Pla
Jesus disse: os fariseus e os escribas receberam as chaves da ciência (gnosis) e as ocultaram. Não entraram e aos que queriam entrar não os deixaram. Mas vós sedes sutis (phronesis) como as serpentes e puros como as pombas. [Fariseus]
Puech
39. Jésus a dit : Les Pharisiens et les scribes ont reçu les clés de la Connaissance [« de la Connaissance », de la gnose (gr. gnosis).] (et) ils les ont cachées. Ils ne sont pas entrés et, ceux qui voulaient entrer, ils ne les ont pas laissé (entrer). Mais vous, soyez prudents comme les serpents et candides comme les colombes.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 les pharisiens et les scribes 3 ont pris les clefs de la Connaissance 4 et ils les ont cachées. 5 Non seulement, ils ne sont pas entrés, 6 mais encore ils n’ont laissé entrer ceux qui voulaient. 7 Mais vous, soyez prudents comme les serpents 8 et purs comme les colombes.
Meyer
(1) Jesus said, “The Pharisees and the scholars have taken [Or “have received.”] the keys of knowledge [Gnosis] and have hidden them. (2) They have not entered, nor have they allowed those who want to enter to do so.[Cf. Matthew 23:13 (Q); Luke 11:52 (Q); Pseudo-Clementine Recognitions 2.30.1; Abu Hamid Muhammad al-Ghazali Revival of the Religious Sciences 1.49.] (3) As for you, be as shrewd as snakes and as innocent as doves.” [Cf. Matthew 10:16]
Roberto Pla
Há uma ciência para alcançar o reino de Deus. Dita ciência exige, para que possa ser praticada com eficácia, uns conhecimentos prévios que Jesus chama “chaves” e que sem dúvida os sábios antigos “receberam”, isto é, os haviam estudado, desenvolvido e transmitido, embora seguramente não sem o sigilo que os mistérios do reino requerem.
- Ora, àquele que é poderoso para vos confirmar, segundo o meu evangelho e a pregação de Jesus Cristo, conforme a revelação do mistério guardado em silêncio desde os tempos eternos, mas agora manifesto e, por meio das Escrituras proféticas, segundo o mandamento do Deus, eterno, dado a conhecer a todas as nações para obediência da fé; ao único Deus sábio seja dada glória por Jesus Cristo para todo o sempre. Amém. (Rom 16:25-27)
Mas os legistas judeus, longe da fazer uso dessas chaves da ciência de Deus que receberam e que deviam ter mostrado “aos que queriam entrar”, as ocultaram até perdê-las.
- Isto ocorria, por exemplo, nos tempos de Jesus, com o Mistério do nascimento “em espírito”, ou regeneração, do qual Nicodemo, mestre em Israel, não tinha notícia alguma, segundo observa Jesus (vide Nascer do Alto).
Em consequência, os mestres de Israel coetâneos de Jesus, não só não sabiam entrar no reino, mas ademais, por sua ignorância nessa ciência vinham obstaculizando a entrada daqueles que embora dotados e dispostos, mas falhos de conhecimento, lutavam infrutuosamente por entrar.
Assim é que ao proclamar a Boa Nova, se vê obrigado Jesus a “inaugurar” outra vez a ciência do reino, “para dar a seu povo” — aos que o seguem, segundo o evangelho — , “conhecimento de Salvação”.
Parece evidente que as chaves da ciência de Deus foram reservadas por Jesus para aqueles discípulos que reuniu como instituição dos Doze (Mistérios), segundo diz muito explicitamente: “A vós é dado conhecer os Mistérios do Reino dos Céus”. (Mt XIII, 11; Lc VIII, 10).
Foi a Simão Pedro o primeiro discípulo a quem Jesus entregou (descobriu, manifestou) as chaves do Reino. Segundo relata o Evangelho, isto ocorreu naquela ocasião na qual o discípulo o identificou como “o Cristo, o Filho de Deus vivo” (Mt 16,6). Foi esta uma grande demonstração do desenvolvimento espiritual experimentado por Simão Pedro e Cristo viu, nessa identificação, que a alma de Simão se colocava já justamente diante da porta da bem-aventurança, aquela porta por onde penetram no Reino todos aqueles que se colocam como candidatos a receber o “sinal de Jonas”.
- Mas ele lhes respondeu: Uma geração má e adúltera pede um sinal; e nenhum sinal se lhe dará, senão o do profeta Jonas; pois, como Jonas esteve três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim estará o Filho do homem três dias e três noites no seio da terra. (Mt 12:39-40; Sinal de Jonas)
- Como similitude do Filho do homem, esteve Jonas enclausurado e logo saiu (ressuscitou). O ato essencial para que tal coisa ocorra é que o Filho do homem (oculto) deve ser “des-coberto”, como o fez Pedro.
Jesus explica então que tal revelação não a traz “a carne, nem o sangue”, senão o Pai, o que equivale a dizer que por suas limitações a carne (o corpo) e o sangue (a alma), não são aptos para alcançar a intuição do Filho do homem, seja em sua vertente oculta, ou manifesta.
- A carne, porém, com sua vida (nefes = alma), isto é, com seu sangue, não comereis. (Gen 9:4). Na linguagem testamentária, dizer sangue, é em muitas ocasiões, igual a dizer alma (nefes).
A revelação que dá atitude à consciência para receber a luz primeira da identidade do Filho do homem, só pode vir do Pai, e vem, com efeito, quando a alma se fez tão sutil e tão pura, tão limpa, que a Palavra de Deus desce “naturalmente” através de suas diversas capas até a consciência, a qual chega como uma centelha de conhecimento.
- Todas as coisas me foram entregues por meu Pai; e ninguém conhece plenamente o Filho, senão o Pai; e ninguém conhece plenamente o Pai, senão o Filho, e aquele a quem o Filho o quiser revelar. (Mt 11:27; vide Reino dos Pequeninos)
Depois de sua revelação, Simão Pedro constitui-se em “pequenino”, evangélico, isto é, em “recém nascido do alto”.
- Vide o sentido evangélico de pequenino, da Pedra Angular, da Escada de Jacó, da prudência, da simplicidade, da pureza.