CRECHE — BOI E ASNO
VIDE: ASNO; NATIVIDADE; ENCARNAÇÃO; PRESÉPIO; DOMINGO DE RAMOS; ÍCONES NA ENTRADA DE JERUSALÉM
PERENIALISTAS
Roberto Pla: Evangelho de Tomé – Logion 25
A simbologia do boi e do asno a usa também Isaías no primeiro capítulo onde os dois animais formam o ternário psicológico com Israel, cujo nome bendito por YHWH é a imagem da vitória messiânica no combate espiritual. Mais adiante a literatura apócrifa cristã tomaria este dado iconográfico judeu com a única inovação de substituir Israel por Jesus, o Filho primogênito. Assim aparece no pseudo evangelho de Mateus, em termos tacitamente aceitos pela igreja: “Reclinou à criança em uma manjedoura e o boi e o asno o adoraram. Então se cumpriu o que havia sido anunciado por Isaías: conhece o boi a seu dono e o asno a manjedoura de seu amo”.1
Com a precisão poética que é notória no proto-Isaías, no boi “que conhece a seu dono” se descreve o ruah instituído no centro da consciência do homem, e no asno “que conhece a manjedoura de seu amo”, se significa o impulso de vida animal, atento à nutrição com avidez, própria da nefes. No que respeita à nova psicologia cristã, Jesus é a representação da vida eterna do espírito (ou de nesamah, uma vez passado por este fogo — do conhecimento — e pela prova do ouro, tal como anunciou Zacarias. O boi ruah e o asno nefes são na cenografia da Natividade a representação iconográfica da alma dual prostrada em “adoração” ante o Filho do Homem. Aposentada nos dois ângulos, direito e esquerdo, da base do triângulo psicológico, aparece “cindida” a alma; de um lado, à direita, tudo que é propício à adesão ao grão para a salvação, de agregar-se ao Filho divino como signo da obra salvífica cumprida por este, e do outro lado, à esquerda, a palha, de uso simbólico tão evangélico, cujo destino é somente a morte que a espera, como a todo o temporal, depois de concluída a trilha.