TERCEIRO AO NONO DIA

Jean-Claude LarchetMorte: Tradição Ortodoxa

Do terceiro ao nono dia: a travessia dos pedágios aéreos

  1. A elevação da alma aos Ceús.

O terceiro dia após a morte constitui uma transição e inaugura uma nova etapa, particularmente importante. Eis porque a Igreja celebra neste terceiro dia um ofício para o defunto.

Segundo antiga tradição, durante os três dias que seguem a morte, na maior parte dos casos a alma permanece na terra. Segundo esta mesma tradição, no terceiro dia, ela deixa a terra e eleva-se para o céu por anjos.

Encontra-se mencionado na Escritura o fato que a alma é conduzida por anjos: o Cristo Ele mesmo diz, na parábola do Rico e Lazaro: «O pobre morreu e foi conduzido pelos anjos ao seio de Abraão».

A elevação ao céu é afirmada por numerosos textos patrísticos.

O ensinamento que este fenômeno se produz no terceiro dia se encontra menos frequentemente mas suficientemente atestado. Por exemplo, em texto atribuído a Macário de Alexandria, que põe em relação simbólica este terceiro dia em que a alma é elevada aos céus com o terceiro dia em que o Cristo se elevou, aquele da Ressurreição.

Os anjos que acompanham e sustentam a alma em sua elevação aos céus são aqueles que vieram junto ao em vias de morrer para recolher sua alma e que o acompanharam durante os três dias em que permaneceu na terra.

Vimos que estes anjos são mais ou menos numerosos. Eis porque os Padres deles falam frequentemente no plural e sem precisar o número.

O Anjo da Guarda está presente ao lado da alma (que agora o conhece) e ele a acompanha. Mas o papel principal corresponde a um anjo que mais particularmente encarregado da missão de conduzir a alma, e que é chamado «anjo psicopompo» ou «anjo psicagógico». É a ele que faz alusão Macrina em uma oração que dirige a Deus pouco antes de sua morte: «Ponha junto a mim um anjo luminosos que me conduza pela mão ao lugar do refrescamento, aí onde se encontra a água do repouso no seio dos santos patriarcas».

A elevação da alma aos céus pelos anjos luminosos, é evocada em numerosos textos. Em alguns dentre eles, é precisado que estes anjos são em número de dois: trata-se então do Anjo da Guarda e do anjo psicagógico.

Como se pode ver nas Vidas dos santos, é frequente que este fenômeno da elevação da alma aos céus pelos anjos seja percebido pelos discípulos próximos destes santos ou por espirituais se encontrando a certa distância. Em muitos casos no entanto, a ascensão aos céus segue imediatamente o falecimento: a etapa em que a alma passa três dias na terra concerne a maioria dos homens, mas os santos são frequentemente dispensados pela graça, dado seu perfeito desapego deste mundo e sua pressa em reunir-se ao Cristo, objeto de seu desejo.