Pla
Jesus disse: Há muitos que estão junto a porta, mas são os únicos (monachos), os que entrarão na câmara nupcial.
Puech
75. Jésus a dit : Il y en a beaucoup qui se tiennent près de la porte, mais ce sont les isolés mmonakhos (grec : monakhos, pl. monakhoi); voir la note à [log. 16] qui entreront dans la chambre nuptiale.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 il y en a beaucoup 3 qui se tiennent devant la porte, 4 mais ce sont les solitaires 5 qui entreront dans le lieu du mariage.
Meyer
75 Jesus said, “There are many standing at the door, but those who are alone [Or “solitary” (Coptic monakhos).] will enter the wedding chamber.” [Sayings 73-75 most likely constitute a small dialogue. Cf. the Heavenly Dialogue, in Origen Against Celsus 8.15. For saying 75, cf. Matthew 25:1–13.]
Canônicos
Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo: eu sou a porta das ovelhas. (Jo 10,7)
Assim também vós, quando virdes sucederem essas coisas, sabei que ele está próximo, mesmo às portas. (Mc 13,29)
Roberto Pla
Que a “porta” é Cristo o sabemos porque se diz muito claro no quarto evangelho: “Eu sou a porta das ovelhas”. Por esta porta que é o Filho do homem que deverão passar todas as ovelhas (almas), se querem se salvar. Isto quer dizer que todas as almas devem conhecer em si mesmas o princípio pneumático superior, que nelas mora. O trânsito da consciência psíquica para seu nascido do Alto, o espírito, se interpreta na linguagem evangélica como atravessar a “porta”, a qual não está longe mas no homem mesmo, posto que é o Ser puro de todo homem.
Por tudo isso, Marcos solicitou: Sabei que Ele está próximo, às portas”; se diz “às portas”, é porque se refere a “porta” que sempre está aberta em cada homem, embora em todos seja a mesma, Cristo, o Filho do homem, que só há um, mas parece “muitos”, pelo único fato de que como diz o logion: “são muitos os que estão junto à porta”.
Isso do “um em muitos” é o grande mistério no qual costuma perder-se muitos entendimentos, pois só com humildade e purificação de batismo pode ser aceito: Cristo interior, só há um. Quando é contemplado com “firmeza” é denominado “pedra”, a pedra angular, a rocha; mas como trânsito até a presença e vinda posterior se chama “porta”. Disto fala o Pastor de Hermas. Segundo diz, a rocha é antiga e a porta nova. O Filho de Deus foi antes da criação e daí que seja antigo (rocha); mas a consumação (de cada um), o Cristo “oculto”, se faz “manifesto” (em cada um); por isso a porta aparece sempre nova, e “muitas”, pois todos entram por ela no Reino de Deus.
Depois da consumação (synteleia), a “Torre” da Criação, vem a formar um único bloco com a rocha. Deste modo quantos creram no Senhor por meio do Filho e se revestiram de seu espírito (próprio) formarão um só espírito e um só corpo e terão uma só cor de suas vestes. Isto é sem dúvida o que queria dizer Jesus quando exclamou: “Jerusalém, Jerusalém, que matas os profetas, apedrejas os que a ti são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e não o quiseste!” (Mt 23,37)
Os filhos “reunidos” aos quais Jesus alude são as almas revestidas de espírito, quer dizer, vestidas com o traje que requer a boda sagrada (v. breve8855). Como o Espírito é um só na unidade da “Torre” formada por todos os que creram no Senhor, se se fizeram filhos de Deus, é fácil entender que estes, os Eleitos, sejam denominados únicos (monachos), pois o são em duplo sentido: porque são uma consciência “única” quando repousam na câmara nupcial como alma-pneumática; e porque o Filho do homem recebe a glória única do Pai, como Filho único.
Acerca da pedra e da porta, há que recordar o relato genesíaco do sonho de Jacó, por ser o “tipo” veterotestamentário do que agora dizemos. Ao voltar de seu sonho, ou êxtase, entende Jacó que teve a percepção primeira da “presença” de Deus, e comovido diz: “Isto não é outra coisa senão a casa de Deus e a porta do céu!”. Depois, para consolidar a permanência constante daquela “presença” (Shekinah) tomou Jacó a “pedra” angular sobre a qual havia “repousado” e a erigiu como estela para que perdurasse em sua consciências. Por último, derramou sobre a: ”pedra” a unção de azeite em ato de adoração e a chamou bet-el, a porta do céu onde Deus habita (v. Belém).
A pedra foi ungida e em verdade há identidade entre a pedra e sua unção. Por isso quando Jesus anuncia a Boa Nova em Nazaré toma como fio condutor de seu discurso o texto de Isaías: “O Espírito do Senhor (a presença, a pomba), está sobre mim, porquanto me ungiu”.
VIDE: Parábola das dez virgens