Páscoa Imersão Batismal

PÁSCOA — RITOS
Imersão baptismal.
O segundo marco miliário na caminhada para a salvação era o banho batismal. Mas a pregação e mesmo o conjunto das obras de Agostinho são avaros em minúcias. Para mais, hesitamos muitas vezes em interpretar as alusões que nelas se encontram e vem-nos o desejo de ter visto em sonho, como o curialis Curma, o bispo de Hipona oficiando na sua basílica e no batistério contíguo “.

No sábado, véspera de Páscoa, depois de uma vigília muito mais solene que a do Escrutínio e perante muito maior número de povo, renovam os candidatos ao batismo a sua profissão de fé. A cerimônia prossegue depois no batistério. Abre pela bênção da água. O rito é muito antigo, mas ganhou maior importância nos séculos iv e v. A água é benzida com o sinal da Cruz. Esta bênção é relacionada com a signação do catecumenado, com a bênção do crisma, com a consagração eucarística. É um rito importante e parece mesmo que necessário: «Porque o batismo, ou, antes, porque a água do batismo, não é água de salvação se não for consagrada pelo nome de Cristo que por nós derramou o seu sangue, a água é marcada com o sinal da Cruz» (S 352, 3). «Por isso é que o batismo ou, antes, a água em que somos mergulhados, é marcada com o sinal da Cruz» (S 213, 8).

O competem desce então para a piscina. Nesta altura fazem-se as perguntas rituais. Segundo as alusões, feitas à guisa de argumentos na polêmica ou antidonatista ou antipelagiana, parece que o bispo fazia três perguntas: Interrogava primeiro cada candidato se renunciava ao demônio, se se voltava para Deus, se acreditava em Deus. Era esta a terceira vez que se renovava o sacramentum conversionis et fidei.

A profissão de fé, terceiro elemento deste rito, também se propunha com tríplice interrogação, a que o candidato ao batismo respondia cada vez: credo. Ambrósio descrevia assim o batismo: «Foste perguntado: Crês em Deus Pai todo-poderoso? Disseste: creio e mergulhaste, isto é, foste sepultado. Foste perguntado outra vez: Crês em Nosso Senhor Jesus Cristo e na sua cruz? Disseste: Creio e mergulhaste … Foste interrogado terceira vez: Crês também no Espírito Santo? Disseste: Creio e mergulhaste terceira vez» (De Sacramentis, II, 20).

Muitos textos agostinianos fazem pensar que em Hipona o oficiante recitava o texto do Símbolo em três fragmentos e sob a forma interrogativa, interrompendo-se para a tríplice resposta de profissão, a primeira vez ao Pai, a segunda ao Filho, a terceira ao Espírito Santo e à ação d’Ele na Igreja. É o rito descrito por Hipólito de Roma 13. O que é certo é que o batismo se dava sempre com referência à fé trinitária, circunstância que Agostinho designava sempre pelas palavras: verba evangélica, «as palavras evangélicas precisas, sem as quais o batismo não pode ser consagrado … o batismo de Cristo, isto é, o que é consagrado pelas palavras evangélicas».