Teognostos — DE NOSSO SANTO PADRE TEOGNOSTOS SOBRE A AÇÃO E A CONTEMPLAÇÃO E SOBRE O SACERDÓCIO
Excertos da versão francesa da Philokalia
1. Considera que tens em ti a virtude verdadeira quando tiveres desprezado perfeitamente tudo o que está sobre a terra, guardando teu coração, graças a uma consciência pura, sempre pronta a partir para o Senhor. Se queres ser conhecido de Deus, sejas ignorado dos homens tanto quanto possível.
2. Vejas as consolações supérfluas do corpo e te retires delas, com medo que elas só suprimam algumas de tuas penas, na medida onde, evidentemente, o conforto que resulta destas consolações penetra desde então as penas anteriores, em lugar da impassibilidade (apatheia). Considera que o mal, para ti, não é de estar privado das coisas agradáveis mas, desfrutando destas coisas, se privar do melhor.
5. Nada é melhor que a pura oração (euche), de onde, como de uma fonte, brotam as virtudes (arete): a compreensão e a doçura, o amor e a temperança (enkrateia), o socorro e a consolação que Deus dá pelas lágrimas (penthos). E tal é a beleza desta prece: a reflexão (dianoia) concentra-se apenas nas palavras (logos) e apenas nos pensamentos (logismos). Tal é também a insaciável e contínua tensão que leva a descobrir o divino, quando a inteligência (nous), seguindo os traços de seu próprio Mestre através da contemplação (theoria) dos seres e buscando por um desejo ardente (thymikon), na sua sede, encontrar e ver o invisível, ou contemplando as trevas, seu retiro, volta-se de novo para si mesma, recolhida em toda piedade, pois neste instante ela se contenta na contemplação que lhe é revelada para seu bem e que a consola.
6. Retira-te das mais altas contemplações se não tiveres de alguma maneira atingido o cimo da impassibilidade (apatheia), e não corras a buscar sem poder alcançar, o que está além de ti. Com efeito é dito: se queres te tornar teólogo (theologia) e ao mesmo tempo contemplativo, pela vida que levas eleva-te, e pela purificação (katharsis) adquiras aquilo que é puro. E posto que mencionei a teologia, vigies a não te estenderes ao infinito sobre a altura que é a tua, e consideras que não é permitido àqueles que bebem ainda o leite das virtudes de tentar de voar nas alturas, com medo que caiam batendo as asas, como pequenos pássaros imperfeitos, mesmo se o mel do conhecimento faz violência ao desejo (thymikon).
7. Se desejas te tornar digno da visão e da aparição divinas em espírito, abraces então a vida calma na hesychia. E assim destacado, conheça-te a ti mesmo e conheças Deus. Pois se assim acontece, nada impede que como uma brisa leve, neste estado puro que não perturba nenhuma paixão, seja visto na inteligência (nous) Aquele que é invisível a todos e que te anuncia a boa nova da salvação (soteria) por uma mais alta manifestação de seu conhecimento (gnosis).
9. O que pode ser o divino, e onde está, não o busque na inteligência (nous). Pois é mais alto que o ser e não depende de um lugar, posto que é acima de tudo. Reflita somente em ti, como em um espelho, tanto quanto possível, Deus o Verbo circunscrito em nossa natureza, radiando luz em sua natureza divina e significando em um lugar Aquele que está por toda parte, pois a Divindade é infinita. No entanto, tanto te purificares, tanto te tornarás digno da iluminação.
10. Se estás desejoso do verdadeiro conhecimento e da indubitável certeza da salvação, aplica-te sabiamente a romper as ligações passionais que prendem a alma ao corpo e, despoja-te de teu pendor pelas coisas materiais, desce ao abismo da humildade: encontrarás a pérola preciosa de tua salvação, oculta no conhecimento divino como em uma concha e te anunciando por antecipação o esplendor do Reino de Deus.
CONTINUAÇÃO: § 11-20; § 21-30; § 61-70