A partir da afirmação de Eckhart, “Todas as
virtudes que tenham sido exercidas por toda a raça humana te pertencem tão perfeitamente como se tivesses as exercido tu mesmo — com efeito, até mais claramente e melhor”, Mathe Fox que em tal existência nós mesmos estaríamos dando nascimento ao
amor e ao
Espírito Santo como o
Filho faz. “O
amor com o qual amamos é o
Espírito Santo”. Assim fazendo, estamos certamente dando nascimento a
Deus. Pois Eckhart não apenas diz “
Deus é amor”, mas que “
amor é Deus”. “
Amor em seu nível mais puro e desprendido nada mais é que em
si mesmo Deus”. Ele não distingue dualisticamente entre um
amor para criaturas e um
amor para Criador, como muitos teólogos espiritualistas fazem. Ao invés, a
diferença em
amor é dentre de nós mesmos. Se nosso
amor é verdadeiramente aquele que desprende-se, então todo
ato de
amor, para com amigos e criaturas igualmente, partilha do
Espírito Santo. Todo momento através do qual somos movidos para o
amor é um momento no qual nada outro nos move a não
ser o
Espírito Santo. Todo movimento de
amor é inspirado por
Deus, Eckhart nos diz.
Eckhart investiga assim o que
amor significa na frase de Jesus no
Evangelho de João, “amai-vos uns aos outros”. Ele diz duas coisas sobre a experiência do
amor humano que por sua vez aplicam-se a nossa experiência do
amor divino. A primeira destas é que o
amor é entre iguais. “
Amor nunca estará em algo onde igualdade e unidade estão. Onde não há igualdade — como entre um
mestre e seu servo — não há
amor. Mas onde há igualdade — como entre
esposo e
esposa — pode de
fato haver
amor. Verdadeiro
amor, Eckhart nos diz, é verdadeira união. “Quando um não é o outro” não pode haver qualquer
amor, pois então “há dois e aí encontramos deficiência”.
Amor é o fim das separações e dualismos. Esta lição aplica-se a nossa necessidade de amar nossos inimigos, como sugerido no
Sermão da Montanha, e também aplica-se ao
amor de Deus para conosco. Como, diz Eckhart, “dois não podem manter-se um com outro”, porque em tal situação “um deles” seria forçado a submeter seu
ser, então o mesmo vale entre
Deus e as pessoas. Não somos dois em nossa
relação de
amor com
Deus mas um. Não somos mais humanos mas divinos. Assim Eckhart usou a analogia do
amor matrimonial para descrever como nosso
amor — como aquele da vinha e das ramas — é com
Deus. Se
Deus é uma vinha divina e somos as ramas, também somos divinizados.