Frithjof Schuon O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA
- …a gnose das duas religiões fundamenta-se no mistério do Amor divino, observado em cada caso de acordo com o seu traço característico. O amor da teofania simultaneamente divina e humana, no Cristianismo, e o amor do Princípio ao mesmo tempo transcendente e imanente, no Islamismo.
- É preferível realizar a piedade interior a concretizar sem o amor de Deus nem o do próximo, e até por hipocrisia, as manifestações ou os alicerces exteriores dessa piedade, pois esta tem justamente toda a sua razão suficiente no amor de Deus.
- Pois a alma, sendo feita de amor, é inteligente, portanto capaz de objetividade e de superação; e o espírito, sendo feito de inteligência, é sensível à beleza, à bondade, à felicidade e nelas se reconhece.
- Segundo um célebre hadith, Deus era um tesouro escondido que quis ser conhecido e que, por esse motivo, criou o mundo. Estava oculto aos homens ainda inexistentes; consequentemente, a inexistência dos homens foi o primeiro véu. Portanto, Deus criou o mundo para os homens, para ser conhecido por eles e a fim de projetar a sua própria Felicidade em inúmeras consciências relativas. É por isso que se tem dito que Deus criou o mundo por amor.
Ananda Coomaraswamy: DA PERTINÊNCIA DA FILOSOFIA
…supondo que haja uma analogia infalível que relaciona todos os planos de existência uns com os outros, todas as formulações metafísicas viram no amor humano uma imagem de felicidade divina (purnananda), imaginada não como uma contradição, e sim como uma transformação (paravrtti) de sentimento sensual. Esta é a teoria do amor platônico segundo a qual, como disse Ibn Farid, “o encanto de todo rapaz simpático e de toda moça bonita lhes é emprestado pela beleza d’Ele”; é um ponto de vista que também está implícito na concepção que Erigena tinha do mundo como teofania, que na doutrina escolástica do vestigium pedis era o traço ou pegada da divindade no tempo, que tem um equivalente no simbolismo zen e no védico. O que isso significa na tradição atual é que quem foi amado na terra tem de ser percebido lá não como é em si mesmo e sim como é em Deus, o que é o caso de Dante e Beatriz, Ibn Arabi e Nizam e Chandidas e Rami. A beleza do Amado lá já não é mais contingente e simplesmente uma participação ou reflexo, como é aqui, é a beleza da Sabedoria Supernal, a sabedoria da Madona Única, a sabedoria do ser intrínseco da Noiva, que “faz chover chamas de fogo” (O Banquete) e como claritas ilumina e guia o intelecto puro. Nessa última estação, que está oculta (guhyam padam), a natureza e essência, Apsaras e Gandharva, são uma só coisa indivisível que nada sabe de um “dentro” nem de um “fora” (na bahyam kimtana veda anantaram, BU.IV.321), que é a sua felicidade suprema e a felicidade de toda consciência libertada.
Alan Watts: LA SUPREMA IDENTIDAD
La atracción a la unidad. Actualización misericordiosa de la Voluntad divina irrigando todos los soportes de la manifestación.
«El amor que Dios prodiga a sus servidores, según un proceso sin fin, es en su esencia el principio mismo de su ser» (Ibn Arabi, TRATADO DEL AMOR)
«La experiencia cristiana siente que la fuente de poder reside en la caridad (agape) más que en el conocimiento (gnosis), y sospecha de la metafísica porque ésta parece exaltar el conocimiento por encima del amor (bhakti). Sin embargo, es imposible separar al conocimiento metafísico de la caridad divina; en la comprensión el conocimiento y el amor son una sola cosa, y la identidad de ambos se encuentra en el antiguo uso del verbo “conocer” al hablar del amor entre el hombre y la mujer. El conocimiento del Espíritu no es aquel pretendido conocimiento que proporciona orgullo espiritual, y que más correctamente debiera llamarse «información». Conocer la Realidad última es conocer y ser uno con la “caritas” misma.