[…] sobre a grade lógica fornecida pela árvore de Porfírio, Boécio como que axiomatiza o uso linguístico de persona·.
(1) atribui-se-lhe substancialidade, pois, dado que “natureza” subjaz a “pessoa” e que “natureza” subdivide-se em substâncias e acidentes, só é possível predicar “pessoa” das substâncias, afinal, seria um contra-senso falar de pessoa para algum acidente (a pessoa da alvura, por exemplo, ou da grandeza);
(2) atribui-se-lhe racionalidade, pois, a partir da diferenciação das substâncias, encontram-se seres racionais tanto no gênero das substâncias corpóreas como no das incorporeas, de maneira que é a esses seres que se costuma chamar “pessoa” (Deus, os anjos, os humanos);
(3) atribui-se-lhe individualidade, pois, também na diferenciação das substâncias, obtêm-se substâncias universais e particulares, sendo, porém, das particulares (as que não se predicam de nada) que se costuma dizer pessoa.
Esse caminho leva, pois, à definição de persona como naturae rationalis indiuidua substantia, como se lê no início do capítulo III.
[zotpress items=”{3829881:LYBWID4C}” style=”associacao-brasileira-de-normas-tecnicas”]