PARTHENIA = VIRGINDADE

VIDE: MARIA, MIRIAM, HAGNEIA

EVANGELHO DE JESUS: PARÁBOLA DAS DEZ VIRGENS; EMMANUEL; Lc 2:36


A noção de virgindade não deve e não pode ser tomada em sentido literal nas referências feitas pelos primeiros Padres. Sua associação com a noção de castidade (hagneia) e de pureza (katharotes) deveria nos conduzir a uma reflexão maior sobre o significado da “virgindade”? O que é ou deve se manter virgem no ser humano? É possível se passar da condição de não virgem à condição de virgem e como? Seria através daquilo que sempre se manteve virgem em qualquer ser humano?

Muitas questões a serem respondidas pelos escritos originais dos próprios Padres e pelos tradicionalistas. Em particular suas meditações sobre a Virgem.


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Citações dos Padres — em nosso site francês

Orígenes
O Apóstolo Paulo disse: “Quero vos apresentar todos a um esposo único, como uma virgem pura, ao Cristo. Mas temo que, como a serpente seduziu Eva por sua astúcia, vossos pensamentos não se corrompam longe da simplicidade para com o Cristo” (2Co 11,2-3). Paulo queria portanto “apresentar ao Cristo todos os Corintianos como uma virgem pura” coisa que certamente ele não desejaria jamais se não o visse possível. Neste ponto que pode ser mesmo surpreendente que estes homens corrompidos pelos diversos pecados, vindos à ao Cristo, sejam qualificados todos juntos de “virgem pura”; virgem tão santa, tão pura, que merece mesmo ser unida em bodas ao Cristo. Mas no entanto, como não se pode entendê-lo da integridade da carne, certamente que se trata da integridade da alma, alma a qual, de acordo com Paulo, “a simplicidade da para com o Cristo” foi denominada sua “virgindade”; e consequentemente, como assim cessam os sofismas dos filósofos e as superstições judaicas, é na simples que o Cristo adquiriu a Igreja, “tomou como esposa uma virgem de sua raça”. Pois sua não está corrompida nem pelo pensamento filosófico, nem pela pretensão da circuncisão: ela permanece na simplicidade da confissão como em uma integridade virginal. Como ele o tinha prometido antes pelo profeta: “Eu te esposarei na fé”.

Segundo o Apóstolo portanto, “quem quer que esteja no Cristo é uma criatura nova. E como o mesmo apóstolo declara: “Ele quis se apresentar para ele mesmo uma Igreja gloriosa, sem mácula, nem mancha, nem nada como tal, mas que fosse santa e imaculada”. Como então, ela que é maculada, a faz sem mancha, senão porque ele a renova, segundo o que está escrito: “Mesmo se o homem exterior em nós perece, o Homem Interior se renova de dia em dia”?

Gregório de Nissa: DA VIRGINDADE

Mestre Eckhart: VIRGEM, LA VIRGINIDAD DEL ALMA, SERMÃO 2

Jacob Boehme: PURA VIRGINDADE

PETER BROWN: A QUESTÃO DA VIRGINDADE
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Cabala Cristã
Nicolas Boon
Qual é exatamente o sentido profundo de toda virgindade? Está oculto nestas palavras: “Eis a Serva do Senhor, que me seja feito segundo tua palavra”. Serva, em hebreu, se diz Emmah e isso significa igualmente “Mãe oculta”. A serva faz a vontade de seu mestre. Maria, dizendo: “Eis a Serva do Senhor”, está submissa à Vontade de Deus. Há ainda muitos que pensam que a vontade de Deus é uma vontade de poder, um pouco como aquela de um tirano ou de um ditador. A vontade de Deus é essencialmente uma vontade de Amor. Fazer a vontade de Deus não consiste em uma obediência cega e temerosa. É responder ao Amor pelo amor. É por isso que à demanda da oração dominical (Pai Nosso): “que tua vontade seja feita na terra como no céu” (o que quer dizer que toda coisa seja invadida pelo Amor divino), se opõe “perdoai nossas ofensas”, pois o pecado é uma recusa do Amor. Pelo pecado, o homem opões sua vontade própria à vontade divina.

A fecundidade espiritual encontra sua raiz em certa união perfeita no Amor e é essa a essência da Virgindade. Aí onde, de alguma maneira que seja, há união da vontade do homem à vontade divina, há um grau de Virgindade. A Virgindade exterior não tem sentido a não ser na medida onde é Testemunha desta Virgindade interior.

É portanto dizendo: “Eis a Serva do Senhor, que me seja feito segundo tua palavra” que a Virgem é já Mãe oculta, secretamente mãe, mas realmente Mãe.


João Cassiano: DOS OITO VÍCIOS
É bom lembrar os ditos dos Padres assim como as passagens da Santa Escritura citadas acima. Por exemplo, São Basílio, Bispo de Cesareia na Capadócia, diz: “Não conheci uma mulher e no entanto não sou virgem”. Ele reconhece que o dom da virgindade é alcançado não tanto pela abstenção de relações com mulheres como pela santidade e pureza da alma, que por sua vez é alcançada através do temor (phobos) a Deus. Os Padres também dizem que não podemos adquirir a virtude (arete) da pureza (katharotes) a não ser que tenhamos adquirido a humildade (tapeinophrosyne) real do coração (kardia). E não receberemos o conhecimento espiritual (gnosis) verdadeiro enquanto a paixão (pathos) da não castidade (hagneia) permanece oculta nas profundezas de nossas almas.


Frithjof Schuon: VIRGEM

Rama Coomaraswamy:
(l9) Ahora Bien, la “Esposa de Cristo es una virgen”. Esto es sumamente extraño, pues como dice Teofilacto según S. Juan Crisóstomo: “Las esposas no permanecen vírgenes después del matrimonio. Pero las esposas de Cristo, del mismo modo que antes del matrimonio no eran vírgenes, así después del matrimonio devienen vírgenes, purísimas en la fe, enteras, e incorruptas en vida” (citado por Cornelius Lapide). Como dice S. Agustín, “La virginidad del alma consiste en una fe perfecta, en una esperanza bien fundamentada y en un amor sin fisuras” (Tract. XIII sobre S. Juan). Es significativo que la Fiesta del Santo Nombre de Jesús esté establecida en el segundo Domingo después de Epifanía, el cual recuerda la Boda de Caná. Esto se debe a que “es en el día de la boda cuando el Novio da su Nombre a la esposa, y eso es un signo de que, desde ese día en adelante, ella Le pertenece a Él sólo” (Gueranguer, el Año Litúrgico). Como dice Cornelius Lapide: “aquellos cuyas almas arden de la caridad, y que siempre están dándose a ella, saborean la beatitud de los esponsales con Dios y la posesión de Sus dones nupciales plenos de alegrías divinas. Pues la caridad es una unión matrimonial, la fusión de dos voluntades, la Divina y la humana, en una sola, en donde Dios y el hombre concuerdan mutuamente en todas las cosas”. “Seamos virginizados”, entonces, como dice Santa Teresa de Lisieux en una carta a Celine, a fin de que podamos devenir en estado de preñez. “Yo no soy casta a menos de que Tu me raptes” (John Donne)
…De las Vírgenes puras ninguna
Se ve más hermosa,
Que María Magdalena
Salvo una. John Cordelier.

(20) No se pregunte si el alma debe ser virginal antes de que pueda devenir en estado de preñez del Verbo Divino, ni se plantee tampoco la cuestión de si es posible que el alma sea virginal a menos de que esté en este estado de preñez. Esta es la misma cuestión que planteaba San Agustín en sus Confesiones: “¿Qué debe ser primero, conocer-Te o invocar-Te?”. Esto es como preguntar en cuanto a cuál miembro de la pareja es más activo en el abrazo conyugal. La respuesta es simple, pues todo esto acontece en la plenitud del tiempo que se ha tratado más atrás. ¿Pero qué tiene que ver todo esto con la invocación del Nombre?. S. Efren nos da la respuesta: “Jesús, Tu glorioso Nombre, Tu puente oculto que va de la muerte a la vida, a Ti he llegado y permanezco firme!…Sé un puente para mi lengua a fin de que pueda pasar a Tu verdad” (Ritmo VI).