Plato Christianus

Ver no cristianismo um «platonismo para o povo» (Nietzsche), é falar de maneira popular. Dizer «Platão para dispôr ao cristianismo» (Pascal), é ficar nas preliminares.

É um outro quadro rico de nuances que revela um estudo minucioso do pensamento cristão durante quinze séculos, dos Padres da Igreja (Orígenes, Gregório de Nissa, Agostinho, Dionísio, Máximo) à Idade Média, no ocidente como em Bizâncio (Palamas).

A mensagem cristã em seu desenvolvimento se encontrou face a um platonismo ele mesmo em evolução, de Platão ao Médio Platonismo, em seguida ao Neoplatonismo, de Plotino a Proclo e além. E não é ao mesmo platonismo que se dirigem os pensadores cristãos: se Dionísio dialoga com Proclo, os cartuxos, bem depois, encontram o pensamento mais antigo de Apuleio e de Calcídio.

Em todos os casos, o platonismo não é jamais um modelo e uma inspiração sem ser também um perigo a enfrentar. Os pensadores cristãos não aclimatarão jamais motivos platônicos sem proceder à radical reinterpretação deles. A miragem de uma helenização do cristianismo, cede assim à restituição do trabalho crítico pelo qual os Padres produziram vários conceitos fundamentais do pensamento ocidental.