Fim de Zoroastro

PAUL DU BREUIL — ZOROASTRO
FIM DE ZOROASTRO
Os primeiros discípulos muito cedo formaram grupos de “Pobres” nos quais muitos vêem os predecessores dos dervixes. Se as primeiras fontes do Avesta informam pouco sobre um “Clero” da nova cujo sucessor de Zoroastro, na qualidade de chefe da comunidade, foi Jamaspa, seu genro4, o antigo chefe sacerdote do fogo, o athravan, que permanecerá sacedote do fogo no Irã (Strabon), tomou-se também, com a reforma zoroástrica, o sacerdote ambulante portador da boa palavra. Pela tradição Zoroastro foi o primeiro entre os athravans (Yt. 13.94). Aos 65 anos Zoroastro teria dado ainda lições de filosofia na Babilônia, na época de Cambises, mas aí há, provavelmente, uma confusão com um certo Zaratas, o “segundo Zoroastro” que teria iniciado Pitágoras. Oito anos mais tarde, de volta ao leste iraniano, o Sábio teria instaurado aí um culto do fogo perto de um cipreste sagrado. Graças a seu conselho, Vishtaspa teria retomado a guerra contra o Turan, hostilidades interrompidas em Merv com a morte de Zerir, o irmão do rei e, vitorioso desta vez, o soberano teria entulhado Zoroastro de honrarias. Mas, ao passo que uma campanha arrastou o rei do Seistão, os turanianos invadiram Bactres, profanaram o templo e executaram os 24 sacerdotes. Apunhalado nas costas Bratraresh quando rezava, Zoroastro atirou-lhe no rosto seu rosário, dizendo: “Possa Ahura Masda te perdoar como eu o faço”, mas o assassino logo caiu morto.

Zoroastro teria sido feito em pedaços, então, pelos lobisomens.

A lenda clássica terá também sua versão da morte do grande Sábio. De Ctésias a Justino repete-se que Zoroastro, “rei dos bactrianos”, primeiro fundador das artes mágicas e primeiro observador dos movimentos das constelações e da origem do mundo, foi morto pelo exército de Nino, rei dos assírios, que ele mesmo encontrou a morte e deixou uma filha, Ninias, e uma esposa, Semí-ramis.

Para Plutarco, Semíramis é que foi o vencedor de “Zoroastro, o bactriano”.

Segundo Clemente de Alexandria, Platão identificava Er, o filho de Armênios, nascido em Panfília, com Zoroastro, que depois de doze dias no túmulo ressuscitou segundo os doze signos do Zodíaco.

E para o Chronicon Paschale (escrito em 629), Zoroastro, “o famoso astrólogo persa”, sentindo a proximidade da morte, aconselhou a seus próximos que logo que o fogo o queimasse, deveriam recolher suas cinzas e guardá-las para que o reino não mais lhes escapasse. Este relato não satisfaz muito os parses ortodoxos, que consideram que a incineração mancha o elemento sagrado do Fogo…