Gregorio Nissa Pecado

A “lei do pecado
Encontraríamos nas Escrituras muitos outros textos para condenar os pecados ocultos nas almas. Esses vícios são maus e difíceis para se curar: eles se tornam fortes nas profundezas da alma a ponto de não ser possível extirpá-los e removê-los somente pelo zelo e virtude do homem. Só é possível quando, pela oração, conseguimos o poder do Espírito para um combate comum ( Rm 15,13 ). Então poderá ser dominado esse mal que se apresenta como um tirano em nosso interior. O Espírito nos ensina pela voz de Davi: “Purifica-me de meus pecados ocultos; guarda o teu servo do vício da soberba” ( Sl 18,13.14 )

O homem é composto de dois elementos: a alma e o corpo. O corpo é a parte externa e a alma permanece no interior, como princípio de vida. O homem deve vigiar sobre o seu corpo como sobre o templo de Deus, cuidando para que nenhuma falta visível venha atingi-lo, subjugá-lo e destruí-lo. A esse respeito, o Apóstolo nos faz a seguinte advertência: “Se alguém destrói o templo de Deus, Deus o destruirá” ( 1Cor 3,17 ). Quanto à alma, ó preciso protegê-la com a maior atenção para evitar que os vícios emergissem de suas profundezas e venham destruir as razões da piedade, escravizando a alma, depois de tê-la cumulado de paixões que a retalham secretamente.

Convém, pois, voltar-se para a alma e guardá-la diligentemente, como o general, que adverte e comanda: “Ó homem, guarda teu coração com toda a atenção, porque nele está a fonte da vida” ( Pr 4,23 ). Para guardar a alma, há o julgamento da piedade, fortificado pelo temor de Deus, a graça do Espírito e as obras da virtude. Aquele que assim arma e guarda a sua alma afasta facilmente os assaltos do tirano, a saber: a fraude e a concupiscência, o orgulho e a cólera, e todos os impulsos perversos do mal, existentes no interior do homem.