Máximo o Confessor — CENTÚRIAS SOBRE A TEOLOGIA E A ECONOMIA DA ENCARNAÇÃO DO FILHO DE DEUS
Tradução em grande parte feita a partir da versão francesa da Philokalia, mas eventualmente utilizada a versão inglesa. A tradução de cada centúria foi organizada de acordo com a sequência dos parágrafos numerados, respeitando a eventual mudança de tema tratado.
PRIMEIRA CENTÚRIA
Deus
1. Um só Deus, sem princípio, incompreensível, que nele tem absolutamente toda a potência do ser, e que exclui totalmente que se possa pensar no quando e no como de seu ser. Pois é inacessível a todos, e a nenhum ser não se faz conhecer em uma aparência natural.
2. Deus não é dele mesmo aquilo que dele nos é possível saber. Ele não é nem princípio, nem meio, nem fim, nem absolutamente nada outro disto que podemos contemplar naturalmente nestas condições. Pois não tem limites, é imóvel e infinito desde quando é infinitamente além de toda essência, de toda potência e de toda energia.
3. Toda essência que porta nela mesma seu próprio limite está naturalmente na origem do movimento conforme a sua potência. Ora todo movimento natural que leva à energia, concebido com a essência, mas concebido antes da energia, é um meio, pois é naturalmente dividido entre as duas (a essência e a energia) para ser o meio. E toda energia naturalmente realizada por sua própria razão é o fim do movimento da essência, este movimento que foi concebido antes dela.
4. Deus não é essência, segundo aquilo que chamamos de essência, absoluta ou relativamente, mesmo sendo também princípio. Não é também potência, segundo o que chamamos de potência, absoluta ou relativamente, mesmo sendo também meio. Não é também energia, segundo o que chamamos de energia, absoluta ou relativamente, mesmo sendo também o fim do movimento da essência, este movimento conforme a sua potência, antes da energia. Mas é criador da essência e entidade mais alta que a essência. É criador da potência e fundação mais alta que a potência. E é a atividade sem fim de toda energia, esta atividade que, em uma palavra, é criadora de toda essência, de toda potência, de toda energia, como de todo princípio, de todo meio e de todo fim.
5. O princípio, o meio e o fim são os sinais distintivos disto que é repartido no tempo. Poderia dizer-se — e se diria a verdade — que são também os sinais distintivos disto que o olhar abarca no século. Pois o tempo, que é a medida do movimento, é determinado pelo número. E o século, cujo atributo temporal concebe-se com a existência, conhece a ruptura, pois a recebeu no princípio do ser. Ora se o tempo e o século não são estranhos ao princípio, quanto mais o que neles está contido.
6. Deus é sempre no sentido próprio uno e único segundo a natureza. Contém nele de toda maneira tudo isto que é no sentido próprio, pois é mais alto que o sentido próprio ele mesmo. Se assim é, nenhuma das coisas ditas que são não têm em nada e nenhuma parte o ser no sentido próprio. Logo, é impossível considerar que isto que é diferente dele segundo a essência seja com ele de toda eternidade; nem o século, nem o tempo, nem nada daquilo que neles habita. Pois isto que é em sentido próprio e isto que não é em sentido próprio não se confundem jamais.
7. Nenhum começo, nenhum meio, nenhum fim exclui totalmente o atributo de relação. Ora Deus, que em tudo é ao infinito infinitamente mais alto que toda relação, não é certamente nem começo, nem meio, nem fim, nem absolutamente nada disto em que se pode considerar o atributo de relação.
8. Todos os seres são ditos inteligíveis. Eles têm neles os princípios que revelam os conhecimentos que temos deles. Ora Deus não é chamado inteligível, mas pelos inteligíveis cremos somente que ele é. Eis porque nenhum dos inteligíveis não pode se comparar a ele em alguma maneira.
9. Os conhecimentos dos seres têm suas próprias razões, naturalmente ligadas em conjunto a um prova, pelas quais elas se deixam naturalmente definir. Mas pelas razões que estão nos seres cremos somente que Deus é, ele que deu àqueles que o veneram, mais fundamentais que toda prova, a confissão e a fé que ele é soberanamente. Pois a fé é o verdadeiro conhecimento (gnosis — episteme); porta nela as origens não demonstráveis. Ela é, com efeito, o fundamento das coisas que superam a inteligência e a razão.
10. Deus, que realiza por sua energia mas não se afeta, é começo, meio e fim dos seres. Ele é também todos os outros nomes pelos quais o chamamos. Ele é o começo, pois ele é Criador, é meio, pois é Aquele que provê. Ele é o fim, pois ele finaliza. É dito com efeito que tudo é dele, por ele e para ele.
11. Não há alma dotada de razão que, em sua essência, seja mais digna de honra que uma outra alma dotada de razão. Pois Deus, em criando em sua bondade toda alma a sua imagem, lhe dá o movimento que a conduz ao ser. Cada alma, segundo sua relação, ou bem escolhe a honra, ou bem, por suas obras, se dirige voluntariamente para a desonra.
12. Deus é o sol de justiça, como está escrito. Faz brilhar os raios da bondade, simplesmente, sobre todos. Mas a alma é naturalmente, segundo sua resolução, ou bem cera se ama Deus, ou bem argila se ama a matéria. Logo, assim como ao sol a argila, por natureza, se seca e a cera, naturalmente, se amolece, também a alma que ama a matéria e o mundo, quando ela é condenada por Deus e se faz de acordo com sua resolução à imagem da argila, se endurece e se precipita, como o Faraó, para a perdição. Mas toda alma que ama Deus se amolece como a cera e, recebendo as figuras e as marcas das coisas divinas, ela se torna no Espírito uma morada de Deus.
*TRABALHO
*CONHECIMENTO
*VIRTUDES
*SABÁ
*GÊNESE
*SEXTO DIA
*PAIXÃO
*PERSONAGENS PAIXÃO
*TRINTA
*PENSAMENTO
*INCORRUPTIBILIDADE
*LEI