Pérolas a porcos… (Mt VII,6)
Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem. (Mt 7:6)
Clemente de Alexandria
*Stromata Livro I
Tertuliano
*Prescrição contra heréticos
*Do Batismo
Hipólito
*Refutação de todas as heresias, Livro V
*Refutação de todas as heresias, Livro IX
Didache
Orígenes
*COMENTÁRIOS AO EVANGELHO DE MATEUS
**Quando Jesus diz “não jogues tuas pérolas aos porcos”, Ele chama aqueles que se deliciam no chiqueiro do pecado de porcos. Pois desta maneira o pecador encharcado na lama fedorenta está inconsciente do fedor do pecado, mas se delicia nele, como algo saboroso. Mas, quando um dia se livra de seu cheiro de porco e adquire o sabor da Palavra de Deus, ele também começa a perceber o fedor de seus pecados, então será convertido, buscará ser melhor, não suportará sua própria catinga mas apelará ao médico celestial e dirá: “minhas feridas apodrecem e fedem devido a minha loucura” (Salmo 38) VIDE
Jerônimo
Obras de San Jerónimo, II, Comentario a Mateo y otros escritos, Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), Madrid, 2002, 769 p., edición bilingüe promovida por la Orden de San Jerónimo, introducciones, traducción y notas de Virgíliio Bejarano.
Contribuição e tradução de Antonio Carneiro do “Comentário à Mateus”, Livro I (1, 1 — 10, 42), página 73
Capítulo 7 — 13. … e que não tem que dar o santo aos cães
Não deis o santo aos cães (7, 6). O santo é o pão dos filhos; logo não devemos tomar o pão dos filhos e dá-lo aos cães. Nem lanceis vossas pérolas aos porcos. O porco não admite adorno, se revolve no lamaçal de lodo e segundo os provérbios de Salomão (11, 22), “se tiver um aro de ouro, ficará mais feio”.1
Alguns querem que os cães sejam entendidos como aqueles que depois de sua crença em Cristo retornam ao vômito (2 Pd 2, 22)2 de seus pecados e porcos aqueles que todavia não acreditaram no evangelho e se revolvem na lama (2 Pd 2, 22, vide nota 2) da incredulidade e nos vícios. Não convém, portanto, confiar de imediato em tais homens a pérola do evangelho, para que não pisoteiem e, reconvertidos ao mal, comecem a destruí-los.
Gnosticismo
Roberto Pla
EVANGELHO DE TOMÉ 93
As duas espécies animais, os “cachorros” e os “porcos”, servem para designar “em figura”, tanto as paixões da alma que mascaram a contemplação da verdade, como a quem por ignorância não discerne o sagrado, nem reconhece a existência da pérola em si mesmos, e em consequência, confunde, mistura, o santo com o profano e nega ou prostitui a verdade da Palavra.
Claro que esta explicação nem sempre se admitiu assim, com uma visão não condicionada, senão que com um partidismo peculiar da irreflexão humana, se designaram estas “figuras” animais aos que não participavam do mesmo conceito do sagrado, nem da mesma opinião a respeito da “pérola” desconhecida. Assim foi como os “pagãos” veterotestamentários, os não israelitas, foram qualificados de “cachorros”, indignos de comer os alimentos sagrados no Templo, e comaprados com os “porcos”, a espécie animal cuja carne não se podia comer por estar qualificada de impura nos textos.
Em reciprocidade de injustiça, os herdeiros “manifestos” do doce Jesus, não encontraram obstáculo para qualificar de “cachorros” durante muitos séculos aos judeus não conversos ao novo signo externo do ensinamento de Cristo, e para designar o nome de “marranos” aos conversos fingidos por temor, ou não provados3.
Antonio Orbe
**”Diz Salomão (Provérbios 2,1): ‘Filho, se recebendo a expressão (gr. resi) de meu preceito a esconderes em teu interior teu ouvido obedecerá a sabedoria’. Indica que a palavra semeada se oculta na alma do que aprende, como na terra; e esta é a plantação espiritual. Por isso agrega (Prov. 2,1): ‘E dirigirás teu coração à prudência, e o endereçarás para instrução do teu filho’. Porque, a meu entender, a alma adaptada à alma e o espírito ao espírito incrementam — com a inseminação da palavra — a semente lançada e a vivificam. E todo o que se deixa educar pelo pedagogo é por obediência filho (seu). ‘Filho — diz Prov. 3,1) — não esqueças meus oráculos’. O conhecimento não é de todos. Os escritos são para a massa o que tocar a lira para um asno. Os porcos gostam do barro mais que da água limpa. ‘Por isso — diz o Senhor (Mt 13,13) — os falou em parábolas para que vendo não vejam e ouvindo não ouçam nem entendam’. O Senhor não é da ignorância — sera ilícito pensar assim —, mas descobre profeticamente a quem neles havia, e dá a entender que não compreenderam sua palavras”. (Clemente de Alexandria Strom. I 1,1,1,3-2,3)
René Guénon
*APRECIAÇÕES SOBRE A INICIAÇÃO
**Según el segundo sentido de la palabra «misterio», que es ya menos exterior, designa lo que se debe recibir en silencio4, aquello sobre lo que no conviene discutir; bajo este punto de vista, todas las doctrinas tradicionales, comprendidos ahí los dogmas religiosos que constituyen un caso particular de ellas, pueden ser llamadas «misterios» (extendiéndose entonces la acepción de esta palabra a dominios diferentes del dominio iniciático, pero en los cuales se ejerce igualmente una influencia «no humana»), porque son verdades que, por su naturaleza esencialmente supraindividual y supraracional, están por encima de toda discusión5. Ahora bien, para ligar este sentido al primero, se puede decir que difundir sin miramientos entre los profanos los misterios así entendidos, es inevitablemente librarlos a la discusión, procedimiento profano por excelencia, con todos los inconvenientes que pueden resultar de ello y que resume perfectamente esta palabra de «profanación» que ya hemos empleado precedentemente sobre otro punto, y que aquí debe tomarse en su acepción a la vez más literal y más completa; el trabajo destructivo de la «crítica» moderna, al respecto de toda tradición, es un ejemplo muy elocuente de lo que queremos decir como para que sea necesario insistir más en ello6. MITOS, MISTERIOS Y SÍMBOLOS
- O texto em latim está “Si circulum habuerit aureum, foedior invenitur”.
Segundo a referência para Provérbios 11, 22 o texto é o seguinte :
Bíblia de JERUSALEM : Anel de ouro em focinho de porco é a mulher formosa sem bom senso.
Bíblia TEB : Anel de ouro em focinho de porco, assim a mulher bonita, mas sem discrição.
Bíblia Loyola : Anel de ouro em focinho de porco: tal a mulher bela desprovida de senso.[↩] - Pela referência para segunda epístola de Pedro 2, 22 o texto é o seguinte :
Bíblia de JERUSALÉM : Cumpriu-se neles a verdade do provérbio: “O cão voltou ao seu próprio vômito”, e: “A porca, apenas lavada tornou-se a revolver-se na lama”.
Bíblia TEB : Aconteceu-lhes o que diz, com justeza, o provérbio: “O cão voltou ao próprio vômito”, e ainda: “A porca, apenas lavada, se revolve no lamaçal”.
Bíblia Loyola : O que aconteceu com eles prova a verdade do provérbio: “O cão voltou ao próprio vômito”, e “Apenas lavada, voltou a porca a revolver-se no lamaçal”.São Pedro por sua vez faz referência ao Provérbio 26, 11:
Bíblia de JERUSALÉM : Como o cão que torna ao seu vômito é o insensato que repete a sua idiotice.
Bíblia TEB : Como um cão que volta ao seu vômito tal é o insensato que repete sua asneira.
Bíblia Loyola: Como o cão que volta a seu vômito assim o tolo torna à sua loucura.[↩] - Ainda hoje, algum bom teólogo “manifesto”, se pergunta em sua nota a Mt 7,6, no paralelo no Evangelho de Tomé – Logion 93: “O texto não precisa de quem se trata (os denominados “cachorros” e “porcos”): judeus hostis? pagãos?”.[↩]
- Se podrá recordar también aquí la prescripción del silencio impuesta antaño a los discípulos en algunas escuelas iniciáticas, concretamente en la escuela pitagórica.[↩]
- Esto no es otra cosa que la infalibilidad misma que es inherente a toda doctrina tradicional.[↩]
- Este sentido de la palabra «misterio», que está igualmente vinculado a la palabra «sagrado» en razón de lo que ya hemos dicho más atrás, está marcado muy claramente en este precepto del Evangelio: «No deis las cosas santas a los perros, y no arrojéis las perlas a los puercos, por miedo de que las pisoteen, y que, revolviéndose contra vosotros, os despedacen» (San Mateo, VII, 6). Se destacará que los profanos son representados aquí simbólicamente por los animales considerados como «impuros» en el sentido propiamente ritual de esta palabra.[↩]