Julian de Norwich Salvação

Matthew Fox — Contribuição de Julian às necessidades espirituais de hoje
A salvação como cura.
Para Julian, o propósito da Encarnação é mais curar os dois lados de nossa natureza do que apagar o pecado original. Assim como em Cristo estão unidas duas naturezas — a divina e a humana — também nós podemos nos tomar perfeitos e curados. Pela paixão de Cristo, nossa sensualidade é unida à nossa substância por intermédio de um grande ato de “unificação”. Julian imagina Jesus em nosso centro, que é uma “cidade respeitável” e “é nossa sensualidade”. Cristo ali está encerrado. “Em nossa primeira criação Deus nos concedeu tantos e tão grandes benefícios quanto podíamos receber somente em nosso espírito.” Portanto, para Julian, havia duas criações. A primeira, que era boa, muito boa mesmo. E a segunda, que foi a vinda de Cristo como uma Nova Criação que nos fez ainda melhor, porque levou a uma união mais plena entre o que há de divino e de sensual em nós.

O contínuo poder criativo de Deus faz parte de nós e da criação de tal maneira que todas as atividades naturais, inclusive até ir ao banheiro, envolve um trabalho conjunto nosso e de Deus. “É Deus que faz isto”, declara sobre a ida ao banheiro, querendo dizer, Deus e nós, pois somos co-criadores. A que distância da pudicícia sentimental de tanta espiritualidade cristã está o envolvimento de Julian em nossa materialidade e na Boa Nova da Salvação como a novidade que cura a mente e o corpo, a alma e o espírito, a natureza e a graça, em atos unitivos de graça serena e harmoniosa.