André Caquot: Génies, anges et démons [LGAD]
É conveniente se debruçar sobre o título beney elohim, que pode se interpretar «os filhos de Deus» ou «os seres divinos». Jó XXXVIII,7, onde os beney elohim procedem à aclamação ritual de Yawe-rei (terou’ah) e Salmo XXIX,1 que os convida a dar a Yahwe honra e glória, lembrando muito o que o Salmo CIII,19-20 e CXLVIII,2 dizem da função litúrgica dos anjos para que sua identidade seja posta em dúvida. Eles formam uma assembleia como os «santos» do Salmo LXXXIX,6-8, segundo Jós I,6 e II,1 que faz decidir diante dela o destino de seu herói. A exegese mais provável da antiga tradição transmitida por Gênese VI,1-4 os apresenta como seres sobre-humanos. Esta passagem, que teve tanto eco, não tem outro propósito no Gênese que explicar a existência nos tempos antediluvianos de uma raça fabulosa de gigantes. São eles os nephilim (termo enigmático que a redação glosou), originários das mulheres e dos «filhos de Deus», que tinham de seus pais a altura gigantesca, mas que Yahwe privou da imortalidade (posto que desapareceram).