Exegese da Alma [JRNH}

Biblioteca de Nag Hammadi — A Exegese da Alma

The Exegesis on the Soul

Apresentação (excertos resumidos) da tradução de William C. Robinson, na compilação de James Robinson [JRNH]

Esta obra é um pequeno conto (dez páginas de papiro) narrando o mito gnóstico da alma desde sua queda no mundo até seu retorno ao céu. A alma, cuja natureza é feminina — ela tem até um útero — era virginal e de forma andrógina quando estava só com seu Pai no céu, mas quando caiu no mundo e em um corpo ela se poluiu com muitos amantes. Estes amantes são bandoleiros e bandidos que tratam a alma como uma prostituta, então a abandonam. Em seu sofrimento, ela busca por outros amantes que também a enganam, fazendo-a a escrava de seus prazeres sexuais. Envergonhada, a alma permanece na escravidão, vivendo em um bordel, indo de um mercado a outro. O único presente que recebe de seus amantes é a semente poluída: seus filhos são tolos, cegos, doentes e débeis.

A alma permanece neste cativeiro sexual e psíquico até o dia que percebe sua situação e se arrepende. Pede por ajuda do Pai que tem piedade ela. Ele desempenha duas ações para ajudar a alma: primeiro, faz seu útero voltar-se para dentro de modo que a alma recupera seu próprio caráter: “o útero da alma está de fora como as genitálias másculas, que são externas”. Este voltar-se para dentro protege a alma de novas contaminações sexuais por seus amantes. Segundo, o Pai envia um noivo do céu para a alma. O noivo é seu irmão, o primogênito da casa do Pai.

Renovada e purificada, a alma se adorna ela mesma na câmara nupcial esperando por seu noivo. A sua chegada, eles se amam mutuamente apaixonadamente. O amor deles que é espiritual e eterno , é descrito com uma vívida sensualidade normalmente usada para relações carnais. Os frutos deste casamento são bons e belos filhos (na alegoria, ideias belas e virtuosas: Filon, Querubins 44). Finalmente a alma regenera-se ela mesma e retorna a seus estado primeiro.

Em suas linhas gerais, a estória da alma na obra segue o mito valentiniano de Sophia, o último éon que deixa o Pleroma buscando novos horizontes. Da prostituição ao arrependimento em lágrimas e do arrependimento ao seu retorno à casa do Pai, o itinerário da alma relembra de perto a viagem de Sophia.