Maximo Centurias Teologia I Conhecimento

Máximo o Confessor — Centúrias sobre a Teologia e a Economia da Encarnação do Filho de Deus
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa.
Primeira Centúria
Conhecimento e Contemplação
18. O conhecimento (gnosis — episteme) das contemplações divinas subitamente tocando o asceta que aí nada esperava, tamanha sua humildade, rompe o pensamento daquele que, penosamente e com esforço, o busca pela ostentação e não a encontra. E acontece que engendra no insensato inveja pelo irmão, idéias de matança, e amargor por ele mesmo, porque não pode se inflar de orgulho sob os louros.

19. Aqueles que buscam penosamente o conhecimento (gnosis — episteme) e não o encontram, fracassam seja pela incredulidade, seja porque, em sua incapacidade, invejando aqueles que conhecem, se revoltam contra eles como no passado o povo contra Moisés. Deles, a Lei dirá justamente que alguns transgrediram e subiram a montanha, e que o Amoreano que habitava esta montanha saiu e os matou. É preciso, com efeito, que aqueles que, por ostentação, contrafazem a virtude, não apenas sejam dissuadidos, do momento que falsificam a piedade, mas também sejam mortificados pela consciência.

20. Aquele que busca o conhecimento (gnosis — episteme) pela ostentação e não a encontra, que não inveje o próximo e que não se aflija. Mas que se prepare, se dedicando a alguma ascese vizinha, como foi ordenado. Que ele se apronte pela ação, pondo todos os seus cuidados, primeiramente no seu corpo, a preparar para alma o conhecimento (gnosis — episteme).

21. Aqueles que vão diretamente para os seres com piedade e não aceitam nenhum modo de ostentação, encontrarão, vindo a seu encontro, as contemplações luminosas dos seres, estas contemplações que lhes dão a compreender a si mesmos mais rigorosamente. É a eles que a Lei diz: “Entrai, herdeiros das grandes e belas cidades e das casas plenas de todos os bens, que não haveis construído, e das cisternas talhadas, que não haveis cavado, das vinhas e oliveiras, que não haveis plantado”. Pois aquele que não vive para si mesmo, mas para Deus, se torna pleno de todos os carismas, estes carismas que não aparecem enquanto as paixões impõem-se.

22. A sensação pode se exprimir de duas maneiras. Há uma sensação passiva, ligada ao hábito: quando dormimos, ela não percebe nada disto que está diante de nós, e ela não serve para nada pois ela não está voltada para a ação. E há uma sensação ativa, ligada à energia, pela qual percebemos as coisas sensíveis. Da mesma maneira, o conhecimento (gnosis — episteme) é duplo. Um é ciente: nomeia apenas por hábito as razões dos seres, mas não serve para nada pois não está voltada para a energia dos mandamentos. Outro é prático, ligada à energia: tem por verdadeira esta compreensão dos seres pela experiência.