mais, há muitas criaturas formadas pelo spiritus mundi a partir do reino da fantasia, tais como macacos, certos animais e pássaros, que adoram pregar peças, atormentar e perturbar outras criaturas, de modo que um é inimigo do outro, e estão sempre brigando. Por outro lado, há também criaturas boas e delicadas, feitas segundo modelos do MUNDO angélico, tais como os animais mansos e os pássaros: entre eles, contudo, encontra-se também os de má qualidade”. (Grace, V 20)97.

“Nos seres deste MUNDO encontramos em todo lugar dois seres em um — primeiro, um ser eterno, divino e espiritual e depois um que tem um princípio, que é natural, temporal e corruptível. O desejo soprado, ou seja, o amor do poder divino pela natureza, de onde a natureza e a vontade-própria se originaram — busca livrar-se da vontade natural pervertida, e está destinada, no final dos tempos, a ficar livre da ilusão adquirida, e a ser trazida para uma natureza clara e cristalina”. (Contemplations, I 30).

“Todo o MUNDO visível externo, em todos os seus estados, é um símbolo ou figura do MUNDO espiritual interno. Aquilo que uma coisa realmente é em seu interior está refletido em seu caráter externo”. (Assinatura…, IX I).

“A alma possui as sete qualidades do MUNDO espiritual interior (modificadas) segundo a natureza; mas o espírito não tem qualidade alguma; ele está fora da natureza e na unidade de Deus. Através de sua natureza ígnea, o espírito se manifesta na alma, pois é a verdadeira semelhança de Deus, uma ideia através da qual o próprio Deus age e reside, providenciando que a alma penetre com seu desejo em Deus, rendendo-Lhe a sua vontade. Se isso não ocorre, então essa ideia, ou espírito, permanece mudo e inativo, como uma pintura no espelho que some e não tem substância, como foi o caso de Adão em sua queda”. (Tabulae Principice, 66).

“Aquilo que as pessoas maliciosas deste MUNDO fazem, dentro de sua malignidade e falsidade, também é feito pelo demônio no MUNDO das trevas”. (Seis Pontos Teosóficos…, IX 18).

“Se a matéria deste MUNDO (o imaginário da natureza externa) fosse rompida, como será um dia, no futuro, a alma permaneceria na morte eterna, nas trevas. A bela criatura (a imagem viva) seria capturada pelo reino do inferno, e o demônio triunfaria sobre ela”. (A Vida Tríplice…, VIII 38).

“A pobre alma de Adão foi feita cativa pelo espírito e princípio deste MUNDO, e permitiu que sua tintura nela penetrasse”. (A Vida Tríplice…, VIII 63).

“Quando o homem deixou o Paraíso penetrando uma nova geração, a saber, o espírito deste MUNDO, na qualidade do sol, planetas e elementos, então sua percepção paradisíaca se extinguiu”. (Três Princípios…, XIV.2).

“A alma penetrou com Adão uma habitação estranha, ou seja, o espírito deste MUNDO. Há, de fato, quatro habitações nas quais aquela jóia preciosa está aprisionada. Destas quatro, há sempre uma especialmente manifestada na pessoa, não as quatro, de acordo com os quatro elementos que se encontram dentro do homem; um deles sempre predomina na vida da pessoa. Esses quatro estados, formas ou temperamentos são conhecidos como: colérico ou bilioso, sanguíneo, fleumático ou linfático e o melancólico ou nervoso. No temperamento colérico está manifestada a natureza e qualidade do fogo; no sanguíneo, a do ar; no fleumático, a da água e no melancólico, a qualidade do elemento terra”. (Quatro Complexões…, I.6).

“O elemento interno que sustenta todo o corpo deste MUNDO tornou-se o eterno corpo de Cristo; pois, a Divindade em sua totalidade, na palavra e coração de Deus, penetrou ali na eternidade; e a mesma Divindade tornou-se um ser criado; mas tal criatura pode estar em todo lugar, como a própria Divindade”. (Princ. XXIII 20).

“Se o princípio divino do amor ainda não impregnasse toda a natureza neste MUNDO terrestre, e se nós pobres seres criados não tivéssemos conosco o guerreiro na batalha, com certeza pereceríamos no horror do inferno”. (Aurora, XIV 104).

“Quando a alma afastou-se da Luz de Deus e penetrou o espírito deste MUNDO, deu-se início ao tormento do primeiro princípio. Ela viu e sentiu que não estava mais no reino de Deus, até que o coração de Deus veio e se colocou entre ela e o reino divino, possibilitando-o penetrar ali e regenerar-se”. (Três Princípios…, IX 6).

“Para auxiliar a alma, o coração de Deus com sua luz, e não o Pai propriamente dito, tinha que penetrá-la, pois no Pai ela já estava de qualquer modo; mas encontrava-se afastada da entrada para a geração do coração (o início da auto consciência divina) de Deus, e seus desejos estavam direcionados para o MUNDO externo”. (Três Princípios…, XXII 68).

“O nome de Jesus incorporou-se na tintura da alma no Paraíso, quando Adão caiu, e mesmo antes de Adão ser criado; como Pedro menciona em sua primeira carta (I.20), dizendo que nós havíamos sido beneficiados em Cristo, mesmo antes da fundação do MUNDO” (Encarnação de Cristo…. I 8 I).

“A palavra que Deus pronunciou com relação ao poder que esmagaria a cabeça da serpente, era uma centelha de luz do divino coração de Deus, e ali o Pai, desde a eternidade, viu e elegeu a humanidade. Nesta centelha de luzamor divino todo o MUNDO deveria viver, e Adão já se encontrava ali quando ocorreu sua criação, como foi expresso por Paulo (Ep. I 13), dizendo que o homem foi eleito no Cristo antes que a fundação deste MUNDO fosse estabelecida”. (Três Princípios…, XVI 107).

“Desde toda eternidade estava o nome de Jesus em amor imóvel no homem como a imagem de Deus. Mas quando a alma perdeu a luz, então o Verbo pronunciou o nome de Jesus naquilo que era móvel; nas enfraquecidas insígnias da substância do MUNDO celeste”. (Grace, VII 34).

“O Cristo foi perpetuado em todos os homens como uma centelha brilhante da luz divina, de acordo com a qualidade da imagem verdadeira e como uma potencialidade (ou semente do ser imortal), mas, é claro que não na carne externa do MUNDO terrestre, mas dentro do segundo princípio”. (Cons. Stiefel…, II 318).

“Ouça e veja qual era o desejo de Adão e Eva antes e depois da queda. Eles desejaram o reino terrestre e a mente de Eva estava direcionada para as coisas terrestres. Quando ela deu à luz a Caim, disse: ‘Eu tenho o Homem, o Senhor’. Ela pensou que ele era aquele cujo calcanhar esmagaria a cabeça da serpente, afastaria o demônio. Ela não pensou que deveria morrer quanto a sua vontade carnal, terrestre e falsa e renascer na vontade divina. Tal vontade (egoísta) ela carregaria com sua semente, e Adão, da mesma forma, resultando a vontade na essência-alma.145 A árvore produziu um galho de sua própria natureza, pois os pensamentos de Caim tiveram a mesma propensão, tornando-se senhor desta terra. Quando Caim viu que Abel era maior do que ele no amor de Deus, sua vontade animal livre surge com o propósito de matar Abel, pois ele preocupava-se apenas com a possessão do MUNDO externo, e de ser seu senhor, enquanto Abel procurava apenas o amor de Deus”. (Mysterium, XXVI 23).

“Com relação ao seu estado humano externo, Abel também foi pecador; mas em seu interior o MUNDO angélico e a imagem do Paraíso, floresciam. Então o homem interior colocou seu calcanhar sobre o monstro-serpente do falso desejo, e por outro lado, o monstro-serpente mordeu o calcanhar de sua vontade Angélica” (Mysterium, XXVIII 2).

“Adão, através de sua Eva, produziria ainda um novo ramo da árvore da vida, um filho, cuja imagem poderia ser similar e semelhante à Adão, chamado Set (uma raça); nele um raio da vontade-amor está preservado dentro da vontade ígnea; tal raio ainda se encontrava aprisionado pela essência do MUNDO externo, a casa corrupta (matéria que mais tarde se tornaria) carne”. (Mysterium, XXIX 24).

“Depois que o primeiro MUNDO terrestre da qualidade humana se afundou no dilúvio, sua forma tornou-se reconstituída em Noé e em seus três filhos”. (Mysterium, XXIV 30).

“Sem representa o MUNDO da luz; Jafé, o MUNDO do fogo, onde a luz é visível. Jafé representa também uma imagem do Pai, Sem a do Filho; mas Ham é uma imagem do MUNDO externo”. (Mysterium, XXXI 10).

“Os gentis adoravam o sistema planetário e os quatro elementos; eles tinham o conhecimento de que esses regiam a vida externa de todas as coisas. Assim, através da palavra concebida intelectualmente penetravam a igualmente a palavra concebida e formada (manifestada). Por outro lado, o espírito da palavra formada da natureza tornou-se parte deles, sendo que um intelecto passava para o outro. O intelecto humano movimentou a inteligência com a alma do MUNDO externo tão longe o desejo deste permitiu, e através desta inteligência (que reside na luz astral ou mente do MUNDO externo) o espírito profético para fora do Espírito de Deus indicando a eles, como que nos tempos futuros a palavra formada da naturezxa externa se manifestaria na construção e na destruição dos reinos, etc. Fora desta alma do MUNDO, os gentis recebiam respostas através de suas imagens e ídolos, porque a fé que introduziram neles tão fortemente, os movimentavam; esta não foi, portanto, uma total obra do demônio, como”. supunham aqueles que, nada sabendo sobre os mistérios, tornam o demônio responsável por tudo, enquanto ignoram até mesmo o que Deus e o diabo são”. (Mysterium, XXXVII 10-13).

“Por que os irmãos (Caim e Abel) desejaram fazer sacrifício a Deus, sendo que o pacto só é encontrado no sincero desejo pela misericórdia de Deus, na oração e no convencimento do próprio homem da necessidade de abandonar sua vontade própria e demoníaca, da necessidade de transformar e arrepender-se e de trazer sua fé e esperança para a misericórdia de Deus? A vontade livre da alma é tênue como um nada; ainda que seu corpo (material) esteja envolvido por algo (substancial), sua essência concebida e própria encontra-se num estado de falso desejo, devido ao pecado. Se, então, essa vontade livre, com seu desejo (acompanhada pelo) deve atuar em direção a Deus, terá, em primeiro lugar, que se projetar de seu próprio algo ilusório, e toda vez que de lá se projetar, estará nua e impotente, e novamente dentro do nada original. Se a vontade deseja penetrar em Deus, deve morrer para seu próprio egoísmo e deixar o (eu) ilusório; toda vez que a vontade abandona o eu, fica como que nada e não pode agir, lutar ou realizar nada. Se a vontade deseja mostrar seu poder, deve estar dentro de algo onde possa conceber e formar a si mesma, como é o caso da fé; pois, se há uma fé ativa, então essa fé deve conceber algo (ter algum objeto) onde possa agir. Até mesmo a vontade livre de Deus concebeu a si mesma (tem como objeto) o MUNDO espiritual interno, através do qual atua. Assim, a vontade livre da alma do homem, tendo sua origem no abismo (a vontade incognoscível e primordial), deve conceber a si mesma em algo, a fim de manifestar-se e movimentar-se diante de Deus”. (Mysterium, XXVII. I 4-6).

Deus desejou cheirar (durante o sacrifício) nada além do que a vontade do homem, ou seja, a vida humana, a qual, antes do tempo deste MUNDO encontrava-se dentro da palavra de Deus — não ainda como um ser criado, mas como um poder, soprado na imagem criada. Isso é o que foi “cheirado” por Deus através do sacrifício e na essência de Cristo ou a graça, comunicada ao homem e foi o que reajustou a vontade por meio da graça no fogo resultante da combinação do fogo-vida humano e do fogo-amor divino, constituindo assim um verdadeiro sacrifício do pecado e da restituição, porque o pecado foi sacrificado ao fogo da cólera divina, para que ali fosse consumido”. (Communion, I 32).

“O Cristo é maior do que todos os anjos do céu, porque Ele possui um corpo humano celestial; Ele possui também a noiva celestial eterna, a virgem da divina sabedoria, e, finalmente, a Santíssima Trindade em Sua possessão. Em verdade, podemos afirmar que Ele é uma individualidade na Santíssima Trindade no céu, um verdadeiro homem no céu, e um eterno rei neste MUNDO, um senhor do céu e da terra”. (Three Princíples, XXII 86).

“O santo Espírito de Deus formou a substancialidade Angélica, celestial em um só elemento, através da virgem; mas os planetas e elementos deste MUNDO formaram o homem externo, conferindo-lhe um corpo natural e uma alma exatamente igual a dos outros seres humanos, ambos em uma só pessoa. De modo que, cada forma possuía seu próprio estado particular de percepção e sensação, e o estado divino não se misturou a tal fórmula (com a forma terrestre) a fim de que a primeira diminuísse e permanecesse o que era (antes que a encarnação ocorresse), e se transformasse no que não era (através da encarnação), mas sem qualquer separação, diferenciação ou divisão do ser divino. Desta forma, o Verbo permanece no pai, o ser criado do santo elemento permaneceu diante do pai, e o estado natural humano ocorreu neste MUNDO, no ventre da virgem Maria”. (Três Princípios…, XX 86).

“O Cristo disse aos Judeus: ‘Eu sou de cima, mas vocês são de baixo; Eu não pertenço a este MUNDO, mas vocês pertencem a este MUNDO’. Se Ele houvesse se humano num tabernáculo terrestre, e não numa virgem casta, celestial e pura, tal como Maria se tornou em consequência de ter sido abençoada, Ele seria deste MUNDO”. (Encarnação de Cristo…. I 9, 20).

“Tudo o que nasce da carne e do sangue deste MUNDO é impuro, e uma virgem pura não pode nascer nesta carne e sangue corruptos; mas o Cristo foi recebido e nasceu sem pecado, de uma virgem pura”. (Three Princípios, XXII 36).

“Não podemos dizer que a virgem celeste ao penetrar Maria tornou-se terrestre por ordem de Deus, mas dizemos que a alma de Maria tomou posse da virgem celeste, e esta adornou sua alma com a coroa pura do santo elemento, um ser humano regenerado, puro; ali Maria recebeu o Salvador do MUNDO, e deu à luz a Ele neste MUNDO”. (Três Princípios…, XXII 44).

“A primeira coisa que uma criança (no ventre) recebe é a tintura de sua mãe. O mesmo aconteceu com o Cristo. Quando o anjo anunciou à Maria a futura encarnação de Cristo, foi a vontade da mãe, e a tintura que receberam o Limbus de Deus que a impregnou e passou a lhe pertencer. Se, então, a alma da criança está na Santíssima Trindade, não pensam vocês que sua luz gloriosa ilumina maravilhosamente a mãe, e que esta mãe coloca, corretamente, seus pés sobre a Lua, ao ser exaltada acima de tudo o que é de natureza terrestre? Ela deu à luz o Redentor do MUNDO sem nenhum contato carnal, e dela originou-se o corpo que atraiu todos os membros, ou seja, os filhos de Deus em Cristo, os filhos da Luz”. (Três Princípios…, XVIII 93-98).

“Quando Deus movimentou-se em Maria como Seu desígnio, ela foi então altamente abençoada, e nesta benção do Redentor ela se tornou impregnada. Ora, sabe-se que a semente do homem comunica suas qualidades ao corpo. Quando a vida divina penetra a essência da semente (poder) de Maria, seu corpo todo, que então envolvia o corpo da imagem (divina), tornou-se abençoado e vivificado por este maravilhoso movimento de Deus. O reino externo deste MUNDO não foi com isso separado de Maria, ela ainda estava aprisionada ali; mas a tintura de seu sangue tornou-se iluminada com a tintura divina; ou seja, com a tintura da semente; comunicando suas qualidades à forma corpórea”. (Tilk I. 331).

“A vida de Cristo não começou a se movimentar imediatamente, no momento da concepção, nem de qualquer forma sobrenatural, isso ocorreu no momento natural apropriado, da mesma forma que os filhos de Adão. Em nove meses cresceu para ser um ser humano completo, e nasceu como todos os outros filhos de Adão. Ele poderia ter nascido magicamente, mas se isso tivesse ocorrido ele não estaria neste MUNDO de forma natural”. (Encarnação de Cristo…, I 10).

“O Cristo tomou de Maria a semente interior, enfraquecida em Adão, e à ela foi anexada a semente externa da carne, mas elas não se misturaram, nem estavam separadas; mas eram, uma para a outra, como Deus, que habita na terra, ainda que o MUNDO não seja Deus”. (Cons. Stiefel…, II 204).

“Todo o MUNDO angélico é a substancialidade do Cristo segundo Sua essencialidade celeste, ‘criada’ segundo a personalidade da humanidade, mas fora disso Ele é incriado e eterno”. (Cartas, XII 56).

“Como o sol brilha por todo o MUNDO externo, fazendo com que todas as coisas se tornem mais poderosas e férteis, sem deixarem de ser distintos entre si (em seus centros corporais), do mesmo modo, o Cristo, como um Sol manifestado, brilha de Iahweh ou Jesus (da profundeza de), na humanidade criada de Cristo. Iahweh é o Sol divino e eterno, e dentro deste Sol encontra-se oculto de todas as criaturas o grande Amor-Sol de Cristo, como um coração no centro da Santíssima Trindade; mas pelo movimento da Divindade Ele se revelou como um Sol santo do amor divino”. (Cons. Stiefel…, II 422)

“O espírito desse MUNDO capturou o corpo, tornando-o terrestre; o corpo e a alma tornaram-se corruptos. Desta forma, não mais estamos em posse do elemento puro necessário para a formação de um corpo (puro), mas de uma protuberância dos quatro elementos em combinação com a influência das estrelas. Este corpo não pertence à Divindade. Deus não Se revela num corpo impuro, mas somente no homem santo (interiormente regenerado), na pura imagem que Ele criou no princípio. Nada mais havia de ser feito além de regenerar a imagem através do coração e da luz de Deus”. (Três Princípios…, XXIII 21).

“Como nos afastamos da liberdade do MUNDO angélico e adentramos a tortura escura, o poder e o verbo da luz tornou-se homem, e nos conduziu para fora das trevas, através da morte no fogo para a liberdade da vida divina, na essencialidade divina. O Cristo tinha que morrer e penetrar a essencialidade divina através do inferno e através da cólera da natureza eterna, para abrir um caminho para a nossa alma através da morte e através da cólera, onde devemos entrar com Ele pela morte, na vida divina”. (Encarnação de Cristo…, I 3, 7).

“Quando os dois reinos, a cólera de Deus e o amor de Deus estavam lutando um contra o outro, o Cristo surgiu como herói. Desejando render-Se à cólera (ao sofrimento causado pelos princípios baixos despertados para a consciência em consequência do pecado), Ele a extinguiu com Seu amor. Ele veio de Deus para este MUNDO e tomou nossa alma para Si, a fim de poder nos tirar do estado terrestre para Si próprio e nos conduzir à Deus. Ele nos regenerou em Si próprio, para que fossemos capazes de viver novamente em Deus, e para que pudéssemos colocar nossa vontade Nele. Com Ele fomos conduzidos ao Pai, à nossa primeira morada, ou seja, ao Paraíso, o qual Adão havia deixado”. (Encarnação de Cristo…, I II 6).

“Após o demônio ter falhado por duas vezes, ele se aproximou com a última e poderosa tentação (dizendo) que lhe daria todo o MUNDO se ajoelhasse e o adorasse. Adão já havia estado ansioso pela possessão deste MUNDO; ele desejou torná-lo seu; mas ao proceder desta forma, Adão afastou-se de Deus e foi capturado pelo espírito deste MUNDO. Agora, o segundo Adão havia que se submeter à essa tentação do primeiro Adão. Havia que ser testado se a alma permaneceria com o homem novo, santo e celestial, vivendo na graça de Deus ou no espírito deste MUNDO. Mas a alma de Cristo disse ao demônio: “Afasta-te de mim, Satã! Pois está escrito: ‘Deves adorar ao Senhor teu Deus, e Servir à Ele unicamente!’. Assim, o valente guerreiro conquistou, e o demônio teve que partir; tudo o que é terrestre foi superado pelo Cristo. Agora o Senhor está acima da lua, e tem todo o poder no céu e no inferno; Ele é Mestre da vida e da morte. Ele deu início ao Seu reino sacerdotal com sinais e milagres. Ele transformou a água em vinho, tornou são o doente, fez com que o cego enxergasse, e o coxo andasse e até despertou o morto para a vida. Ele se sentou na cadeira de Davi e passou a ser o verdadeiro sacerdote na ordem de Melquisedeck”. (Três Princípios…, XXII 3).

“A crença de que o Cristo teve uma morte natural em Sua qualidade humana não deve ser compreendida como se Sua alma criada houvesse morrido, e menos ainda que Ele houvesse perecido em Seu aspecto de ser divino, ou com relação à Sua essencialidade celeste e tintura celeste. Ele morreu unicamente com relação à Sua egoidade, ou seja, com relação à vontade e regime do MUNDO externo que governava no homem. Ele morreu com relação à vontade própria e aos poderes próprios da egoidade criada. Ele entregou tudo isso inteiramente nas mãos do Pai, o fim da natureza, o grande mistério do Pai; mas não para que isso fosse a morte, mas para que o Espírito de Deus estivesse ali, com toda a sua vida, e o poder divino existisse na personalidade de Cristo”. (Assinatura…, XII I).

“Quando o Cristo morreu, Ele não jogou fora o corpo que havia estado em Sua possessão sobre a terra, nem o deixou ser consumido pelos quatro elementos, mantendo (ou tomando) um corpo totalmente estranho (para a forma terrestre); Ele simplesmente repousou o sofrimento (a consciência exterior) deste MUNDO, e Se revestiu da imortalidade, a fim de que Seu corpo pudesse viver no poder divino, e não no espírito deste MUNDO”. (Três Princípios…, XXV 53).

“A atividade externa e a vida sensível, onde a cólera de Deus estava queimando, morreram, mas não que se tornaram um nada, apenas descenderam ao nada; ou seja, neste caso, na vontade de Deus, em Sua ação e sentimento. Com isso, ela se tornou livre da vontade do MUNDO externo, cuja vontade é boa e má, e não mais viveu no MUNDO e nas constelações com os quatro elementos, mas buscou a natureza do Pai, no elemento puro e divino. Assim, a verdadeira vida humana veio novamente a ocupar a posição que havia sido perdida por Adão, e entrou novamente no Paraíso”. (Assinatura…, XII 5).

“É errôneo supor que a alma de Cristo havia deixado o corpo e descendido ao inferno, e que ali, havia, no poder divino, atacado os demônios, atando-os com correntes, destruindo com isso o inferno. É melhor compreender que no momento em que o Cristo prostou o reino deste MUNDO, Sua alma penetrou a morte e a cólera de Deus, e com isso a cólera foi reconciliada no amor. Os demônios e todas as almas descrentes na cólera foram aprisionadas em si mesmas, e a morte foi rompida; mas a vida floresceu através da morte”. (Três Princípios…, XXV 76).

“Os santos, que colocaram sua fé no Messias, receberam então o elemento puro para um novo corpo, de acordo com a promessa. Pois, como o herói prometido penetrou a morte através da vida, suas almas se revestiram do corpo de Cristo, como num novo corpo, e viveram Nele através de Seu poder. Eram eles os santos patriarcas e profetas, que neste MUNDO foram ungidos no poder do Verbo de Deus, esmagando a cabeça da serpente e quem, pelo poder do Verbo havia profetizado e realizado milagres. Eles tornaram-se vivos no poder de Cristo”. (Três Princípios…, XXIV 52).

“Como as prisões do MUNDO de trevas deveriam ser destruídas na morte de Cristo, a terra tremeu e o sol se tornou negro, simbolizando que, como a luz eterna havia renascido, a luz temporal havia que deixar de existir”. (Grace, VII 8).

“Depois que o Pai trouxe a alma do redentor, que havia penetrado Sua cólera, de volta ao amor, ou seja, na imagem do Paraíso, que havia desaparecido, o MUNDO tremeu no terror da morte, como se fosse um terror de alegria, alegria que penetrou os corpos mortos daqueles que haviam esperado pela vinda do Messias, e os despertaram para a vida. Foi esse mesmo terror que rasgou a cortina do Templo, ou seja, o véu de Moisés, pendurado diante da clara face de Deus, a fim de que o homem não visse à Deus”. (Assinatura…, XI 71).

“O corpo no qual o Cristo surgiu dos mortos não podia ser detido por pedras ou lápides. Ele passa por todas as coisas sem nada quebrar; ele se apodera deste MUNDO, mas este MUNDO não pode apreendê-lo. Nada o pode fazer sofrer, pois nele encontra-se toda a plenitude da Divindade”. (Três Princípios…, XXV 87).

“Pois, aquilo que é feito de carne mortal irá retornar a terra. Nela reside a vaidade deste MUNDO. A carne deseja o que não é de Deus, e não pode ser considerado um Templo do Espírito Santo. Muito menos pode ocorrer ali uma regeneração espiritual da carne terrestre, porque ela morre e se dissolve, e é morada dos pecados. Mas o verdadeiro Cristão nasce de Cristo, e aquele que é regenerado é um templo do Espírito Santo que habita em nós”. (Regeneração, I).

“Observamos o MUNDO eterno com suas estrelas e os quatro elementos onde vivem os homens e todas as criaturas. Isso não é Deus, e não é chamado de ‘Deus’. Deus habita ali, mas a essência do MUNDO externo não O compreende. Da mesma forma, a luz brilha nas trevas, e as trevas não a compreende”.

Deus habita no MUNDO e preenche todas as coisas; no entanto, Ele nada possui. A luz habita nas trevas, mas não a possui; o dia habita na noite e a noite habita no dia, o tempo na eternidade e a eternidade no tempo; o mesmo ocorre com o homem. Ele próprio é o tempo, e vive com ele segundo seu aspecto externo; é desta mesma forma que o MUNDO externo existe no tempo; mas o homem interior é eternidade, MUNDO e tempo espiritual, tal como é criado na luz, de acordo com o amor de Deus, e nas trevas de acordo com Sua cólera. Seu espírito vive naquele princípio que nele está manifestado, seja nas trevas, seja na luz. Cada um deles habita em si mesmo; nenhum deles possui o outro; mas, se um penetra o outro e deseja possuí-lo, este o outro irá perder sua supremacia e poder. Se a luz se manifesta nas trevas, então as trevas deixam de ser trevas; e se as trevas surgem na luz, então a luz e seu poder serão extintos. As trevas eternas da alma constituem o reino do inferno; a luz eterna na alma é seu céu. O homem, portanto, é criado e vive nos três mundos. Um é o MUNDO das trevas eternas que surge do centro da natureza — natureza eterna — onde nasce o fogo como o tormento eterno; o outro MUNDO, é o da luz eterna, onde reside a alegria e o Espírito de Deus. É neste MUNDO de luz que o espírito de Cristo assume substancialidade humana. O terceiro MUNDO onde vive o homem, e do qual foi gerado, é o MUNDO visível externo, com seus quatro elementos, e as estrelas visíveis”. (Regeneração, I).

“Através da introdução da vontade divina o homem reúne-se a Deus e renasce em sua natureza emocional. Ele começa a morrer com relação ao egoísmo do falso desejo (dentro dele) e a se regenerar em novo poder. Ainda há a qualidade carnal atraída a ele, mas no espírito ele caminha com Deus; desta forma, nasce no homem de carne terrestre um novo homem espiritual com percepções divinas e com uma vontade divina, matando dia após dia, a luxúria da carne, e pelo poder divino, começa a render o MUNDO, ou seja, a vida externa; Ele começa a fazer com que o céu, ou o MUNDO espiritual interior, se torne visível no MUNDO externo; Deus torna-se homem e o homem Deus, até que a árvore, finalmente, atinja a sua perfeição, quando a casca externa irá cair, e ela aparecerá como árvore espiritual da vida no jardim de Deus”. (Mysterium, Supplement, VIII).

“Ninguém deve se imaginar seguro após ter obtido a coroa de pérolas, pois pode perdê-la novamente. A alma, durante sua vida terrestre, está acorrentada por três temerosas correntes. Primeiro pela severa cólera de Deus, o abismo e as trevas do MUNDO, que é o centro da vida criada da alma, cuja raiz mais íntima é o desejo. A segunda corrente é a ânsia ígnea do demônio pela alma, que tenta a alma e busca, incessantemente, tirá-la do repouso da verdade divina para cair na vaidade, no orgulho, na avareza, na inveja e na raiva; através destas propensões malignas, ele procura ventilar o fogo na alma, a fim de que se afaste de Deus e penetre o egoísmo. Mas a terceira e mais perigosa corrente é a do corpo e do sangue, corruptíveis, fúteis, terrestre e mortal, cheios de desejos e inclinações malignas, juntamente com a região astral (plano astral), onde, como num grande oceano, a alma está flutuando, o que a faz ser, diariamente, inflamada e infectada pelo pecado”. (Três Princípios…, XXV 7).

“A pobre alma está tão cega que nem mesmo reconhece as pesadas correntes às quais está atada. Todo o MUNDO está cheio de armadilhas arrumadas pelo demônio, com o propósito de capturá-la. Se o homem exterior tivesse seus olhos (espirituais) abertos, ficaria aterrorizado. Tudo o que o homem vê ou toca, ali há uma armadilha do demônio, e se o Verbo do Senhor, tendo se tornado humano, não estivesse ocupando o meio, o demônio capturaria e devoraria todas as almas”. (Encarnação de Cristo…, XI 6).

“Que ninguém pense que a árvore da fé Cristã possa ser vista ou conhecida no reino deste MUNDO. O homem externo não a reconhece, e mesmo que o Espírito Santo se manifestasse no espelho exterior, a vida externa tornar-se-ia satisfeita e tremeria de prazer, e pensaria ter recebido o convidado esperado; ela então acreditaria, ainda que não ocorra ali uma duração perfeita; o Espírito de Deus não permanece constantemente na mente terrestre. Ele quer ter um vaso limpo, e sempre que retorna a seu princípio — sendo este a verdadeira imagem — o ser externo torna-se duvidoso e cheio de medos”. (Encarnação de Cristo…, CXI 8).

“O homem interior mata continuamente o exterior através do amor e doçura de Deus, a fim de que o externo não possa introduzir na alma-fogo seu desejo terrestre venenoso, que está infectado pelo demônio; mas o homem exterior não pode ser inteiramente destruído, pois se isso ocorresse o reino deste MUNDO o deixaria inteiramente”. (Cons. Stiefel…, I 51).

“Ninguém deve querer conhecer seu estado de santidade enquanto viver neste MUNDO, mas continuar extraindo a seiva de Cristo de sua própria árvore, permitindo que ela dê os ramos ou brotos que escolher”. (Cons. Stiefel…, CXI 345).

“Para o piedoso, a luz surge das trevas e o dia da noite. Para eles a fortuna resulta do infortúnio, e da maldição e da malícia deste MUNDO cresce para eles o paraíso. São Paulo diz: ‘Para aqueles que amam à Deus, tudo acontece para o melhor’”. (Mysterium , LXVI).

“O reino celeste nos santos é ativo e consciente em sua fé, por onde sua vontade se integra a Deus; mas a vida natural é cercada pela carne e pelo sangue e está relacionada, ao contrário, à cólera de Deus. Assim, a alma está sempre na angústia quando o inferno precipita-se sobre ela, desejando nela se manifestar; mas ela mergulha na esperança da graça divina, e permanece como uma bela rosa entre os espinhos, até que na morte do corpo o reino deste MUNDO dela se afasta. Só então, quando não há mais nada que a obstrua, ela será plenamente manifestada no reino de Deus”. (Vida Suprasensual…, XXXIX).

“Cara alma, se desejas a luz de Deus, e também a luz deste MUNDO, se desejas alimentar seu corpo (e mente), e (ao mesmo tempo) busca os mistérios de Deus, faça aquilo que o próprio Deus faz. Um olho de sua alma olha a eternidade, o outro a natureza. Esse busca continuamente no desejo e cria um espelho atrás do outro. Que assim seja. Assim deve ser, pois Deus assim o quer. Mas o olho voltado para a eternidade não pode se voltar para o desejo (longe de Deus); é através dele que se busca virar o outro para si mesmo, e não deixá-lo se desviar de ti; ou seja, não deixe ele se afastar do olho que mira a liberdade. Coloque sua vontade naquilo que está fazendo, lembrando de que é um servo da vinha de Deus; quer dizer, do Eterno; mergulhe sua vontade a cada instante na humildade diante de Deus; então sua imagem irá caminhar na humildade com sua vontade na majestade de Deus, e será iluminada perpetuamente pela triunfante luz de Deus”. (Quarenta Questões…, XII 28).

“Por teu próprio poder não há como manter a tranquilidade, que nenhuma criatura pode alcançar. Deves te entregar completamente à vida de nosso Senhor Jesus Cristo, oferecendo a Ele toda tua vontade própria e desejo, a fim de que não desejes nada fora Dele. Estarás então neste MUNDO e em suas qualidades, no que concerne ao teu corpo. Com tua vontade estarás nos pés da Cruz de Cristo, e com tua vontade irás caminhar no céu, no ponto de onde surgem todas as criaturas, e para onde todas retornarão”. (Vida Suprasensual…, IX).

“Quando uma pessoa neste MUNDO morre aparece diante do anjo que em sua espada carrega a morte e a vida, o amor e a cólera de Deus. Ali sua alma passa pelo julgamento, nos portais do paraíso. Se foi capturada pela cólera de Deus, não será capaz de passar pela porta, mas se é uma criança da virgem, nascida da semente da mulher (celestial), então ela passará. O anjo irá cortar de sua natureza, aquilo que fora gerado pela serpente, e a alma irá então servir a Deus em seu santo templo no Paraíso, esperando ali pela ressurreição de seu corpo (celestial)”. (Mysterium, XXV 2).

“Não há três almas separadas no homem, mas apenas uma. Essa alma permanece em três princípios, ou seja, no reino da cólera, no reino do amor de Deus e no reino deste MUNDO. Quando o ar do reino externo deste MUNDO deserta a alma, ela se manifesta ou no obscuro reino do fogo ou no santo reino da luz, que é o reino do fogo-amor, o poder de Deus. Seja qual for o plano com a qual ela se envolveu durante sua existência terrestre, ali ela permanece depois que o reino externo a deixa”. (Mysterium, XV 24).

“O homem já está no céu o no inferno, neste MUNDO, onde quer que esteja corporalmente. Se seu espírito está em harmonia com Deus, ele estará então espiritualmente no céu e sua alma encontra-se em Deus. Se ele espiritualmente habita a cólera, então já está no inferno e em companhia dos demônios”. (Aurora, XX 86).

“Cada um precisa simplesmente examinar sua própria qualidade e ver em que direção é carregado pela sua vontade. Então saberá a que reino pertence e se é realmente um homem (na imagem de Deus), como ele fantasia ou pretende ser, ou uma criatura do MUNDO de trevas, um cachorro raivoso, um pavão vaidoso, um macaco luxurioso ou uma cobra venenosa. Se, então, a essência dos quatro elementos o deixarem na morte, nada irá permanecer com ele senão a consciência interna, má e envenenada”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 37).

“Se um homem tem um desejo constante por Deus; se seu desejo é tão poderoso a ponto de possibilitá-lo a parar e voltar-se para a humildade, as essências malignas, quaisquer que sejam, começarão a queimar; se ele puder resignar a todas as coisas que neste MUNDO brilham e enganam; se puder fazer o bem no lugar do mal; se é poderoso o bastante para dar aos necessitados tudo o que pertence ao exterior, seja dinheiro ou bens; e se está pronto a desertar todas as coisas por causa de Deus, penetrando um estado de miséria com esperança certa no eterno; se nele surgir o poder divino, para que possa despertar ali o reino da alegria e provar Deus; tal pessoa carrega consigo a imagem divina com a essência celestial mesmo durante sua vida terrestre, a imagem em que Jesus nasce da virgem. Ele não irá morrer eternamente, mas simplesmente irá deixar o reino terrestre abandoná-lo, este que foi, durante essa vida, uma oposição e um impedimento com o qual Deus o cobriu”. (Seis Pontos Teosóficos…, VII 44).

“Uma fé alcança a outra. A fé do vivo pega a fé dos santos, e a fé realiza o milagre. A fé pode remover montanhas. Poderia destruir o MUNDO, se Deus a dirigisse”. (Quarenta Questões…, XXVI).

“Não é possível descrever, por antecipação, o tipo de purgatório que tal alma terá que passar; através de sua pequena chama (de amor), ela pode penetrar na vida eterna. O MUNDO não acreditaria em tal descrição; o MUNDO é muito esperto, e muito cego para compreender. As pessoas sempre se apegam à letra. Desejo, por Deus, que ninguém passe por essa experiência; Prefiro ficar quieto e não falar nada sobre o assunto”. (Quarenta Questões…, XVIII).

“O espírito deste MUNDO não conhece seu próprio ser, a menos que seja aquela outra luz que brilha no espírito — a luz em que a mente pode repousar e conhecer seu próprio ser”. (A Vida Tríplice…, V 28).

“Aprenda a conhecer o guia do MUNDO interior e também o guia do MUNDO exterior, é conhecer a escola mágica dos dois mundos. Então nossa mente estará livre da desilusão, pois na desilusão não há perfeição. O espírito deve ser capaz de alcançar o mistério. O Espírito de Deus deve ser o guia no desejo do homem. Sem isso o homem estará simplesmente no mistério exterior, no céu externo da constelação, que frequentemente incita e guia a alma humana; mas ele não possui a escola de magia divina, que só existe numa mente infantil e simples”. (Epistl. XI 62).

“Não há luz, nem deste MUNDO, nem de Deus, apenas a luz da ignição de seu próprio fogo, sendo ele um terrível inimigo, a carne de sua cólera. O tipo de angústia destas almas diferem segundo à qualidade daquilo que a alma se carrega. Para tal alma não há auxílio; ela não pode penetrar a luz de Deus; e mesmo que São Pedro tivesse deixado mil chaves sobre a terra, nenhuma delas abriria a porta, pois ela já rompeu o laço que a conectava com a Divindade”. (Veja: Três Princípios…, XIX).

“Tudo o que fazemos, pensamos e desejamos em nosso ser exterior é obra do espírito deste MUNDO, atuando em nossa constituição; pois o corpo nada mais é do que o instrumento daquele espírito onde opera, e como todos os outros instrumentos que nascem do espírito deste MUNDO, irá, por fim, se desfazer e se decompor. Portanto, nenhum homem deve desprezar ou condenar outro homem, caso este não possua as mesmas qualidades que ele; pois o céu natural (a constelação) constrói cada homem segundo a natureza das influências regentes. Ele fornece a cada pessoa seus caminhos, modos e caracteres, além de seus desejos e intintos, e isso não pode ser arrancado do homem externo enquanto o céu externo não romper sua constituição animal. Mas se o homem externo não faz o que o espírito do MUNDO externo deseja nele, mas é forçado a abandonar o que é falso e ilusório, então tal poder não procede do céu externo, mas do novo homem interior, que precede da eternidade e batalha contra o homem terrestre”; normalmente ele alcança uma vitória sobre o segundo”. (Três Princípios…, XXV 6).

“O MUNDO externo ou a vida externa não é um vale de sofrimento para aqueles que o aproveitam, mas apenas para aqueles que conhecem uma vida superior. O animal desfruta da vida animal; o intelectual desfruta do reino intelectual; mas aquele que penetrou a regeneração reconhece sua existência terrestre como um peso e uma prisão. Com esse reconhecimento, toma para si a Cruz de Cristo”. (Epistles. Ii 34).

“O corpo animal não é seu lugar de origem, próprio dele, onde está em casa; o verdadeiro homem, regenerado e recém-nascido em Cristo, não está neste MUNDO, mas no paraíso de Deus; e embora o corpo animal morra, nada acontece ao novo homem, que surge da vontade contrária e da casa do tormento para o seu lugar de origem. Não há necessidade de remoção para qualquer lugar ou distância, pois Deus encontra-se revelado em nele, por toda parte”. (The Epistles, XXV 13).

Deus é a unidade eterna, o imensurável bem único, não tendo nada antes ou depois dele que pudesse dotá-Lo de algo ou movimentá-Lo. Não há Nele qualquer inclinação ou qualidades, não há princípio no tempo, dentro de si apenas a unidade. É a própria pureza, sem nenhum contato; não necessita lugar ou localidade para sua habitação, estando ao mesmo tempo fora e dentro do MUNDO. Em sua profundidade nenhum pensamento pode penetrar, nem pode sua grandiosidade ser expressa em números, pois é infinito. Tudo o que pode ser contado ou medido é natural ou figurativo, mas a unidade de Deus não pode ser definida. Ele é tudo, e tem sido reconhecido como bom, e é chamado “bom”, pois é eterna brandura e beneficência com a sensibilidade da natureza e da criatura, o mais doce amor. Pois, a unidade em seu aspecto bom, emana de si mesma, introduzindo-se em vontade e movimento. Ali, a unidade vive e penetra a vontade ou o movimento, os quais experimentam a brandura da unidade. Este é o fundamento do amor na unidade, do qual Moisés diz: ‘O Senhor ou Deus é um Deus santo, e não há outro além dele’” (Theosophical Questions I I).

“A virgem diz: Algo em ti me contraria. Eu te criei e te tirei do meio dos espinhos. Quando eras um animal selvagem, eu te configurei em minha própria imagem. Mas o animal selvagem está entre os espinhos: isso eu não vou tomar em meu peito. Você ainda vive com seu animal selvagem. Quando o MUNDO tomar esse animal, já que a ele pertence, então eu te tomarei. Assim, cada um irá tomar o que lhe pertence. Por que então amas tanto aquele animal selvagem que não te causa mais nada além de dor? Não podes carregá-lo contigo. Ele não te pertence, mas ao MUNDO. Que o MUNDO o use como puder, mas permaneças tu comigo. Será por pouco tempo; logo seu animal irá se quebrar, e tu dele te livrarás, e permanecerás comigo. Como irás regozijar-te, se pensares naquele animal, que te afligia dia e noite, e ver que dele estas livres. Como uma flor cresce da terra, tu te elevarás acima de teu animal selvagem. Tu dizes: ‘Sou teu animal; tu nasceste em mim’. Ouça, meu animal! Sou maior que tu. Quando estavas por vir, eu era tua construtora. Minhas essências saem da raiz da eternidade; mas tu pertences a este MUNDO. Tu irás te quebrar, mas eu permaneço eternamente em meu poder. Portanto sou muito mais nobre que tu. Tu vives na cólera; mas eu irei colocar minha cólera assustadora na luz, na alegria eterna. Minhas obras estão no poder, enquanto as tuas permanecem como sombras. Quando eu estiver livre de ti, nunca mais irei te aceitar como meu animal; mas, (tomo) meu novo corpo, o qual estou regenerando na mais profunda raiz do elemento santo”. (Princípios, XXI 69).

“Eleve tua mente no espírito, veja que toda a natureza, com todos os seus poderes, com sua profundidade, largura e peso, céu e terra, e tudo que ali se encontra e acima dos céus, é o corpo de Deus, e os poderes das estrelas são as artérias do corpo natural de Deus neste MUNDO”.(Aurora, II 16).

“Nem no céu, nem na terra; nem dentre as estrelas ou elementos, podemos encontrar algum caminho que nos leve ao repouso. Mal entramos na vida, e depois disso é o fim, quando nosso corpo nascerá de volta na terra e todas as nossas obras, trabalhos, ciências e glórias serão herdadas por outros, que também se incomodam por um tempo, com as mesmas coisas, e então nos seguem (para a morte). Isso ocorre desde o princípio do MUNDO até o seu fim. Durante nossa miséria nunca poderemos saber onde permanece nosso espírito quando o corpo cai e se torna cadáver, a menos que sejamos recém-nascidos, fora deste MUNDO; de modo que, embora vivamos neste MUNDO, em nosso corpo, habitamos na nossa alma e espírito em outra vida, nova, perfeita e eterna. Ali, um novo homem será encontrado em nosso espírito e alma, e ali deverá ele viver eternamente. Somente nesta nova forma aprenderemos a conhecer o que somos e onde está nossa verdadeira casa”. (Princípios, XXII 5).

“Se te dizes um Cristão, por que então não acreditas nas palavras de Cristo, quando diz: ‘Eu estarei contigo até o final do MUNDO’; diz ainda que Ele nos dará seu corpo por alimento e Seu sangue como bebida. Tu perguntas: ‘O Cristo foi para o céu, como poderia estar neste MUNDO?’ Talvez concordes com o fato de que Ele esteja presente conosco em Seu espírito Santo. Mas o que seria do homem recém-nascido em ti, se fosse alimentado unicamente pelo espírito, sendo esse unicamente alimento para a alma? Cada vida alimenta-se de sua própria mãe. A alma é espírito, como do alimento espiritual; o homem recém-nascido prova do elemento puro, e o homem externo daquilo que provém dos quatro elementos”.

“Naquela qualidade em que cada palavra na voz humana no ato do pronunciamento se forma e se manifesta, até no amor de Deus, assim como nos santos Ens, ou na cólera de Deus; na mesma qualidade ele irá ser tomado novamente, após ter sido pronunciado. A palavra falsa torna-se infectada pelo demônio, e selada pelo (futuro) detrimento, e é recebida no Mysterium da cólera, como na qualidade do MUNDO de trevas. Cada coisa retorna com seu Ens para aquele lugar de onde teve sua origem”. (Mysterium Magnum, XXII 6).