Bernardo Clairvaux — SERMÕES Obras Completas de San Bernardo, VI, Sermones litúrgicos (2º), Biblioteca de Autores Cristianos (BAC), Madrid, 2006, 718 p., edición bilingüe promovida por la Conferencia Regional Cisterciense Española, preparada por los monjes cistercienses de España, Mariano Ballano. (Primera edición 1985). Segunda edición (corregida) ISBN 84-7914-844-6.
Contribuição, tradução e notas de Antonio Carneiro — páginas 131 e 133
“Suponha que um de nós tenha um amigo” (Lc 11, 5) (amigo oportuno; v. Amigo Importuno), etc. Se veio apenas um amigo, por que pede mais de um pão? Tão voraz é esse amigo que não lhe basta um pão? É um exagero servir três pães para uma pessoa. Vamos pensar que esse tal (amigo) veio com sua mulher e um criado, e que o amigo quis por um pão para cada um. Entendo que esse amigo que acode a mim sou eu-mesmo. Ninguém é para mim, tão íntimo e estimado como eu-mesmo. E este amigo acode a mim, quando abandono todo o transitório e entro no coração, como está escrito: “Prevaricadores, voltai-vos para o coração” (Is 46,8). O melhor amor para si mesmo é retroceder do caminho, porque “aquele que ambiciona o mal odeia a si mesmo” (Sal 10,6). Assim, pois, desde o dia da minha conversão voltou meu amigo. Veio de um país longínquo, onde tomava conta de porcos e enchia o estômago com legume seco. Veio morto de fome, extenuado pela miséria e pela necessidade. Veio ansioso por encontrar um amigo. E ai de mim! Chamou um hospitaleiro bem pobre e uma casa vazia: que posso fazer por esse amigo, mísero e miserável? “Não tenho nada para lhe oferecer” (Lc 11,6) (amigo oportuno; Amigo Importuno). De fato, é amigo, mas sou um mendigo. Por que vieste a mim, amigo com tanta necessidade? Sou um mendigo e não tenho pão em minha casa (Is 3,7). “Apressa-te”, respondeu, “corre, busca aquele teu amigo” (Prov 3,6), tão magno, que sabe amar como ninguém e é o mais rico do mundo. Busca, pede chama, “porque todo aquele que pede recebe, aquele que procura encontra, e ao que chama lhe abrem”. (Mt 7,8). Clama e diz: “Amigo, empresta-me três pães”. (Lc 11, 5) (amigo oportuno; Amigo Importuno).