Sephiroth [SHAQ]

CABALA — SEPHIROTH

Leo Schaya: O HOMEM E O ABSOLUTO SEGUNDO A CABALA [SHAQ]

As sephiroth, “Números” metafísicos ou “Numerações” dos Aspectos Divinos, são as chaves principais dos Mistérios da Torah. Formam uma dezena hierárquica e se denominam, enumeradas de cima para baixo (a maior parte dos nomes nas Escrituras: Isaías XI, 2 e 1 Crônicas XXIX, 11): Kether, “Coroa” (ou Kether elyon, Coroa Suprema); Hokhmah, “Sabedoria”; Binah, “Inteligência”; Hesed, “Graça” (ou Gedullah, Grandeza); Din, “Julgamento” (ou Geburah, “Força”, ou ainda Pahad, “Medo”); Tiphereth, “Beleza” (ou Rahamim, Misericórdia); Netsah, “Vitória” ou “Constância”; Hod, “Glória” ou “Majestade”; Yesod, “Fundamento” (ou Tsedeq, Justiça); Malkhuth, “Reino” ou “Realeza” (ou Schekhinah, “Imanência divina). As sephiroth constituem a base doutrinal do Esoterismo judaico; elas são para a Qabbalah, ou “Tradição” mística do judaísmo o que os dez mandamentos são para a Torah, enquanto Lei exotérica. As dez sephiroth representam não apenas os Arquétipos espirituais do Decálogo, mas aqueles de todas as revelações da Torah. São os Determinantes principais ou Causas Eternas de todas as coisas; sua dezena se reparte em nove Emanações ou Intelecções, pelas quais a Sephirah suprema, a “Causa das Causas”, se faz conhecer a “Si mesma” e a Sua Manifestação universal.

Deus não se faz conhecer por Aspectos múltiplos, porque é realmente constituído por um número ou uma multiplicidade qualquer: “Ele é Um, e não há outro”.
-*Fórmula característica do monoteísmo absoluto da Tradição judaica e também da Tradição islâmica (v. Sufismo). Encontra-se esta afirmação direta da Realidade exclusiva de Deus, entre outros, em Isaías XLV e XLVI, que repete muitas vezes que “não há outro” que Ele.

Deus comporta em sua Toda-Realidade uma infinidade não divisível de possibilidades eternas, que as criaturas ilusoriamente separadas e limitadas não poderiam conceber, se não por uma revelação ao mesmo tempo distinta e sintética. Ora, os Sephiroth são precisamente dez sínteses reveladas dos aspectos sem número e sem limite do único Real; mas sua década, que é simbólica, não significa que Deus tenha uma quantidade qualquer de Atributos. Ele está acima de toda medida, é infinito em Sua Essência oculta como em Suas Qualidades ontológicas e reveladas. É o Zohar que relativiza o caráter numérico das Sephiroth sublinhando que tudo está no Poder de Deus, “seja que Ele queira diminuir o número dos Recipientes (sefiróticos) e aumentar (por compensação) a Luz que dele brota, seja que o contrário Lhe pareça preferível”. Em definitivo, a Década sefirótica não é outra senão a Unidade divina mesma enquanto Ela se abre segundo tal ou tal modo inteligível, à multiplicidade criada.

As Sephiroth não são portanto múltiplas senão em aparência, aos olhos da multiplicidade cósmica; em realidade, todos os “Números” ou Aspectos metafísicos se integram indistintamente no Uno que é “sem número”, porque Ele é “sem segundo”. Esta verdade e outras que resumem a Doutrina sefirótica, se encontram expressas na “louvação” cabalística denominada Oração de Elias inserida no Zohar.