CORPO — CABEÇA — CÉREBRO
René Guénon: CORAÇÃO E CÉREBRO
O que é verdade para o Sol e para a Lua vale também para o coração e o cérebro, ou, melhor dizendo, para as faculdades às quais esses dois órgãos correspondem e que são por eles simbolizadas, isto é, a inteligência intuitiva e a inteligência discursiva ou racional. O cérebro, enquanto órgão ou instrumento desta última, só desempenha na verdade uma função de “transmissor” ou, se quisermos, de “transformador”. Não é sem razão que a palavra “reflexão” é aplicada ao pensamento racional, pela qual as coisas são vistas como que num espelho, quasi per speculum, como diz São Paulo. E também não deixa de ter razão o fato de que a mesma raiz, man ou men, serviu em diversas línguas para formar inúmeras palavras que designam, de um lado, a Lua (mênê grego, moon inglês, mond alemão1) e, por outro lado, a faculdade racional ou o “mental” (manas sânscrito, mens latino, mind inglês; v. memória), e também, por consequência, o homem considerado em particular segundo a natureza racional pela qual ele se define especificamente (sânscrito manava, inglês man, alemão mann e mensch; v. Minerva). A razão, de fato, é apenas uma faculdade de conhecimento mediato, o modo propriamente humano da inteligência. Já a intuição intelectual pode ser chamada de suprahumana, pois representa uma participação direta da inteligência universal que, por residir no coração, isto é, no próprio centro do ser onde se encontra o ponto de contato com o Divino, penetra o ser pelo interior e o ilumina com sua irradiação.
GURDJIEFF: RELATOS DE BELZEBU A SEU NETO
Devido ao fato que eles ( homens ), como qualquer outro ente tri-cerebral da totalidade de nosso Grande Universo, têm três partes espiritualizadas independentes separadas, cada uma das quais tem, como uma localização central para a concentração de todo seu funcionamento, uma localização propriamente sua que eles mesmos chamam um «cérebro», todas as impressões em sua presença comum, seja vindo do exterior ou surgindo do interior, são também percebidas independentemente por cada um destes «cérebros» deles, de acordo com a natureza destas impressões; e posteriormente, como também é próprio proceder nas presenças de cada tipo de ser sem distinção de sistema-cerebral, estas impressões juntas com prévias impressões compõem o total e graças a choques ocasionais evocam em cada um destes «cérebros» separados uma associação independente.