Simeão Novo Teólogo — Discursos Catequéticos
Temas tratados em sua obra traduzida em inglês “Os Discursos”, dos quais traduziremos excertos.
- Da caridade
Desmérito de Simeão
Sigamos no caminho dos preceitos de Cristo
A caridade é sempre desejável
O amor divino
O amor como critério dos verdadeiros seguidores de Cristo
- Para Cristo através das beatitudes
Simeão foi arrebatado pelo Senhor, numa visão de luz. Ouviu sua voz lhe dizer: “Eu sou o Deus que por ti se fez homem”. (Ação de graças 2). Desde então, o Cristo tornou-se tudo para ele: “Desde esse dia, não foi mais lembrando-me de ti que eu te amava, mas foi, verdadeiramente, possuindo em mim o amor subsistente que tu és. Essa foi, desde então, a minha fé” (ibid). Nesse relacionamento, nessa intimidade com a pessoa do Cristo, ele passou a viver.
O cristocentrismo de Simeão, percebido em toda a sua obra, cristaliza-se nesta página com particular intensidade. Nela encontramos seus traços: fidelidade exclusiva, terna e apaixonada ao Senhor, fascinação diante da glória e do poder do Cristo, desejo ardente de vê-lo e contemplá-lo desde já.
O Cristo! Não se prenda à simplicidade da expressão, mas pense comigo na glória da divindade que ultrapassa a inteligência e o raciocínio, em seu poder misericordioso, sem medida, em sua riqueza incompreensível. Tudo isso ele te dá com liberalidade e munificência, e não precisarás de mais nada, porque o recebes em ti a ele mesmo, causa e dispensador de todo bem. Sim, nada mais desejas, que merecer vê-lo e contemplá-lo.
Corramos ao único Salvador, ao Cristo. Esforcemo-nos para o encontrar, ele que está presente por toda parte. E quando o encontrarmos, ajoelhemo-nos, abracemos os seus pés com todo o fervor. Procuremos, enquanto estamos vivos, vê-lo e contemplá-lo, sem esperar a outra vida.
Tendo observado os mandamentos de Deus, purifiquemos os nossos corações com lágrimas de arrependimento, para vermos desde já, à luz divina, o Cristo em pessoa, para o termos presente em nós pelo seu Espírito Santo, alimentando e vivificando nossa alma, fazendo-nos gozar da doçura e da alegria dos bens de seu Reino.
Rejeitando os raciocínios falsos dos homens
Renunciando tudo a fim de descobrir Cristo
O atrativo de Cristo
Grandiosidade e condescendência de Deus
O selo de Cristo
O Cristo é nossa riqueza
Da compunção (penthos) e da aflição
O conforto que segue a lamentação
A respeito das lágrimas
Os sinais do selo de Cristo
A graça e amor de paz
Vendo a luz e vivendo nela
A pobreza, a humildade e a gentileza
Devemos voar do mundo transitório
Tornando-se merecedor da visão de Cristo
- Fiel aos votos monásticos
- Das lágrimas de penitência
- Da penitência
- O exemplo e o espírito de Simeão o Piedoso
- Do apego a sua própria pele
- Do amor perfeito, e o que é em ação
- Das obras de graça
- A santidade perfeita
- Do jejum
- Da abstinência e firmeza
- Da ressurreição do Cristo
- Da penitência e do começo da vida monástica
Somente o Espírito leva ao progresso espiritual. Sua graça é um dinamismo de crescimento que, dia após dia, libera e transfigura quem procura Deus sinceramente, até fazê-lo chegar à plena maturidade do Cristo.
Quem recebeu o Espírito é iluminado e cresce espiritualmente, cada dia, deixando o infantilismo, caminhando para a perfeição completa do homem. Recebe, do Espirito, olhos e ouvidos novos para contemplar espiritualmente as coisas sensíveis. Ele ouve, não mais vozes de homens, mas o único Verbo vivo, passando pela voz do homem. Somente a ele, seu bem amado e conhecido, seus ouvidos acolhem com alegria e festa. Como disse o Senhor: “Minhas ovelhas ouvem a minha voz” (Jo 10,27).
No homem assim transformado, Deus habita e se torna para ele tudo o que pode desejar e acima do que ele pode desejar, pois o próprio Deus enche a sua alma de bens que os olhos nunca viram e os ouvidos nunca ouviram. Instruído por Deus, tal homem contempla a grandeza do amor de Deus por nós e se sente confuso, humilhado, indigno de conhecer e participar de tais bens. É pela prática e pelo esforço que procuraremos apreender o inefável e ser elevados a essa contemplação e assim dar glória a Deus, no Cristo, a quem pertence toda a glória por todos os séculos.
- A luz de Deus
O Senhor do universo nos diz, nos santos Evangelhos: “Enquanto tendes a luz, correi para a luz, de modo que as trevas não vos surpreendam” (Jo 12,35). Correi pela penitência no caminho dos mandamentos, correi enquanto é tempo, enquanto está claro, antes que chegue a noite da morte. Correi, procurai, batei à porta do Reino do Céu para nele entrar e o tereis dentro de vós. Quem não o conseguiu nesta vida, onde e quando o encontrará depois? É nesta vida que o devemos pedir e procurar, com lágrimas e penitências, a fim de obtermos a vida e o Reino eterno. E ouviremos a voz do Senhor: “Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos foi preparado” (Mt 25,34).
- O êxtase na luz
- Da contemplação, revelação e oração de iluminação
Deus comunicou-se com Simeão no esplendor de sua generosidade e Simeão deseja partilhar com todos as maravilhas contempladas. Ele assinala aqui a oposição entre a sublimidade das graças recebidas e a profunda humilhação que lhe causam seus pecados.
É bom proclamar com gratidão os benefícios do Deus amigo dos homens.
Recebi graças e mais graças, benefícios e mais benefícios, fogo e chama, mais fogo e chama. De ascensão em ascensão cheguei à luz e pela luz a outra luz mais clara. Tinha certeza do perdão dos meus pecados, porém mais que ninguém eu me via afundado no pecado.
Sou elevado ao cume da contemplação e de lá sou precipitado, para não ultrapassar as bordas da natureza humana e nem perder a segurança do rebaixamento.
Conheço muitas coisas que a maioria ignora e, entretanto, mais que todos sou inculto.
Alegro-me de o Cristo, em quem depositei minha fé, me ter doado o Reino eterno e inabalável, mas, reconhecendo-me indigno dos bens do alto, choro continuamente e não cessarei de chorar.
Não ouso abrir a boca para pedir perdão das minhas próprias ações, mas para os outros, sim, a caridade me dá essa ousadia e até sou bem atendido…
Estou diante de Deus como um filho, mas minha atitude é a de um estranho que não se atreve a falar.
“Bem, servo bom e fiel…” Ouço essas palavras e as seguintes (Mt 25,21-25), porém reconheço não ter conservado, na verdade, nenhum dos talentos recebidos.
Parece-me ter atingido o cume dos bens e me vejo no abismo dos meus pecados, prisioneiro, parado, desesperado.
E quando me rebaixo mais que tudo, então sou elevado acima dos céus e novamente a caridade me une ao Cristo, nosso Deus, perto de quem espero, livre do peso desta carne de lama, aproximar-me ainda mais, ou melhor, receber uma iniciação mais clara à eterna alegria e exaltação da caridade celeste.
- De superiores com mérito e sem mérito
- A preocupação espiritual de Simeão
- O guia espiritual ideal
- Da lembrança da morte
- Da fé
- Da penitência e do temor a Deus
- Do conhecimento espiritual
- A interação do corpo e da alma
- O dia do monge
- A menor dos mandamentos
- O discernimento, a luz, e o monacato
- A heresia da pusilanimidade
- Da penitência
- O auto-exame das beatitudes
- A blasfêmia contra o Espírito-Santo
Descendo sobre vós, esse Espírito, qual piscina luminosa, recebendo-vos em seu seio inteiramente, de modo indizível, vos fará renascer como filhos de Deus, deuses por adoção e graça, incorruptíveis e imortais.
- Da participação do Espírito-Santo
O Espírito é também a chave desse conhecimento saboroso que leva o crente a não somente contemplar os mistérios de Deus, mas a viver em sua intimidade.
A chave do conhecimento é a graça do Espírito Santo, alcançada pela fé, iluminando-nos, abrindo o nosso espírito.
A porta é o Filho (Jo 10,7.9) e a chave da porta, o Espírito Santo: “Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados ser-lhes-ão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23).
A casa é o Pai: “Na casa de meu Pai há muitas moradas” (Jo 14,2). Sem a chave, a porta não é aberta, não se entra na casa do Pai. “Ninguém chega ?o Pai senão por mim” (Jo 14,6). O Espírito Santo nos abre o espírito e nos ensina o que se refere ao Pai e ao Filho: “Quando vier o Espírito de verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim e vos guiará na verdade total” (Jo 15,26). “Nesse dia conhecereis que estou em meu Pai, vós em mim e eu em vós” (Jo 14,20). E ainda: “João batizou com água, mas vós sereis batizados no Espírito Santo” (At 1,5; 11,16). O Espírito é a chave, porque, por ele, somos iluminados, purificados, batizados, regenerados e feitos filhos de Deus: “Deus nos deu o seu Espírito que clama em nossos corações: Abba, Pai” (Gl 4,6).
- Apologia de Simeão
- A experiência mística da graça na forma da ação-de-graças
- Na forma da ação-de-graças (no limiar da iluminação total)