Lúcifer

BERNARD MCGINN — ANTICRISTO
VIDE Lucifer
LÚCIFER
O componente final na evolução de Satã envolve a miscigenação de oponentes celestiais e humanos de Deus de uma maneira que acercam os estágios formativos da lenda do Anticristo. Isaías 14,12-13, datando sua forma presente da metade do século VI aC, satiriza um rei terrestre da Babilônia que ousou tentar ascender ao céu :
Como caístes dos céus, Daystar, filho da Aurora (helel ben-shahar)? Como acabastes atirado ao solo, tu que escravizastes nações? Tu que costumavas pensar, “Subirei aos céus ; e mais alto que as estrelas de Deus fixarei meu trono.

Este relato, que obviamente envolve colorido mítico considerável em sua figuração de uma rebelião contra os poderes do céu, é notável por sua mitificação da história contemporânea — ou seja, sua inserção da nova estória do ataque de rei babilônio (provavelmente ou Nabucodonosor ou Nabonidas))) ao templo de ((YHWH em uma velha estória do conflito entre jovens e mais antigos deuses. Lúcifer, o nome dado ao rei rebelde mitificado na Vulgata, mais tarde se tornaria um sinônimo de Satã na Cristandade. Ataques similares contra reis poderosos que clamavam status divino para si mesmos são encontrados no oráculo do rei de Tiro em Ezequiel 28 e contra o Faraó em Ezequiel 29. Esta fusão de oposição angélica e humana a Deus influenciou tanto a desenvolvimento da figura de Satã e a evolução da ideia de Tirano Final no apocaliticismo judeu.


Theosophia
Eckartshausen: OS ESPÍRITOS

Houve um tempo onde não havia senão luz; a noite não seguia o dia, a luz não engendrava um fogo devorante. A possibilidade do fogo e da noite existia então, mas não se realizara. Luz e fogo eram uma única coisa. As inteligências eram os receptáculos da luz, os tipos da imagem luminosa manifestada; a tarefa destes seres consistia simplesmente em deixar agir neles a divindade, fonte de luz. O centro mesmo da bondade de Deus, o espelho sobre o qual se depositava plenamente a impressão de Sua luz, para agir de novo sobre os outros seres, era Lúcifer, receptáculo de todas as energias espirituais, portador de Sua luz no seio deste Universo luminoso, pois Sua bondade, Seu amor, atenuavam o fogo devorante de Sua essência. O que Lúcifer recebia da fonte de luz era puro, e ele devia comunicar por sua vez aos outros Espíritos; ele estava destinado a se manter no centro da Unidade a fim de servir de medium, quer dizer, para impedir que a luz não se tornasse fogo e não queimasse a criatura. Com efeito, qual ser, mesmo angélico, é puro diante de deus? Quem é capaz de O contemplar, se Sua bondade não atenuasse o fogo devorante?