Resíduos Psíquicos [VPRJ]

A RESPEITO DOS «RESÍDUOS PSÍQUICOS»

  1. Guénon admite a persistência de um magma psíquico residual depois da morte corporal da individualidade humana. Este resíduo pode manifestar-se?
    • Vestígio do estado sutil precedendo à desaparição do ser humano, não se trata mais do estado sutil da individualidade viva assim como o cadáver não é o antigo ser animado. Vide FENÔMENOS ESPÍRITAS
    • Trata-se de manifestação de forças e não mais de consciência corporal autônoma e voluntária, forças que teriam somente guardado algumas propriedades do organismo animado antes do “exitus”.
    • Guénon compara as “propriedades” deste vestígio que é o cadáver àquelas da “Prêta” hindu ou do “ob” hebraico.
  2. Não se insistirá sobre o caso de “evocação”do ser vivo, particularmente realizáveis no estado de sono ordinário corporal, a não ser para relembrar que o caso da evocação do “ob” não deve ser excluída e ainda mais que esta evocação que não afeta o ser real, tem consequências graves no que concerne a individualidade corporal viva e adormecida.
  3. Estes vestígios psíquicos que entram na categoria de “influências errantes” englobam um conjunto de forças “caóticas” mas capazes de produzir manifestações sensíveis.
    • Guénon afirma que estas influências originam-se da “manifestação em modo individual”.
    • O “ob” hebraico e os elementos psíquicos secundários provem da desintegração do subconsciente do defunto.
    • No caso de morte violenta, o “ob” conserva durante certo tempo um grau especial de coesão e de quase vitalidade, o que permite dar conta de bom número de fenômenos. (Vide Guenon Espiritismo)
  4. No que concerne os resíduos psíquicos do falecido, o “ob” hebraico, é evidente que eles não poderiam substituir ao “indivíduo” na sua realidade consciente pré-mortal. Vide Guenon Reencarnação
    • “Captados” por um utilizador, como um mago, a consciência que podemos crer animá-los nada mais é que ilusão; trata-se de individualização fictícia e temporária, reflexo ou prolongamento da consciência “governadora” do utilizador, o mago.
    • Tratam-se de exemplos de “robotização psíquica” ou sutil, raros mas incontestáveis, sendo o caso de prolongamentos corporais mumificados em mausoléus um destes casos conhecidos…
  5. Entre os elementos psíquicos dissociados depois da morte, há também aqueles que sem dar lugar aos fenômenos citados acima, podem também passar por “osmose sutil” para outros seres vivos (seres humanos ou animais), assim como os elementos do corpo retornados à terra podem entrar na composição de outros corpos.
    • Não tem a ver com uma transferência de “personalidade”, pois a “Persona” é o Espírito, o Si Mesmo e não a “carne” (corpo-alma), na perspectiva tradicional.
    • Pode haver transmissão de elementos psíquicos de um indivíduo para outro sem que isto signifique que o primeiro não está mais vivo ou que isto implique em sua morte. Caso da telepatia? Caso da ação de “correntes mentais” características de uma época ou de uma civilização?
  6. Os aspectos do “subconsciente” suscetíveis de “navegar”, se assim se pode dizer, de uma individualidade para outra, não atingem à integridade espiritual e mental do ser.
    • Compreendem em seus elementos, os traços ou vestígios dos estados inferiores do ser e só entram em simbiose com seus homólogos em outros seres
  7. Os vestígios sutis que se dissociam progressivamente na morte corporal, originam-se da consciência e da subconsciência.
    • Estendem-se às imagens mentais da experiência do sentidos adquiridas quando da vida corporal
      • “Estas imagens fizeram parte daquilo que se denomina memória e imaginação: estas faculdades ou melhor estes conjuntos são perecíveis, quer dizer sujeitos à dissolução,, posto que sendo de ordem sensível; são literalmente dependências do estado corporal; por conseguinte fora da condição temporal, que é uma das condições que definem este estado, a memória não teria evidentemente nenhuma razão de subsistir” O ERRO ESPÍRITA.
  8. Com estas considerações sobre a dissociação de elementos tão característicos do “mim mesmo”, vemos se esboçar uma distinção entre concepções clássicas:
    • Das tradições orientais, incluindo o judaísmo, partindo de uma estrutura ternária; sendo os primeiros séculos cristão marcados pela tricotomia paulina Corpo-Alma-Espírito:
      • Corpo-Alma = carne vivente e mortal
      • Espírito = imortal
      • Almas superiores (adesivas ao Divino)
    • Concepções católicas “modernas” aludindo à imortalidade da alma (não constante do Símbolo dos Apóstolos ou nas formas do Credo) e a sobrevivência do “mim mesmo”, elemento característico da individualidade humana corporal.
      • Vide ideias expressas em relatório de cuidados a se ter, em um encontro com a igreja ortodoxa, estabelecido em maio de 1978, por uma Comité inter-episcopal ortodoxo da França: entre os cuidados figura a antropologia trinitária que se acreditava, ao contrário, significativa do pensamento cristão oriental e paulino. Alerta-se para cuidados com a crença de que o vocábulo carne englobaria corpo e alma, em conformidade com o pensamento hebraico (vide Claude Tresmontant) testemunhado por Paulo Apóstolo, também da admissão do caráter imortal do espírito.
  9. A constituição em camadas hierárquicas da alma é ao mesmo tempo estigmatizada, aquela mesma que permitiria distinguir sob o vocábulo único de alma, elementos procedentes da “carne viva” mortal e elementos procedentes da “vida eterna”.