Pla
Jesus disse: o que escutais em vosso ouvido e no outro ouvido, proclamai-o sobre vossos tetos. Ninguém, com efeito, acende uma lâmpada para pô-la sob a cama, nem a põe em um lugar escondido; mas ao contrário a põe sobre o lampadário, para que quem entre e saia veja sua luz.
Puech
33. Jésus a dit : Ce que tu entendras dans ton oreille (et) dans l’autre oreille, proclame(z)-le3 sur vos toits. Personne, en effet, n’allume une lampe pour la mettre sous le boisseau ni ne la met dans un endroit caché; mais on la met sur le lampadaire, afin que quiconque entre et sort voie sa lumière.
Suarez
1 Jésus a dit : 2 ce que tu entendras d’une oreille, 3 de l’autre oreille 4 proclame-le sur vos toits. 5 Car personne n’allume une lampe 6 et ne la met sous un boisseau 7 ni ne la met dans un endroit caché, 8 mais il la met sur un lampadaire 9 afin que tous ceux qui vont et viennent 10 voient sa lumière.
Meyer
(1) Jesus said, “What you will hear in your ear, in the other ear66 proclaim from your rooftops. (2) For no one lights a lamp and puts it under a basket, nor does one put it in a hidden place. (3) Rather, one puts it on a stand so that all who come and go will see its light.” Cf. Matthew 5:15 (Q); Luke 11:33 (Q); Mark 4:21; Luke 8:16; v. []
Roberto Pla
“Em teu ouvido e no outro ouvido” é uma maneira de explicar que há distintos graus de ouvir e entender o que se ouve, e que para chegar a compreender o sentido “oculto” de um logion de Jesus há que ouvir não somente com o “ouvido” físico, mas também com o ouvido próprio do entendimento, mais sutil e interior que o primeiro. É seguro, com efeito, que estes “ditos” há que ouvi-los ao menos sete vezes ou, melhor ainda, “setenta e sete vezes”, se é que se quer perceber o sentido superior do que querem dizer. Há que se chegar ao nível extremo de percepção sutil, coisa nada fácil, ao nível justo do mais elevado de nós mesmos, ao qual o logion chama “vossos tetos”; na passagem sinótica do evangelho canônico, se lê “os telhados”.
Esta mesma multiplicidade de níveis de entendimento se dá com o exemplo da luz da lâmpada que segundo diz, deve ser exposta. A lâmpada é, desde certo ponto de vista, no subjetivo, o “homem velho”, isto é, os recobrimentos do Ser, com os quais acostumamos, erroneamente, a viver identificados, e a luz é “o espírito que dá vida”, o “nós mesmos”, desnudo, puro, esse grande desconhecido para nossa consciência psíquica. Daí porque quando Jesus diz “vós sois a luz do mundo”, o primeiro passo de compreensão é entender só o sentido metafórico, segundo o qual, o “dito” quer dizer que estamos dotados para transmitir aos demais, com nosso exemplo se é bom, umas parcelas de comportamento moral e de conhecimento. Mas há outro sentido real, “oculto” para muitos e que só pode ser descoberto pouco a pouco, em estratos sucessivos de aprofundamento, no último dos quais a luz se revela como a essência de cada homem, a Palavra, “a luz verdadeira que ilumina a todo homem que vem a este mundo” (Jo 1,9).
A este entendimento sutil, ao qual só se chega graças a uma assídua reflexão, é ao que o logion chama “ouvir com um ouvido” primeiro e logo “com o outro”; o que se ouve ao final tem que ser tão elevado que possa proclamar-se de cima de nossos “telhados”, além dos limites de entendimento. O resultado de tal trabalho é, em verdade, o produto de uma espécie de transcrição incessante “até o espírito”. A qualidade espiritual explicado nos textos evangélicos exige não cessar nesta mutação até o espírito, se é que queremos entendê-los verdadeiramente.
Jesus aponta a necessidade de cumprir esta ação mutante quando explica: “O que os digo na obscuridade, dizei-o vós à luz” (Mt 10,37). Em verdade, a obscuridade de Jesus nunca são trevas senão penumbra, porque consiste em algo cheio de orifícios pela qual sempre penetra a luz. Graças a isso, quem ama o conhecimento até o ponto de pôr na escuta todos os seus “ouvidos”, externos ou internos, fica capacitado para trasladar o “signo” metafórico que inicialmente percebe, até o “telhado” de si mesmo, desde de onde é factível proclamar a todos os que “entram e saem”, qual companheiros de viagem neste árduo caminho, a realidade superior do espírito, até que vejam sua luz.
Suarez
Mt 10.27 // Lc 12.3 Mt 5.15-16 // Lc 11-33 Mc 4.21 // Lc 8.16
Ce logion offre un exemple typique de la manière dont Mt, Mc et Lc ont éparpillé le texte de Ts selon les nécessités de l’apologétique.
v. 1-4. Mt 10.27 // Lc 12.3 viennent après un verset correspondant à la conclusion des log. 5 et 6 : il n’y a rien de caché…
v. 3-6. Mt 5.15-16 est normalement à sa place puisqu’il est situé après un verset correspondant au log. 32.
Lc 11.33 vient après un passage sur le jugement dernier où les gens de Ninive et la reine du Midi doivent se dresser comme accusateurs.
Mc 4.21 // Lc 8.16 viennent après « l’explication » de la parabole du semeur (cf. log. 9), tout étant supposé s’éclairer lorsque Jésus donne l’explication de la parabole…
D’après les données de l’archéologie le « boisseau » était un petit meuble, une espèce de baquet de forme tronconique dont le fond était porté par trois ou quatre pieds (Dupont-Sommer). En fait c’est le jeu de mots avec oreille qui a déterminé le choix de ce terme (cf. lexique 212b et 213a).