Tal é o conceito inaudito da carne desvelado no cristianismo. Uma carne que não é sensível senão no segredo de suas tonalidades afetivas e de suas determinações patéticas invisíveis. Que não é inteligível senão na aparência exterior vazia de uma determinação material, jamais como carne, portanto, mas somente a título de corpo inerte. Então a essência é a Arqui-inteligibilidade joanina, a de Deus mesmo e de seu Espírito. A Parusia do absoluto brilha no fundo da impressão mais simples. É por isso que a carne não mente. Ela não mente à maneira do pensamento verídico que diz o que vê ou crê ver, ainda quando não haja nada, como nos sonhos. Pensamento que não mente, mas que poderia também fazê-lo, seja propositalmente, seja por inadvertência, seja ainda por ignorância. A carne não mente porque não pode mentir, porque no fundo dela mesma, ali onde é compreendida pela Vida, é a Vida que fala, o Logos de Vida, a Arqui-inteligibilidade joanina. (Michel Henry, MHE)
mentira
—
por