ALELUIA, αλληλούια, Alleluiah, palavra hebreia, que significa louvai o Senhor: composta do verbo “halal” que se emprega nas Escrituras, principalmente para marcar os favores que se recebe dele; é por isso que se começa ou se termina pela palavra “Allelu-jah”, vários salmos (Sal. 103, 105, 110, 111, 112, 113, 150), nos quais se publica as graças que foram feitas à seu povo: e porque a ocupação dos bem-aventurados será de louvar a Deus, e agradecê-lo por suas graças; alguns creem que os bem-aventurados farão ressoar essa palavra no céu, para testemunhar sua alegria; também se canta na Igreja somente no tempo de alegria, como na Páscoa, desde o tempo dos apóstolos, e mesmo , desde o tempo dos profetas; pois Santo Epifânio garante que o uso do cantar na Igreja vem do profeta Ageu, que a cantou em primeiro, de início quando ele viu o templo novamente construído: o que Tobias tinha predito cf. 13:22. “Per vicos ejus alleluia cantabitur”: Cantar-se-á ao longo das ruas de Jerusalém, aleluia.1 É porque nossos pais preferiram mais reter o termo original que de não o exprimir em uma única palavra com muito de majestade; pois não significa somente louvai a Deus; mas significa o louvar com transporte de alegria.
Essa palavra aleluia passou dos primeiros Judeus cristãos aos Gregos e aos Latinos, que a retiveram em seus idiomas, para se acomodar à Igreja dos Judeus; mas depois que o Evangelho se estendeu por todas as nações, não se pôde mudar essa palavra hebreia, cujo uso era recebido por toda parte, como disse São Jerônimo, “Ep. ad Marcell” (Carta 24 a Marcela – Algumas palavras litúrgicas do hebreu 2).
No apocalipse, os anjos e os outros bem-aventurados no céu, farão ressoar Aleluia, para marcar a alegria da Igreja triunfante, e os louvores que ela dá à Deus da ruína do paganismo, e do estabelecimento da religião cristã, conforme c.19, v: 1, 3, 4 e 6.
Thomas Merton
Assim, com o aleluia da vitória, o grito triunfante da Páscoa em seus lábios, a Igreja renova o mistério Pascal, no qual a morte é vencida, o poder do demônio é, para sempre, destruído e os pecados são perdoados. É o mistério da morte e da ressurreição do Salvador nascido para nós nesse dia. Hoje, a Igreja canta: Dies sanctificatus illuxit nobis, o que significa: Um dia de salvação, um dia santificado pelo mistério, um dia cheio de poder divino e santificador brilhou sobre nós. E ela continua: “Aleluia, Aleluia; um dia santificado brilhou para nós, vinde vós, gentios, e adorai o Senhor, pois, neste dia, uma grande luz desceu sobre a terra”. A Igreja conclama o mundo inteiro à adoração, ao preparar-se com grande solenidade para anunciar as palavras do Evangelho em sua terceira Missa. Este é o prólogo de João, no qual, com formidável poder que lhe foi dado por Deus, o maior dos Evangelistas proclama que a Palavra que, no início, estava com Deus se fêz carne e habita entre nós cheia de graça e de verdade.
Pe. Antonio Fazenda: Introdução de sua tradução de Santo Agostinho — Sermões da Páscoa
Se os versículos da Epístola aos Romanos, 13, 12, «Nox praecessit, dies autem appropinquavit» (Precedeu a noite, chegou o dia) e aos Efésios, 5, 8, «Fuistis aliquando tenebrae, nunc autem lux in Domino (Fostes antes trevas, agora sois luz no Senhor), se repetem tantas vezes na pregação pascal, é que o Baptismo, que é a Páscoa dos Recém-nascidos, é que a Páscoa dos fiéis, os engolfa, ao cabo da passagem, em Cristo Luz, em Christus Dies. Sto. Agostinho não inova, retoma uma expressão tradicional, empregada antes dele, por S. Cipriano: Christus sol verus et dies verus (Cristo sol verdadeiro e dia verdadeiro).
Pode-se dizer que a liturgia das festas pascais recorda incessantemente a luz. Exaltam-na os textos e os cantos da vigília. O dia de Páscoa retumba com o Aleluia e com o versículo do Sl 117, 24, «Hic est dies quem fecit dominus» (Este é o dia que o Senhor fez), que se retoma no dia da Oitava, em que é tradicionalmente comentado. Os cristãos vão em marcha para a luz. Não começam por isso as jornadas ao amanhecer, como principiam os dias do Gênesis, mas iniciam-nas ao cair da noite precedente «porque vos esforçais em passar não da luz para as trevas mas das trevas para a luz, que é o que nós esperamos fazer com o auxílio do Senhor». Pois o homem libertado dos pecados chega à luz da justiça.
Mais ainda, os fiéis também são luz, eles é que são este «Dia que o Senhor fez» (Et lucem vocavit diem; Gn 1, 5) … se, pois, à luz chamou Dia, não m há dúvida de que aqueles a quem fala o Apóstolo (Éreis antes trevas, agora sois luz no Senhor) são o Dia; todos os santos, todos os fiéis e, por conseguinte, todos os justos (pois o justo vive da fé), todos juntos na mais concorde união são o Dia, e a união de todos eles é o único Dia» (S Guelf. 18, 1). Sem dúvida este dia é «aquele que o Senhor fez» e a segunda parte do versículo ganha importância na polêmica antipelagiana «Se eles se fizeram justos a si mesmos, já não são o Dia que o Senhor fez» (S Guelf. 18, 1).
Jean Tourniac
Mas nós encontraremos o Amém em outra circunstância apocalíptica (Apocalipse 5, 7, e 19-4), quando os 24 anciãos vestidos de branco, coroados de ouro, rodearam o trono diante do qual queimam sete lâmpadas ardentes dos sete espíritos de Deus, e que delimitam os quatro « viventes ». O Amém é então proferido enquanto que a criação inteira aclama o Cordeiro Triunfante. Os 24 anciãos e os 4 viventes se prosternam e adoram o Eterno assentado sobre seu trono dizendo « Amém – Aleluia ».
Curiosamente, o Aleluia era já, nas antigas liturgias ocidentais, um tipo de nome substituto do Cristo, já que se enterrava simbolicamente, antes da ressurreição pascal, um tijolo enfiando em um nicho do coro das Igrejas. Seria preciso concluir disso que esses nomes hebreus, Amém e Aleluia, são essências da « língua sagrada » conservados no cristianismo e aplicados para designar o Nome do Senhor? Observar-se-á, de passagem, que esses dois nomes valem numericamente 91 + 86 = 177, ou seja, três vezes o valor do terço latino formado, no total, de 59 grãos…
Essas são, em todo caso, as duas únicas palavras que subsistem na Jerusalém celeste e no mundo apocalíptico, esse « mundo que vem » e enquanto as línguas tiverem cessado e que a contemplação se realizar face à face, segundo descrição conhecida de Paulo.
Poder-se-ia verdadeiramente considerar que se o Cristo é « a Palavra », esses dois nomes são « sua Palavra » já que permanecem enquanto que o mundo acabou, e que ele-mesmo disse « a terra e o céu passarão mas minhas palavras não passarão ». (Mt 24:35, Mc 13:31 e Lc 21:33).
- NT: Na Bíblia Tradução Ecumênica (TEB) o capítulo 13 não tem versículo 22, essa passagem se encontra em Tobit 13:18 — As portas de Jerusalém cantarão hinos de júbilo e todas as suas casas cantarão: “Aleluia! Bendito seja o Deus de Israel!” E os eleitos bendirão o Santo Nome para sempre.[↩]
- NT: § 3. Assim, pois, “aleluia” quer dizer: “Louvai ao Senhor”. Pois “ia” é um dos dez nomes de Deus em hebreu. No salmo em que lemos: “Louvai ao Senhor, porque é bom salmodiar” (Salmo 146,1), se lê no texto hebreu: “Aleluya qui tob zammer”. In: p.270 de “Epistolario I, edición bilíngue, Biblioteca de Autores Cristianos, volume n° 530, Madrid, 1993, p.911, ISBN: 84-7914-080-1.[↩]