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Jesus disse: Nenhum profeta é recebido em seu povo, um médico não cura aos que o conhecem.
JESUS HA DICHO: NINGUN PROFETA ES RECIBIDO EN SU PUEBLO, UN MEDICO NO CURA A LOS QUE LE CONOCEN [Son sinópticos: Mt 13, 57; Mc 6, 4; Lc 4, 24 Oxyr. 1, VI; Profeta em casa].
Puech
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Roberto Pla
Jesus nunca se auto-designou como profeta, nem aceitou tal denominação para si mesmo, e isto, porque o Filho do Homem é muito mais que um profeta. Isto o disse com muita clareza a seus discípulos quando os chamou ditosos, porque muitos profetas e justos quiseram ver e ouvir o que eles ouviam e viam, o Filho do homem, e não viram nem ouviram (Lc 10:23-24; Mt 13:16-17; 1Pe 1:10-12
A obra que corresponde cumprir a um profeta é de anunciar coisas futuras e chamar e despertar as consciências como intérprete e mensageiro de um oráculo divino de juízo ou de salvação. Assim explica Isaías (6,8) quando escreve: “Depois disto ouvi a voz do Senhor, que dizia: A quem enviarei, e quem irá por nós? Então disse eu: Eis-me aqui, envia-me a mim.”
Isaías interpretou a mensagem e a transmitiu, com efeito, ao povo de “coração embotado”. Consistia o mandato divino em abrandar cada um dos ouvidos, abrir os olhos e converter o coração para ser curados. Esta foi a obra do profeta, ser mensageiro, e se Jesus leva o oráculo ao evangelho é para confirmar ante todos ali que em seus discípulos — uma vez posto seu coração convertido ao Filho do homem — se havia cumprido a profecia: eram ditosos seus olhos e seus ouvidos, pois já eram conhecedores dos mistérios do Reino tal como Jesus o havia explicado em parábolas: “A quem tem (a quem se converteu ao Filho do homem e o encontrou em si mesmo), se o dará e o sobrará; mas a quem não tem (a quem não fez frutificar o semeado em seu coração) ainda o que tem (a semente da Verbo – Palavra semeada nele) se o tirará” (vide Evangelho de Tomé – Logion 41).
Esclarecida esta diferença radical entre Jesus (o Filho divino oculto no coração de todo homem) e qualquer dos profetas, não resulta muito difícil entender o logion. Do lado manifesto não é rigorosamente fato que os profetas sejam mal recebidos em suas comunidades, o que pode ser confirmado desde os tempos de Samuel, “profeta do Senhor que fundou a realeza”, até os anos de sacerdócio de Zacarias, muitos profetas foram bem acolhidos e escutados pelos seus.
O que explica, portanto, Jesus por meio deste provérbio é que a um profeta compete em sua função de intérprete escutar a voz de Deus e traduzi-la ao povo, mas não corresponde ser “recebido”, quer dizer, “reconhecido” e posto para frutificação no coração de seu povo (“este povo”, é a locução empregada pelo Senhor em sua mensagem a Isaías), quando é estimado, honrado, em sua pátria espiritual interior. Em tal caso, o Filho do homem é realmente, um “médico que cura aos que o conhecem”, aos que o reconheceram em si mesmos.
O evangelista Lucas, depois de mascarar esta passagem do provérbio ao enquadrá-lo na trama diferente do episódio da predicação de Jesus em Nazaré, abre a porta ao sentido oculto do logion quando explica: “Ele (Jesus enquanto Filho do homem lhes disse: seguramente me vais dizer o refrão: médico, cura-te a ti mesmo”. Com efeito, já não se trata do ato profético de predicar, “como sucedeu em Cafarnaum”, senão de realizar a obra de salvação (cura), no coração do homem, desde de dentro dele, em sua pátria verdadeira.
Não é a um médico profeta a quem corresponde curar aos que o conhecem, senão que é o Filho do Homem quem cura a todos os que o conheceram (vide Philokalia-Therapeutes).