COSMOLOGIA — PARAÍSO
VIDE: PARDES; ÁRVORES DO PARAÍSO; JARDIM DO ÉDEN; EVA SERPENTE MAÇÃ; PARADEISOS
O jardim é uma memória do Jardim do Éden, do Paraíso. A Bíblia acorda ao jardim uma significação simbólica importante. Este lugar privilegiado é um domínio divino, uma “parte-Deus”, o signo do poder regenerador e fecundante do Senhor.
Ezequiel menciona o jardim de Deus no Éden. Restaurado por Deus, a terra devastada se torna paraíso. Deus é capaz de dessecar uma terra de idolatria e muito especialmente quando os cultos agrários pagãos afastam Israel da fidelidade a seu Deus.
Isaías condena os cultos ímpios nos jardins, que são na realidade bosques sagrados onde se encontram ídolos. A cólera de Deus era inevitável. Antes que a cólera divina não venha se abater sobre ela, a terra é um paraíso.
É em um jardim que Jesus reúne seus discípulos, lugar mesmo passará por sua agonia. É em um jardim que se encontra o lugar de sua sepultura e que se produzirá a manifestação do túmulo vazio. Maria Madalena toma Jesus por um jardineiro.
Convém notar a importância do imaginário paradisíaco nas representação ao além bem-aventurado. O Paraíso se tornou, para a tradição judaica e cristã, o lugar da glorificação dos homens julgados dignos de participar na Glória Divina.
O “Paraíso” designava, na tradição cristã antiga, um jardim dotado de uma fonte que precedia a basílica. Encontra-se no centro do claustro monástico. O “Paraíso” está na origem da palavra “parvis” que designa agora o lugar diante de uma catedral ou uma igreja monumental. Este lugar há muito tempo guardou um certo caráter sagrado.
PERENIALISTAS
Frithjof Schuon: PARAÍSO
PHILOKALIA
Gregório do Sinai: 137 sentenças diversas
O paraíso é duplo, sensível e inteligível. Há o paraíso em Éden, e o paraíso da graça. O lugar do Éden é muito elevado, o terceiro antes do céu, como aqueles que o descreveram disseram. É semeado por Deus de todas as espécies de plantas perfumadas. Não é nem totalmente incorruptível, nem totalmente corruptível. Foi criado como um meio entre o corruptível e o incorruptível. Está sempre coberto de frutos, e não cessa de portar flores que se abrem, frutos verdes e frutos maduros. As árvores mortas e os frutos maduros são lançados à terra. Se tornam um solo perfumado, e não sentem a corrupção como as plantas de nosso mundo. Pois a superabundância e a santificação da graça transbordam sempre neste lugar. O rio oceano que o atravessa e recebe a ordem de regá-lo continuamente, saindo dele e se dividindo em quatro correntes, aporta e dá aos Indianos e aos Etiópios, em fluindo, o solo e as folhas caídas. O Pison e o Guihon reunidos recobrem sem seus campos, até que se separem de novo, regando um a Líbia e o outro o Egito.
HASSIDISMO
Reb Zalman Schachter: Excertos de “Fragmentos de um futuro pergaminho”
Quando a alma está pronta para entrar no Gan Eden (“Paraíso”, literalmente o “Jardim do Éden”) ela precisa primeiro ser imersa no Rio de Luz, o qual escorre da fervente perspiração das Hostes Celestiais ao cantar a glória de Deus. A imersão é para esvaziar a alma das imagens da terra que restaram para que ela possa, sem mais ilusões, ver o paraíso como realmente é.
A alma primeiro entra no Gan Eden inferior, que é um paraíso de bem-aventurança emocional. Enquanto está na terra, a maioria das pessoas não é capaz de sentir mais de uma emoção dominante de cada vez, mas a satisfação das almas no Gan Eden inferior é comparada a uma majestosa sucessão de emoções benignas que a alma sente em relação a Deus e as outras almas.
Na visão chassídica (bem como na de Swedenborg) o paraíso é organizado em sociedades. Os que se interessam pela Torá e os serviços divinos são reunidos para que possam servir o Seu Santo Nome segundo sua própria especialidade e individualidade. Cada sociedade celestial tem seu próprio rabino e é conduzida a um maior desenvolvimento. Portanto, o Gan Eden inferior é o paraíso do fervor das emoções.
Antes que a alma seja elevada do Gan Eden inferior ao superior, precisa novamente imergir no Rio de Luz para que esqueça e renuncie ao fervor das emoções pelas delícias de conhecer Deus através do entendimento. O servir a Deus com insight, através do estudo da Torá e o amor à mente é sua própria recompensa. As sociedades do Gan Eden superior são organizadas em yeshivot (escolas) que atingem uma compreensão da Mente Divina tal como está representada na Torá. A cada meia-noite, o Sagrado, Abençoado Seja, aparece em pessoa e entra no Gan Eden para deliciar e compartilhar de Sua Abençoada Sabedoria com as pessoas justas que alcançaram o Gan Eden superior.
Nada de novo é ganho no paraíso. O balanço das mitzvot (“mandamentos”, “bênçãos”, “bom karma”) e da Torá na hora da morte é o que permanece com a pessoa após a morte. No paraíso a pessoa ganha somente um entendimento mais profundo e mais rico de sua vida na terra.