Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Teologia e a Economia da Encarnação do Filho de Deus
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Trabalho sobre si mesmo
13. Aquele que tem, pelos pensamentos divinos, iluminado a inteligência, que tem, pelos hinos divinos, acostumado a razão a venerar sem descanso o Criador, e que, pelas imagens puras de qualquer mistura, santificou os sentidos, um tal homem ajuntou à beleza natural da imagem o bem espiritual da semelhança.
14. Guarda-se a alma de toda impureza, para o amor de Deus, se há esforço em pensar somente em Deus e em suas virtudes, se se faz da razão a justa intérprete que as explica, e se se ensina aos sentidos a perceber em toda a piedade o mundo visível, e todas as coisas nele, para que eles transmitam à alma a grandeza das razões no fundo das coisas.
15. Deus, que nos libertou da amarga servidão à qual nos submetem os demônios que nos tiranizam, nos deu o jugo bem-aventurado da veneração divina: a humildade. Por ela é submetida toda a potência diabólica, e naqueles que a escolheram tudo é criado bom e guardado puro.
16. Aquele que crê conhece o temor. Aquele que teme é humilde. Aquele que é humilde é doce, pois recebeu o estado que pára os movimentos contra a natureza que suscitam o ardor e o desejo. Aquele que é doce observa os mandamentos. Aquele que observa os mandamentos é purificado. Aquele que é purificado é iluminado. E aquele que é iluminado é julgado digno de habitar com o Esposo, o Verbo, no tesouro dos mistérios.
17. Assim como um cultivador que, para transplantar árvores selvagens, procura um terreno conveniente, se depara com um tesouro inesperado, assim também todo asceta humilde, simples, imberbe em sua alma, isento de toda pilosidade material, interrogado pelo Pai como o bem-aventurado Jacob sobre a maneira pela qual soube caçar — “Como encontrastes tão rápido, meu jovem?” — responde: “O Senhor Deus fez vir a caça diante de mim”. Com efeito, quando Deus nos acorda as sábias contemplações de sua própria sabedoria, sem que tenhamos a penar e quando não as esperávamos, consideremos que subitamente encontramos um tesouro espiritual. Pois o asceta experimentado é um cultivador espiritual que transplanta a percepção do sensível, como árvore selvagem, no campo do inteligível, e que encontra um tesouro: pela graça, a revelação da sabedoria que está nos seres.