DIANOIA = ENTENDIMENTO, RATIO
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Tomás de Aquino
“A razão, porém, difere do intelecto como da unidade a multidão. . . É realmente próprio da razão difundir-se a respeito de muitas coisas, e delas coligir um só conhecimento simples… O intelecto, pelo contrário, começa considerando uma só e simples verdade, e nela assume o conhecimento de toda a multiplicidade” In Boeth. de Trin., 6, 1 c; “Inteligir é, com efeito, simplesmente apreender uma verdade inteligível; raciocinar, porém, é ir de uma coisa inteligida à outra a fim de conhecer uma verdade inteligível” Summa th., I, 79, 8; “Mas a palavra intelecto é tirada da íntima penetração da verdade, ao passo que o termo razão provém da inquisição e do discurso”, Summa th., II. II, 49, 5 ad 3. Sobre isso, JOH. B. LOTZ, “Verstand nnd Vernunft bei Thomas von Aquin, Kant und Hegel”, Der Mensch im Sein, Freiburg im Breisgau, 1967, PP. 76-98.
Nicolau de Cusa: DA DOUTA IGNORÂNCIA
O conhecimento sensível é um conhecimento restrito, pois a sensação só alcança o particular. O conhecimento intelectual é universal, porque comparado com o conhecimento sensível, existe absolutamente e separado da restrição particular. Porém a sensação está restrita de diversos modos, segundo diversos graus, restrição de onde nascem as diversas espécies DS seies vivos, segundo o grau de nobreza e de perfeição; e embora a sensação não se eleve ao grau simplesmente máximo, como antes mostramos, no entanto, na espécie que é mais alta em ato no gênero da Animalidade, a espécie humana, a sensação produziu um animal que, ainda que sendo animal, é também entendimento. Com efeito, o homem é entendimento pessoal, visto que a restrição sensível apoia-se, estando-lhe subordinada, na natureza intelectual, e esta é uma certa maneira de ser, divina, separada, abstrata, enquanto a natureza sensível é temporal e corruptível conforme a sua essência. Por longínqua que seja a comparação, assim se deve considerar Jesus: a humanidade apoia-se hipostaticamente em sua divindade, visto que não poderia ser máxima em sua plenitude de outro modo.
Pois o entendimento de Jesus, que é perfeito, existente plenamente cm ato, só pode apoiar-se hipostaticamente, de um modo pessoal, no entendimento divino, único que é todo em ato. Com efeito, o entendimento de todos os homens pode ser todas as coisas, passando gradualmente da potência ao ato, de maneira que quanto maior for o ato, tanto menor será sua potência. Porém o entendimento máximo, que é fim supremo da potência de toda natureza intelectual, só pode existir plenamente em ato se é entendimento na medida em que é igualmente Deus, que é todas as coisas em tudo; a natureza humana é o polígono inscrito em um círculo e o círculo, a natureza divina; se o polígono fosse tão grande quanto o passa ser, não existiria por si mesmo com seus ângulos definidos mas na figura do círculo, e não teria assim figura própria para existir, figura que se pudesse separar, com o pensamento que fosse, da figura eterna do círculo.
A maximidade da perfeição da natureza humana alcança-se nas coisas essenciais e substanciais: portanto, no que concerne ao entendimento, de quem é escravo tudo o que corresponde ao corpo. E, por conseguinte, o homem perfeito até o máximo não se deve elevar nas coisas acidentais mas nas que se referem ao entendimento. Não se pode pedir a um gigante ou a um anão que um tenha a estatura, a cor, a forma, etc, do outro. Só se pode exigir uma coisa: que o corpo evite suficientemente os extremos para ser um instrumento perfeitamente próprio da natureza intelectual, à qual deve obedecer e submeter-se sem réplica, sem murmuração, sem fadiga.
Nosso Jesus, em quem se ocultaram todos os tesouros da ciência da sabedoria, inclusive durante sua permanência no mundo, como uma luz nas trevas, teve, segundo cremos (de acordo com a tradição dos santos testemunhos de sua vida), um corpo perfeito e perfeitamente apto para esse fim da natureza intelectual levada a seu mais alto grau.
Frithjof Schuon: O ESOTERISMO COMO PRINCÍPIO E COMO VIA
No conhecimento, deve-se estabelecer uma distinção entre o aspecto de analogia e o de identidade, pois aí encontraremos a diferença fundamental entre o pensamento racional e a inspiração intelectual, no sentido próprio e exato deste adjetivo. O aspecto de analogia é o da descontinuidade entre o centro e a periferia: as coisas criadas, inclusive os pensamentos — portanto, tudo aquilo que constitui a manifestação cósmica -, estão separadas do Princípio; as realidades transcendentes apreendidas pelo pensamento estão separadas do sujeito pensante. Isto significa que o conhecimento racional ou mental é como um reflexo separado de sua fonte luminosa, reflexo este, no entanto, exposto a todos os tipos de perturbações subjetivas.