Pla
Jesus disse: Não deis o que é santo aos cachorros, mas que não o arrojem ao esterco. Não lances as pérolas aos porcos, para que não as encham de imundície.
Puech
93 < Jésus a dit > : Ne donnez pas ce qui est saint aux chiens, de peur qu’ils ne le jettent au fumier. Ne jetez pas les perles aux porcs, de peur qu’ils n’en fasssent [ ].
Suarez
1 Ne donnez pas ce qui est pur aux chiens, 2 de peur qu’ils ne le rejettent sur le fumier. 3 Ne jetez pas les perles aux pourceaux, 4 de peur qu’ils n’en fassent des saletés.
Meyer
93
(1) “Do not give what is holy to dogs, or they might throw them upon the manure pile. (2) Do not throw pearls [to] swine, or they might make [mud] of it.” [Cf. Matthew 7:6. The restoration at the end of the saying is tentative (šina je nouaaf enla[jte]), but it fits the context. Bentley Layton, in Nag Hammadi Codex II, 2–7, 1.86–87, notes the following additional suggestions for restoration: “or they might bring it [to naught]”; “or they might grind it [to bits].”]
Canônicos
Não deis aos cães o que é santo, nem lanceis aos porcos as vossas pérolas, para não acontecer que as calquem aos pés e, voltando-se, vos despedacem. (Mt 7,6; Pérolas a Porcos)
Não presta nem para terra, nem para adubo; lançam-no fora. Quem tem ouvidos para ouvir, ouça. (Lc 14,35)
Roberto Pla
A pérola, assim como o tesouro, o bom peixe, a pedra, a ovelha perdida, etc… é um nome evangélico para o homem pneumático, a semente divina, eterna, semeada em todo homem. Quanto ao santo, o puro, no ensinamento do evangelho, a voz interior que emana da Palavra [Logos], a unção do Espírito. Este é o alimento, pão sagrado, para que a consciência penetre no Santuário próprio e renove as brasas e perfumes do conhecimento no altar do incenso que se levanta ante o Santo dos Santos. Detrás da nuvem, do véu, está o Ser, a pérola imaculada.
As duas espécies de animais, os cachorros e os porcos, servem para designar figuradamente, tanto as paixões da alma que mascaram a contemplação da verdade, como àqueles que por ignorância não discernem o sagrado, nem reconhecem a existência da pérola em si mesmos, e em consequência, confundem, misturam, o santo com o profano e negam ou prostituem a verdade da Palavra.
Claro que esta explicação não sempre se admitiu assim, com uma visão não condicionada, senão que com uma partidismo peculiar da irreflexão humana, se designaram estas “figuras” animais aos que não participavam do mesmo conceito do sagrado, nem da mesma opinião a respeito da “pérola” desconhecida. Assim foi como os “pagãos” veterotestamentários, os não israelitas, foram qualificados de “cachorros”, indignos de comer os alimentos sagrados no Templo, e comparados com os porcos, a espécie animal cuja carne não se podia comer por estar qualificada de impura nos textos.
Em reciprocidade de injustiça, os herdeiros “manifestos” do doce Jesus, não encontraram obstáculo para qualificar de “cachorros” durante muitos séculos aos judeus não conversos ao novo signo externos do ensinamento de Cristo, e para designar o nome de “porcos” aos conversos fingidos por temor, ou não provados.
- Ainda hoje, algum bom teólogo “manifesto”, se pergunta em sua nota a Mt 7,6 Pérolas a Porcos] no logion paralelo do Evangelho de Tomé: “O texto não precisa de que gente se trata (os denominados “cachorros” e “porcos”): os judeus hostis? os pagãos?”.
Em seguida, para aprofundar na interpretação do logion, Roberto Pla examina certas noções chaves da Escritura: Sagrado, Israel, Eleitos. Finaliza com uma análise hermenêutica do Menino Jesus no Templo, da [Cura da Filha da Cananeia e da parábola da Ovelha Perdida.