LOGIA JESUS — PERFUMAR JESUS (Mt XXVI,6-13; Mc XIV,3-9; Lc VII,37-38; Jo XI,2; Jo XII,3)
6 E assim, quando Iéshoua está em Béit-Hananyah, na casa de Shim‘ôn, o leproso, 7 uma mulher se aproxima dele. Ela tem um frasco de alabastro de um perfume muito precioso. Ela o derrama na cabeça de Iéshoua, que estava à mesa. 8 Os adeptos o veem. Eles se irritam e dizem: «Por que este desperdício? 9 Sim, isto poderia ser vendido a bom preço e dado aos pobres.» 10 Iéshoua o penetra e lhes diz: «Por que afligis esta mulher? Sim, para mim, ela obrou uma bela obra. 11 Sim, os pobres, vós os tendes sempre convosco, mas a mim, não me tereis sempre. 12 Sim, jogando este perfume sobre mim, ela me preparou para meu enterro. 13 Amén, eu vos digo: por toda parte onde o anúncio for proclamado em todo o universo, o que esta mulher fez será também contado, em sua memória.» (Chouraqui; Mt 26:6-13)
OUTROS: Mc 14:3-9; Lc 7:37-38; Jo 11:2; Jo 12:3
Este relato parece sem sentido em si mesmo e ainda mais em uma mensagem de boa nova, um evangelho. Primeiro deve haver algum sentido em localizar tão precisamente onde Jesus estava. Poderia haver sentido nos termos desta localização: Betânia, casa de Pedro, o leproso. É possível se pensar conforme a tradição, em Betânia: um lugar de lamentação, aflição; Betânia: lugar onde Jesus ressuscitou Lázaro. Shimon: estupefação, espanto; leproso: condição impura. Mesmo assim ainda fica incompreensível o sentido, se algum, da localização, ou contexto, do acontecimento e das palavras de Jesus.
Em seguida, o evento é narrado: aproxima-se uma mulher com um frasco contendo um perfume. Derrama sobre a cabeça de Jesus, que está à mesa com os discípulos; alguns discípulos criticam, acusam desperdício de algo precioso que poderia ser vendido, e dado aos pobres; Jesus rebate as críticas à mulher e diz algo que soa contundente: os pobres, tendes sempre convosco, mas não a mim. E completa, que este perfume jogado é uma preparação para seu enterro. Concluindo, clama que este acontecimento e o feito da mulher seja proclamado em todo universo e em memória da mulher!
Na leitura desta narrativa fica com efeito no ar o “perfume” de que algo significativo está enterrado, como um tesouro de imenso valor, e que como sempre opta-se por estar e ficar com os pobres…
Entre outras interpretações inovadoras deste relato, que Jesus pede que não seja jamais esquecido, encontram-se alguns elementos de reflexão para sua exegese. Primeiramente, a mulher que se apresenta, é identificada apenas em João, como sendo Maria. Segundo, o vaso de alabastro, contém um bálsamo de nardo. O nardo é uma planta tradicional do extremo oriente, do Tibete e da Índia e da China. O que nos permita imaginar que o corpo de Jesus, será enterrado perfumado com essências orientais. Ou seja, seu ensinamento será julgado como «perfumado» de tradição oriental.
Quanto à polêmica entre uso ou não deste bálsamo tão valioso, para perfumar a cabeça e os pés de Jesus, pode significar ainda uma disputa sobre seu ensinamento, como considerado anteriormente: qual deve ser o teor de fonte oriental, a ser transmitido na doutrina cristã?