Evangelho de Tomé – Logion 105

Pla

Jesus disse: O que conheça a seu pai e a sua mãe será chamado filho de prostituta.

Puech

Suarez

Meyer

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Roberto Pla

Segundo a tradição semita o homem é filho de suas próprias obras e inclinações e nelas fica inscrito como partícipe com título de pleno direito. Por isso a designação de filiação, tão comum nas Escrituras, vem não só como reconhecimento de uma procedência, mas também, de um destino final e definitivo.

A filiação é, com rigor, a forma abreviada de refletir uma situação ou realidade que em outro caso exigiria uma explicação mais extensa e mais difícil de expressar. Daí a conveniência e a dificuldade de desenvolver uma exegese dos motivos de cada designação de filiação, pois esta encerra em si mesma um esclarecimento de importância.

Um exemplo concreto do mecanismo destas adscrições de filiação (mesmo não registrada pela exegese manifesta), encontramos nos títulos que nesta ordem aplica Jesus a seu discípulo Simão Pedro. Quando o futuro apóstolo vai em busca do Messias, Jesus lhe dá o título de filho de João, com o que menciona implicitamente, não o nome de seu pai carnal, coisa carente de interesse evangélico, mas sua procedência do batismo em água de purificação dado por João Batista, o qual é estimado por Jesus como pai, nesse momento, da vida religiosa de Simão Pedro.

E o levou a Jesus. Jesus, fixando nele o olhar, disse: Tu és Simão, filho de João, tu serás chamado Cefas (que quer dizer Pedro). (Jo 1,42)

Mais tarde, quando o apóstolo descobre, por revelação interior, ao ungido, ao Cristo, em seu verdadeiro sentido de Filho de Deus vivo, Jesus o adscreve a sua recém chegada bem-aventurança de ser filho de Jonas, isto é, de ser espírito pronto a receber o sinal de Jonas, enquanto candidato fervoroso ao terceiro dia, ao dia de sua ressurreição, para alcançar a contemplação da Vinda do Filho do homem.

Disse-lhe Jesus: Bem-aventurado és tu, Simão Barjonas (filho de Jonas), porque não foi carne e sangue que to revelou, mas meu Pai, que está nos céus. (Mt 16,17)

Por último, quando Jesus o Vivente aparece a seus discípulos às margens do Tiberíades, chama a Simão Pedro por três vezes seguidas em signo de confirmação do que vai a dizer, e o denomina Simão de João, com o que indica não apenas uma filiação mas uma dependência desta filiação. Alude Jesus com clareza à procedência do batismo de João, em aviso do próximo destino do apóstolo ao batismo de cruz com o qual haveria de glorificar a Deus.

Depois de terem comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: Simão Pedro: Simão, filho de João, amas-me mais do que estes? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Apascenta os meus cordeirinhos. Tornou a perguntar-lhe: Simão, filho de João, amas-me? Respondeu-lhe: Sim, Senhor; tu sabes que te amo. Disse-lhe: Pastoreia as minhas ovelhas. Perguntou-lhe terceira vez: Simão, filho de João, amas-me? Entristeceu-se Pedro por lhe ter perguntado pela terceira vez: Amas-me? E respondeu-lhe: Senhor, tu sabes todas as coisas; tu sabes que te amo. Disse-lhe Jesus: Apascenta as minhas ovelhas. (Jo 21,15-17)

Dentre as filiações a serem estudadas a mais importante é a de filho de Deus. Segundo as escrituras, o Caminho do homem culmina no ato superior e decisivo de se fazer “filho de Deus. É este um Caminho que está aberto para todos os homens, e a clarificação de suas sendas em ordem a facilitar sua consumação é o fundamento da difícil obra de Jesus e a essência da Boa Nova [Parábolas].

VIDE: Filho de Deus; Adoção; Sinal de Abraão

Leloup

Gillabert

Puech