Conventos Femininos

Eckhart Seguidores — CONVENTOS FEMININOS

Giuseppe Faggin — Meister Eckhart e a mística medieval alemã

Inevitavelmente este movimento dos seguidores de Eckhart (com destaque para Tauler) também se difundiu nos diferentes conventos femininos, em Töss, em Engelbert, em Unterlinden, em Constanza, etc. e não faltaram as mulheres representativas que, como Isabel Stagel (que morreu em Tossem 1350 ou em 1360), Cristina Ebner (nasceu em 1277, morreu em Engelthal em 1355), Margarida Ebner (nasceu por volta de 1291, morreu em 1351), constituíram em seus conventos, em torno do encanto de sua personalidade e de sua piedade, fervorosos centros de vida religiosa. Mas aqui, naturalmente, o vigor da metafísica de Eckhart e a estrutura profundamente especulativa de sua mística são substituídos pelas expansões sentimentais e por um mitologismo fantasioso que não tem quase nenhuma relação com o pensamento e com a problemática da vida religiosa. Tratados e sermões de Eckhart, de Suso, dos Amigos de Deus e de outros escritores anônimos de ascética e de mística, promovem nestes claustros o fervor e os entusiasmos do Divino; mas estes entusiasmos não encontram coordenação nem agrupamento consciente em uma reelaboração racional e se dispersam no abandono das confidencias afetivas ou das descrições das experiências interiores. Também a literatura destes cenáculos — como grande parte da literatura romântica — se esgota no impressionismo das cartas e dos diários. Nas 48 cartas enviadas por Henrique de Nördlingen a Margarita Ebner (um dos primeiros documentos do gênero na Alemanha): na correspondência desta com Tauler, nas cartas dirigidas por Suso a Isabel Stagel e a outros filhos espirituais, e por Eckhart a Ana de Ramswag, monja do convento de Katharinental perto de Diessenhofen e em todas as que Oehl nos deu a conhecer, no Diário em que Cristina Ebner anotou, desde 1317 até 1352, suas meditações e suas visões, como também na obra Von der Genaden Ueberlast que se lhe atribui — onde se narram as vidas de algumas monjas devotas —, nas Revelaciones em que com ingênua sinceridade Margarida Ebner nos fala de sua devoção pelo menino Jesus e — com expressões que lembram Catarina de Siena — das bodas místicas e de suas íntimas doçuras e nas recordações — reunidos por Isabel Stagel de viva voz de seu mestre Suso — se encontra sempre a mesma necessidade de confissão individual e de introspecção, incapaz de sair da esfera das confidencias sentimentais e dos colóquios suaves do coração com o Invisível para penetrar, mais além do imediato e do vivido, na luz dos pensamentos universais. Também os versos alemães em que Isabel Stagel traduziu as palavras latinas de Suso e nos vários poemas edificantes que se descobrem pelas bibliotecas dos antigos conventos, encontramos sempre o mesmo misticismo prático e afetivo, muito afastado já do espírito de Eckhart. A viva e emocionada especulação do grande Mestre reaparece tão só em seus verdadeiros seguidores, em Suso, em Tauler na Teologia Alemã, mas sobretudo em Cusano, cuja grandiosa síntese metafísica é uma das etapas mais esplêndidas da intuição filosófica que descende de Platão e de Plotino. Na época luterana sua ensinança inspira a Valentin Weigel, a Sebastian Franck e ao Faber stabülensis e encontra finalmente no século XVII, em Angelus Silesius, seu poeta, que saberá renovar em dísticos admiráveis, a síntese eckhartiana de imagem e de ideia e imortalizar, em símbolos audazes, os motivos fundamentais da mística alemã:

Nascera Cristo mil vezes em Belém,
se em ti não nasce, estás perdido eternamente.
A rosa é sem porquê: floresce por florescer,
não cuida de si, não pede para ser olhada.

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