Dialogo com Pilatos

PAIXÃO — DIÁLOGO COM PILATOS (Jo 18, 28-40)

EVANGELHO DE JESUS: Jo 18:28-40


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Tomas de Aquino: CATENA AUREA


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 106
Sem dúvida, o relato da criação afirma a coexistência de três reinos, dois criados e próprios do mundo, os céus e a terra que hão de passar, e um não criado, preexistente, que foi expressado pela locução Haja luz. Deste Reino, o primeiro, denominado nos evangelhos a Palavra, não se pode dizer que é do mundo, embora certamente, está no mundo. Por isso pôde dizer Jesus: Meu Reino não é deste mundo (Jo 18,36).


Frithjof Schuon: Christianisme/Islam
“O meu reino não é deste mundo”: esta sentença implica que as coisas deste mundo devem ser vividas em relação a outro mundo, não contemplativa e unitivamente, mas de uma maneira moral, separativa, limitativa; não são portanto os conteúdos cosmologicamente “verticais” que importam, são os continentes “horizontais”, os planos superpostos, a terra e o céu, a “carne” e o “espírito”, e “ninguém pode servir a dois mestres”. Do lado muçulmano, faz-se valer que o Profeta aporta “não somente os bens do outro mundo, mas também os bens deste mundo aqui”, quer dizer que não há alternativa a não ser sob uma certa relação e que, sob uma outra relação, há compatibilidade e interação, as duas posições espirituais e morais sendo relativas e condicionais. O ponto de vista cristão se funda sobre a consideração axiomática e quase exclusiva da decadência humanamente irremediável da alma, a mesma sendo abandonada sem esperança à concupiscência, à identificação com as paixões, ao orgulho; o ponto de vista judeo-islâmico, em contraposição, parte da consideração da natureza humana específica, deiforme e sob esta relação incorruptível, em seguida do simbolismo positivo das coisas naturais, nem nossa decadência nem aquela do mundo ambiente não podendo ser substancial, logo absoluta. Segundo o Islã, ou não há “pecado original”, ou este pecado não é absoluto e não compromete a capacidade salvadora da alma; capacidade condicionada objetivamente pela Lei e a Graça, e subjetivamente pela fé e o esforço.


Filosofia
Michel Henry: EU SOU A VERDADE
«Eu nasci…» (Jo 18,37). Se, como estabeleceu a fenomenologia do nascimento, este não é possível senão na vida e nenhuma parte mais, a princípio, o Cristo, em sua última declaração a Pilatos, já situou o gênero de verdade onde se cumpre sua Aparição original. Esta verdade, é aquela da vida. Vir à vida, todavia, a fenomenologia do nascimento mostrou igualmente, não significa então vir à vida na condição de vivente, mas vir à vida a partir dela e desta maneira somente. Quer dizer vir à vida a partir deste auto-engendramento da Vida absoluta que é o Pai. No dizer do Cristo sobre ele mesmo, está aí a afirmação a mais grave, a mais categórica, aquela que será reiterada sem cessar, com veemência. «É de Deus que saí e que venho” (Jo 8,42).