Paul Nothomb — O SEGUNDO RELATO
Gen 3,17 E ao Homem disse: Porque tu escutaste à voz de tua mulher e porque tu comeste da árvore da qual te tinha recomendado expressamente: não a comas em a decepando, em a amputando (mimmenou), a adama está maldita por tua casa, é com pena que tu comerás todos os dias de tua vida.
A adama, excluída do jardim (posto que tudo o que entra no jardim deve a princípio sair da adama) aí reaparece aqui na boca de Deus como um espantalho que ele brande diante do Homem. Recue! parece lhe dizer. Esta adama na qual tu estás a ponto de cair por causa do que acabas de fazer, é o não-lugar o mais inospitaleiro que seja. É um não-lugar maldito para o Homem que tu és, que não somente tirei da adama, mas tirei em qualidade de afar, de pó voador, de leveza, à imagem do vento, à imagem de Deus. Aí retornar para ti é regressar a um estado que jamais conheceste, ao estado de «adam» genérico, no qual visualizei um instante de te Criar em seguida aos animais, mas rapidamente renunciei em pensando no horror que seria para o ser consciente que te queria de não ser imortal, de viver na assombração da morte (a morte que ignoram os animais inconscientes). E como acaba de fazer em se dirigindo à Mulher, Deus tenta dissuadir o Homem de persistir na sua «Queda». Não é uma punição, um castigo que anuncia, é o que vai lhe acontecer por sua falta se deixa o jardim, para o qual foi feito. Pode deixá-lo, certamente, posto que é livre, e a princípio começou seriamente, mas o que o espera fora é abominável. Esta adama maldita, se tu te junta a ela, tua a comerás, sim, «tu dela consumirás» todos os dias de tua vida. Essa será a sinistra «condição humana», dia após dia, avançarás na sombra da morte, no tempo irreversível do qual cada momento te aproximará do túmulo.
Neste versículo e nos dois seguintes, o verbo ‘KL «comer» é empregado com um complemento direto, no sentido próprio se se pode dizer, de «consumir», «se nutrir» fisicamente ou moralmente. Ao contrário foi incessantemente empregado com um complemento indireto, no sentido metafórico, na medida que se tratava das «árvores» do jardim (e assim será o caso em Gen 3,22). Este complemento foi introduzido pela preposição MN (pronunciada «minn») sob uma de suas três formas, a forma abreviada M-, a forma inteira MN, e a forma desenvolvida, sufixada MMW. Esta última forma MMW é sempre empregada, e ainda neste versículo, a respeito da recomendação divina expressa, de não «comer» da «árvore-código», quer dizer de não decepar, amputar a Realidade do Éden que designa.