Levedura (Mt XIII, 33; Lc XIII, 20-21)

PARÁBOLAS EVANGÉLICAS — A LEVEDURA — O FERMENTO (Mt XIII, 33; Lc XIII, 20-21)

Outra parábola lhes disse: O reino dos céus é semelhante ao fermento, que uma mulher toma e introduz em três medidas de farinha, até que tudo esteja levedado. (Mt 13:33)

E disse outra vez: A que compararei o reino de Deus? É semelhante ao fermento que uma mulher, tomando-o, escondeu em três medidas de farinha, até que tudo levedou. (Lc 13:20-21)


Citações dos Padres — nosso site francês

Tomás de Aquino: Catena aurea — Mateus e Lucas


Roberto Pla: Evangelho de ToméLogion 16 e Logion 96

Com a levedura se menciona na parábola a pérola, o tesouro, a pedra angular, a Palavra, etc. …, enquanto essência, enquanto Ser verdadeiro do homem. A “massa” é a alma, na qual está “escondida” a levedura, posto que permanece desconhecida pela consciência até que seu fruto cresça o bastante para que sua presença seja reconhecida. Por último, a massa aparece dividida em “pães”, e cada um deles é uma personalidade humana, uma unidade psicofísica, com a porção de levedura escondida em seu seio.

Como o que explica esta parábola é a revelação capital da Boa Nova, os “ditos” de Jesus recompilados no Evangelho de Tomé voltam sobre ela mais de uma vez. Também devemos nós insistir.

Os muitos pães parecem assinalar o viver da consciência individual, separada; mas isto só se vê assim quando os pães se contemplam com um olhar superficial. Mas o olhar profundo do conhecimento resulta evidente que o “pouco” de levedura que a vontade do Pai — a mulher da parábola — tomou de seu próprio Reino e que está “escondida”, oculta, na massa como uma essência que a dá vida, posto que a Vida mesma que a faz fermentar, é o Ser verdadeiro do homem.

O que o olhar deve descobrir, se é um olhar que busca o conhecimento, é a unidade de manifestação que a partir da levedura única subjaz na multidão dos pães. Como a levedura é espírito, “figura” do vento ou sopro de Deus, se dispersa nos pães, mas se reúne de novo uma vez fique redimida de seu cativeiro de alma e matéria.

Por outra parte, é fácil identificar a levedura da parábola com o Filho, o qual, enquanto hóspede invisível e imortal da massa, é o desconhecido “perfeito”, a pedra angular desprezada por muitos, mas fundamento da edificação do homem. A contemplação intensa desta levedura é o que confere a todos os homem o “poder de se fazer filhos de Deus”.

Isto é o que motivou o canto de Zacarias, quando pleno do Espírito Santo, profetizou em seu Benedictus (v. Zacarias Isabel).


Maurice Nicoll: A LEVEDURA