CORPO — MÃOS


René Guénon: AS CONDIÇÕES DA EXISTÊNCIA CORPORAL

Es por la movilidad que la forma se manifiesta físicamente y se nos hace sensible, y, al igual que la movilidad es la naturaleza específica del Aire (Vayu), el tacto es el sentido que propiamente le corresponde, pues es por el tacto que percibimos la forma de una manera general 1. Sin embargo, este sentido, en razón de su modo limitado de percepción, que se opera exclusivamente por contacto, no puede darnos directa e inmediatamente la noción integral de la extensión corporal (de tres dimensiones) 2, lo que únicamente se opera con el sentido de la vista; pero la existencia actual de esta extensión está ya presupuesta aquí por la de la forma, puesto que ella condiciona la manifestación de esta última, al menos en el mundo físico 3.

Jean Canteins: A VIA DAS LETRAS
A mão é um órgão fascinante e exerceu sua fascinação sobre o homem desde os tempos pré-históricos. Isso tem a ver com tomada de consciência das possibilidades de ação que levanta, possibilidades praticamente indefinidas pois elas se exercem sobretudo no campo da atividade, depois do gesto mais brutal ou mais rápido até ao mais refinado ou ao melhor, dominado na doçura, a lentidão ou a precisão. A mão, órgão único na natureza, inimitável (a tecnologia a mais sofisticada não conseguiu, felizmente, suplantá-la), constitui um todo por ela mesma. É um fato de observação: a mão é o que prolonga o braço a partir do pulso; o braço é ele mesmo destacado como para melhor identificar a mão e distingui-la do resto do corpo.

A mão é assim de tal maneira ressentida como um órgão aparte que é um paradoxo defini-la como um órgão extra-corporal e aqui nos dois sentidos do termo. Por um lado, no sentido de objetivação: pelo fato de sua relação com o ambiente, de seu contato permanente com o exterior, a mão se torna ela mesma “objeto” (no sentido etimológico da palavra) por “desapego” do sujeito, senão do corpo, pelo qual ela se determina. Por outro lado, no sentido da subjetivação: pela sua capacidade a responder às menores solicitações interiores a mão se apresenta ao mesmo tempo como uma espécie de forma precipitada, muito precisa e muito concreta, e de exteriorização do cérebro e do coração. A mão é uma entidade ao mesmo tempo infra-corporal, enquanto “objeto”, e supra-corporal, enquanto projeção da alma e do espírito.

A esta concepção unitária quase dogmática, da mão se opõe a estrutura simétrica do homem: não há órgão “simples” no corpo humano, mesmo o cérebro tem dois hemisférios e o coração dois ventrículos. A mão não escapa a esta lei que parece fazer proceder o corpo de uma sorte de dicotomia e de desdobramento ao redor de um eixo vertical, de um conjunto primitivamente único, coagulado e fechado. O homem deve tomar seu partido, ele tem uma mão direita e uma mão esquerda. A unidade principial é temperada e até frequentemente obliterada pela existência desta dualidade orgânica. Esta marcou fortemente o homem desde a origem a ponto de impregnar sua consciência de uma ambivalência de comportamento entre a direita e a esquerda cujas mãos são naturalmente as polarizações privilegiadas. É preciso, no entanto, apreciar esta bipolarização na sua justa medida: assim como não há, no instante, que uma expressão de pensamento ou de sentimento não obstante a estrutura “dual” do cérebro ou do coração, não há um gesto da mão, de maneira que o termo de bi-unidade convém melhor que aqueles, muito marcados, de unidade ou de dualidade.

Luc Benoist: SIGNOS, SÍMBOLOS, MITOS
Depois de dominar sua posição vertical, o primata que ainda éramos pôde captar e modelar com sua mão liberada a matéria de sua indústria. Mas, dizendo que o homem possui mão, restringimos singularmente seu papel, pois esta mão o prolonga por inteiro e um terço de seu cérebro lhe é consagrado. Graças a uma sensibilidade superior à das outras partes do corpo, a mão tornou-se o órgão detector por excelência, produtor de objetos, operador de sinais e em si mesma instrumento polivalente. A palavra signo, aliás, vem do latim signum que tem a mesma raiz do verbo secare = cortar, de onde a palavra segar (francês, scier). Um signo é aquilo que foi inciso pela mão na casca de árvore. O homem deixa em tudo o que faz ou manipula a marca de seus dedos, da qual se conhece o caráter revelador. As ligações privilegiadas que unem as áreas cerebrais da motricidade e as da linguagem articulada permitem á mão manifestar o homem que fala e que pensa, ao lado do homem que age. O estágio do fazer é apenas uma transição da função do dizer, e até etimologicamente nas línguas indo-europeias a palavra dizer deriva de uma raiz que significa mostrar com o dedo.

Entretanto, mesmo depois de ter conquistado o domínio de seu pensamento abstrato, a visão de seu universo não se tornou menos presa a uma codificação dos movimentos de sua mão, inscrita no quadro intransponível das três dimensões do espaço.

Nicolas Boon: DUAS MÃOS

  1. Es oportuno señalar a propósito de ello que los órganos del tacto están repartidos por toda la superficie (exterior e interior) de nuestro organismo, que se encuentra en contacto con el medio atmosférico.[]
  2. No pudiendo operarse el contacto más que entre superficies (en razón de la impenetrabilidad de la materia física, propiedad sobre la cual volveremos a continuación), la percepción que resulta no puede dar de manera inmediata sino la noción de superficie, en la cual intervienen solamente dos dimensiones de la extensión.[]
  3. Añadimos siempre esta restricción para no limitar en nada las indefinidas posibilidades de combinación de las diversas condiciones contingentes de existencia y, en particular, las de la existencia corporal, que no se encuentran reunidas de una manera necesariamente constante más que en el dominio de esta modalidad especial.[]