Tertuliano — A Oração
Tradução do Abade Timóteo Amoroso Anastácio
II
“Pai, que estás no céu”
1 Começamos por um testemunho sobre Deus e pelo efeito da fé, quando dizemos: “Pai, que estás no céu” . De fato, aí não só oramos a Deus, mas também mostramos a nossa fé, que tem por consequência chamá-lo de Pai. Como está escrito, “Àqueles que creem em Deus, foi-lhes dado o poder de ser chamados filhos de Deus” (Jo 1,12).
2 Aliás, o Senhor, muitas vezes, nos faz saber que Deus é Pai. Até mesmo ordenou que a ninguém chamemos de Pai sobre a terra (cf.Mt 23,9), mas só àquele que temos no céu. Portanto, ao orar desta forma, cumprimos também um preceito.
3 Felizes aqueles que reconhecem o Pai. Eis o que Deus censura a Israel, eis o que afirma, chamando por testemunhas o céu e a terra: “Gerei filhos, e eles não me reconheceram” (Is 1,2).
4 Dizendo, pois, Pai, damos a Deus o seu nome, termo que significa atitude filial e autoridade.
5 Dizendo Pai, invocamos também o Filho. O Senhor disse: “Eu e o Pai somos um” (Jo 10,30).
6 Nem mesmo a Mãe Igreja é preterida, pois no Filho e no Pai reconhecemos também a Mãe, que nos atesta o nome do Pai e do Filho.
7 Assim, por esta única relação de afinidade, adoramos a Deus, cumprimos o preceito e condenamos os que esquecem seu Pai.