Gen 3,14 E Deus disse à serpente: posto que fizeste isso tu és mais maldita que todo animal, mais que todo animal dos campos, andarás em teu ventre e comerás la leveza do Homem (afar) todos os dias de tua vida.
Surgido no relato dotado de traços humanos, a palavra, a nudez, a perspicácia, declarado superior aos animais os mais «despertos» (os animais dos campos), a serpente, alegoria do «animal humano» que só seria isto, reduzido ao estado biológico, a terceira parte, de sua Criação e de sua concepção, se encontra aqui subitamente mais baixa, mais miserável que todo animal «inferior» guiado pelo instinto. É mais «maldita», quer dizer ainda menos adaptada a seu novo «lugar», a sua nova condição que o resto das criaturas privilegiadas, privadas do ambiente do jardim pela «Queda». Estes animais concebidos para o Éden não contavam nenhum réptil, mas doravante a serpente, alegoricamente, se torna um. Ela andará sobre seu ventre enquanto falava à Mulher de igual para igual, e enquanto viverá no cérebro humano, enquanto aí espalhará seu «bom senso», sua visão estreita, seu horizonte assolado, comerá dia após dia a leveza da natureza do Homem, este «pó» (afar) que distingue o Homem de todas as outras criaturas, ela se esforçará em lhe fazer esquecer os dois primeiros estados, não-biológicos, de sua Criação e de concepção, para o desesperar.