BLOOM EXERCÍCIOS E MÉTODO

ANTHONY BLOOM — Jacob Needleman Excertos de Cristianismo Perdido, de Jacob Needleman

Querendo manter a conversa focalizada nessa questão da luta e da aspiração, tornei a perguntar ao metropolita Anthony a respeito dos diversos exercícios espirituais descritos nos textos dos Padres primitivos. Havia, sem dúvida, de certo modo, esforço e aspiração. E método: exercícios e método. Não estariam os ocidentais agora sendo atraídos para as religiões orientais, porque poderiam encontrar nelas o tipo de métodos de trabalho interior que poderia ter sido predominante entre os Padres primitivos?

E, mais uma vez, em relação ao corpo? Não houve — não há —, no cristianismo, o tipo de orientação que se vê nos sistemas orientais, que instruem sobre a necessidade de determinada postura, do relaxamento...?

Era a mesma pergunta que eu havia feito, cinco anos antes, ao Padre Vasileios, o abade do mosteiro de Stavronikita. A resposta que recebi então me deixou profundamente insatisfeito. Ele dissera: Sim, é evidente, há métodos, mas a primeira coisa fundamental era a necessidade da fé. Eu estava certo de que não tornara claro para Vasileios o que essa questão significava para os americanos, que, também para a maioria dos europeus, tinha sido, por muito tempo, parte de uma cultura, na qual a religião era apenas uma questão de palavras, exortações e filosofia, em lugar de ser uma orientação prática para experimentar diretamente a verdade dos ensinamentos. Métodos, exercícios, trouxeram a possibilidade de experimentar algo que fora, em grande parte, a esfera de ação daquele grupo muito suspeito chamado "místicos". Devido a esse fato histórico, a sagrada reação de fé, que emana de um nível mais elevado do que o ego do homem, confundiu-se com a reação comum de crença, apenas um dos inúmeros mecanismos egoístas dentro da mente, que parece destinado unicamente à finalidade de fazer que os homens sintam que estão certos e que tudo está correndo bem. Não seria a frustração dos homens modernos, uma frustração que atinge o desespero e até a loucura, consequência de ouvir a Igreja dizer repetidamente: "Tende fé", às pessoas carentes, que veem que o esforço de "ter fé" fragmenta ainda mais as suas vidas, juntando a violência e o auto-engano da crença religiosa a todas as outras manobras psicológicas pelas quais a mente, dirigida pelo medo, tenta impor os seus produtos à totalidade do organismo humano, inclusive o corpo, que não apenas não pode compreender a linguagem da cabeça, mas nem sequer está, por assim dizer, "interessado"?

As novas religiões, em síntese, produzem resultados. Mas foi em relação a esta questão geral dos resultados — experiências e mudanças concretas — que o metropolita Anthony lançou uma nova luz. Estou convencido de que, nesta conjuntura da conversa, tínhamos atingido a fímbria de um dos componentes da verdade, que escapou inteiramente, com demasiada facilidade, da percepção humana através da história da religião e da vida de cada indivíduo, e que esse componente é um daquele número limitado de fatores que fazem toda a diferença na vida do homem na Terra e na vida de todo ensinamento autêntico.

Ele concordou que as novas religiões davam resultados, mas o problema verdadeiro, como o compreendi, consistia na identificação da efetiva natureza desses resultados e, o que era mais importante, na formação de uma atitude correta em relação a eles.

"O problema dessas novas religiões", disse ele, "é justamente que dão de fato resultados. Mas não necessariamente num sentido religioso. As pessoas estão indo para essas novas religiões em busca de emoções, de experiência, não de uma realidade. Uma experiência sempre parece real, mesmo que aquilo que se experimenta seja ilusório por natureza.

"Esses resultados podem fazer muito bem às pessoas, naturalmente, mas não religiosamente, não em termos de verdade. Nesse sentido, todos os exercícios são perigosos."

"Até os exercícios cristãos?"

"Mesmo os exercícios cristãos."

"Mas o que dizer de tudo que se lê e ouve das práticas dos Padres do deserto, por exemplo?"

"Sim", disse ele, e fez uma pausa. Enquanto isso, voltei em pensamento a um momento inesquecível com Padre Vasileios, durante a nossa longa conversa noturna na torre do mosteiro de Stavronikita. Ele havia surpreendido não só a mim como ao nosso intérprete, ao dizer: "Eu poderia lhe falar de coisas mil vezes melhores do que a sua ioga." Mas nunca disse mais nada, nem mesmo quando pressionado pelo espantado intérprete.

Tornei a perguntar ao metropolita Anthony sobre o trabalho com o corpo, sobre os métodos e exercícios que eu sabia existir na tradição cristã, em algum lugar, em alguma época. De onde vieram eles? Para onde foram? Todo o mundo moderno está à procura deles como um elemento indispensável do que se perdeu do caminho cristão. Em muitos lugares, estão sendo restabelecidas práticas contemplativas; os retiros espirituais estão atraindo milhares e milhares de pessoas por toda a América. Esses métodos estão registrados em algum lugar? Haverá algum texto que não tenha ainda sido redescoberto que fale sobre eles de um modo que pudesse orientar essa nova busca do misticismo prático do caminho cristão?

Esperei que ele prosseguisse. Ele disse algo a respeito dos cristãos atônitas que tinham esse trabalho com o corpo e, em seguida, fez uma nova pausa. E mais uma vez fiquei esperando por ele.

Finalmente, levantou os olhos na minha direção. "Você esteve em nosso serviço religioso. Se permanecer nele com as mãos caídas ao lado do corpo, com a cabeça ligeiramente para baixo — não em demasia —, o peso do corpo tranquilamente equilibrado... se uma pessoa fizer isso, começará a perceber que ocorrerão algumas modificações no corpo. A respiração muda, certos músculos se relaxam, outros se tornam firmes, sem tensão. Tudo isso resulta do impulso religioso..."

Nova pausa.

Ele continuou, falando suave e deliberadamente. "Os exercícios sobre os quais indaga se originaram dessa maneira, da observação que os Padres fizeram do que lhes acontecia, quando se encontravam num estado de oração."