SERMÃO DA PLANÍCIE (Lc 6, 20-49)
Hans Dieter Betz: /2
O Sermão da Planície também é, aparentemente, como o Sermão da Montanha, um produto do mesmo ramo do movimento de Jesus, mas seu propósito e função diferem daqueles do Sermão da Montanha. Enquanto basicamente refletindo a mesma teologia, o panorama cultural do Sermão da Planície é grego ao invés de judeu. A razão para a diferença entre os dois Sermões parece ser que o Sermão da Planície está dirigido aos discípulos vindos do meio cultural grego, enquanto o Sermão da Montanha dirige-se àqueles vindos de um meio judeu. Se esta pressuposição é concedida, significaria que mesmo a igreja mais primitiva levou em consideração que conversos usualmente vêm de diferentes bases religiosas e culturais e que o material catequético, se é para ser efetivo, deve ser formulado de acordo. Esta percepção é conhecida da Grande Oração Catequética de Gregório de Nissa, mas parece pertencer às fundações conceituais dos Sermões. Ambos os Sermões, portanto, dão atenção também à religião grega, embora esta atenção seja mais polêmica e apologética. Os Sermões, cada um a seu modo, são projetados para estabelecer uma identidade para os discípulos dentro do ambiente cultural e religioso judeu, assim como grego. Por esta razão, algumas pressuposições culturais gregas e judias são confirmadas e reforçadas, enquanto outras são rejeitadas. Há tanto uma adaptação das e polêmica contra algumas formas da cultura grega e judaica. No todo, o Sermão da Montanha é mais pró-judeu, enquanto o Sermão da Planície é mais pró-grego. Estas diferentes ênfases não são exclusivas, no entanto, embora tenham claramente formado seus propósitos com a presumidas audiências em mente. Por esta razão é concebível que ambos os Sermões, apesar de suas diferenças, estão enraizados no mesmo ramo do movimento de Jesus.