Nicéforo o Solitário — Seleção de Jean Gouillard
Trecho da vida de nosso pai Santo Antão
“Um dia, dois irmãos saíram pela estrada para procurar o santo abade Antão. No caminho, aconteceu de ficarem sem água: um morreu e ao outro pouco tempo restava de vida; sem forças para andar, ficou estendido no chão, esperando a morte. Antão, que estava sentado no alto da montanha, chamou dois monges que se encontravam por ali e apressando-os, disse: “Tomai uma moringa d’água e ide correndo para a estrada que leva ao Egito Dois irmãos vinham para cá: um acaba de morrei e o outro vai morrer logo, se não vos apressardes isso me foi manifestado enquanto eu orava” Os monges, tendo-se posto a caminho, encontraram o morto e o enterraram. Dando água ao outro reanimaram-no e o conduziram ao ancião, pois havia um dia de caminhada. Alguém poderia ousar perguntar por que Antão nada tinha dito antes da morte do primeiro: pergunta fora de propósito Não cabia a Antão decidir sobre a morte, mas sim a Deus, que resolveu deixar morrer um e revelar o que aconteceu com o segundo. O que há de maravilhoso da parte de Antão é que, sentado no alto da montanha, tinha o coração (kardia) sóbrio e o Senhor lhe revelou acontecimentos distantes. Estais vendo, por esse fato, que Antão, graças à sobriedade do coração (kardia), foi gratificado pela visão divina e pela visão à distância. Pois “Deus, diz João Clímaco, manifesta-se ao espírito no coração (kardia); no princípio, para purificar aquele que o ama, e depois, como uma luz que faz resplandecer o espírito e o torna deiforme”.
Nicéforo Antão
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