Arca da Aliança

Em sete anos, Salomão construiu o templo de Jerusalém para conter o Nome de Deus. Acabado e preparado o edifício, ele convocou todos os Anciãos de Israel para subirem com a Arca da Aliança. No interior da Arca havia apenas as duas tábuas de pedra que YHWH entregou a Moisés no Monte Sinai, o qual as colocou dentro de uma arca de madeira, a mandado de Deus. Quando a Arca foi depositada no Santo dos Santos do templo construído por Salomão, “uma nuvem encheu a Casa de YHWH. E não podiam ter-se em pé os sacerdotes para ministrar, por causa da nuvem, porque a Glória de YHWH enchera a Casa de YHWH”. (I Reis, 8,10-11). Trata-se do mesmo que explica Ezequiel (43,5): “E eis que a Glória de YHWH encheu o Templo.” Ou, como também está escrito no final do Êxodo (40,34): “E a Glória de YHWH encheu o tabernáculo.”

Quando a Arca é depositada dentro do templo, este se enche de vida, de todas as coisas do mundo, do sol e da lua, das estrelas e dos planetas, dos rios e montanhas, dos animais e das plantas, pois todas estas coisas e as demais são a Glória de Adonai, o Nome de Deus. De que se está falando? Da Aliança, do pacto de união entre os dois reinos, o do céu e o da terra. Todo o simbolismo do templo que nos conduz ao templo interior, centraliza-se nessa Aliança, a Aliança de YHWH com seu povo, que reconstrói o “instante intemporal” da boa formação. Diz J. Hani, referindo-se à relação estabelecida, nos templos cristãos, entre as formas quadradas (que representam a terra) e as formas circulares (que representam o céu): “O edifício sagrado aparece, portanto, como uma variação sinfônica do mesmo tema arquitetural, repetindo-se, somando-se indefinidamente a si mesmo, a fim de recordar o simbolismo fundamental do templo: a união do céu e da terra, o tabernáculo de Deus entre os homens, conforme cantou magnificamente São Máximo, o Confessor, em seu poema sobre Santa Sofia de Edesa:

“É algo realmente admirável que, em sua pequenez (este templo), seja semelhante ao vasto mundo… Eis que seu teto se estende como os céus: sem colunas, abobadado e fechado. Além disso, (está) adornado com mosaicos de ouro, como o está o firmamento com estrelas brilhantes. E sua cúpula elevada é comparável ao céu dos céus. Semelhante a um capacete, sua parte superior repousa solidamente sobre a parte inferior. Seus arcos, amplos e esplêndidos, representam os quatro cantos do mundo. Além disso, pela variedade de suas cores, asseme-lham-se ao arco glorioso, aquele das nuvens.”24 Este é o templo que está cheio da Glória de YHWH, não pelas formalidades construtivas, uma vez que a Glória de YHWH é à imagem e semelhança de YHWH.

Em uma das paredes do templo de Ramsés II, lemos: “Este templo é como o céu, em todas as suas disposições.” É como o que está escrito em Êxodo (25,9): “Conforme a tudo o que Eu (O Santo Bendito Seja) te mostrar para modelo do Tabernáculo… assim mesmo o fareis.” A forma do templo, suas medidas e cores, materiais e proporções, estão dispostos e desenhados segundo um modelo divino. O que seria como dizer: o templo desce do céu e condensa-se na terra; a terra é fecundada pelo código do macho, como a Virgem Maria pela visita do anjo Gabriel. Desta união nasce o verdadeiro templo, Sua Casa entre os homens.

O modelo do Santuário que YHWH dá a Moisés, é como está disposto na Fig. 9, pelo menos em nível exotérico. Sem dúvida, cada elemento que o constitui está cheio de simbolismo, isto sendo suficiente para, a partir dele, serem escritos vastos tratados, porém esta não é nossa intenção. Preferimos deixar o desenvolvimento das partes para aqueles mais eruditos.

De tudo quanto foi dito, interessa-nos em especial o ponto central, que é o mesmo do acampamento de Moisés no Horebe, assim como do templo construído por Salomão em Jerusalém: a Arca da Aliança. Deus disse a Moisés que construísse uma arca de madeira e nela pusesse as duas tábuas, segundo está escrito em Êxodo (31,18): “E deu a Moisés (quando acabou de falar com ele, no Monte de Sinai) as duas tábuas do testemunho, tábuas de pedra, escritas pelo dedo de Deus.” E mais: “Então vos anunciou ele a sua Aliança, que vos prescreveu, as dez palavras que escreveu em duas tábuas de pedra.” (Deut., 4,13). (Arola)